Imagem acima: Min Tanaka, London Fog
Em proposta experimental o departamento curatorial de performance da Tate Modern, liderado por Catherine Wood e Judith Butler, explorou os limites de uma exposição em “Ten Days Six Nights” (“dez dias seis noites” em tradução livre). A proposta foi de juntar performance, dança, vídeo e filmes nos espaços expositivos criados na fundação do recém-aberto prédio do museu.
A exposição apresentou de nomes consagrados da arte contemporânea como Wu Tsang & Fred Moten, o coletivo indiano CAMP, o dançarino Min Tanaka, Phill Niblock e Fujiko Nakaya a nomes que estão revelando na cena europeia nos últimos anos como Isabel Lewis, Ligia Lewis, Paul Maheke, Daichi Saito entre outros. Com uma separação clara entre dois momentos, o publico acessava a exposição gratuitamente durante o dia e podia experienciar os trabalhos do coletivo CAMP, Wu Tsang & Fred Moten e Isabel Lewis. Porém, durante a noite havia a necessidade de comprar um ingresso para assistir à trabalhos com duração pré-determinada. O resultado foi uma mistura do formato expositivo com um festival de artes performáticas/imagem em movimento.
Três trabalhos se destacaram por explorarem de formas singulares esta nova dinâmica e trazerem a tona discussões políticas relevantes para o cenário atual. Isabel Lewis misturou palestras, dança e participação dos visitantes na sua “Ocasião”, como intitula seus trabalhos. O público era confrontado com um jardim monumental montado no foyer e no East Tank que foi habitado por movimentos sutis e sensuais. A artista discute o dualismo de corpo/mente, acumulo/dispersão, gênero/singularidade de forma imersiva e rasteira.
Wu Tsang & Fred Moten apresentaram uma leitura que pontuou a atmosfera para um vídeo gravado durante a colaboração do artista queer e do teórico americanos. De sensibilidade magistral o conteúdo fez o publico de mais de 300 pessoas navegar por territórios sensíveis para questionar pontos de vista e comunicação no período tão turbulento que vivemos atualmente.
Ligia Lewis apresentou junto à dois outros bailarinos “minor matter”. O espetáculo que se utiliza satiricamente da caixa preta e explora com muito vitalismo a presença do corpo no espaço. Com referencias históricas da dança ela constrói e desconstrói políticas de identidade inscritas no corpo no contemporâneo, em especial o corpo negro, e os limites de ação destes em movimento. O resultado demonstra uma simulação de um espaço pós-racial onde vitalidade e mistura são o novo paradigma da vida.
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