Durval Pereira, conhecido por suas representações de marinhas, casarios de cidades coloniais e paisagens do Brasil, foi um artista impressionista que deixou uma vasta obra, mesmo em uma época dominada pelo modernismo e abstracionismo. Nascido em 1918 e falecido em 1984, ele manteve uma produção intensa, chegando a pintar de três a quatro telas por dia.
Viajante ávido, Pereira se inspirava nos cenários brasileiros para dar vida a seus quadros. O artista percorria cidades das mais diversas regiões do país na direção de um Ford Landau, sempre em busca de inspiração para suas telas.
Seja qual fosse o destino, Durval sempre voltava com centenas de fotos, a ponto de ter percebido a necessidade de aprender a revelar os filmes, tendo montado posteriormente um estúdio de revelação em sua própria casa. Esses registros fotográficos eram utilizados como referências para suas pinturas, com uma total licença criativa na concepção das paisagens, com a inserção e exclusão de elementos, distorção de perspectivas e alterações significativas no próprio objeto a ser pintado.
A expedição por seu universo começa nos tons de ocre, do amarelo esmaecido ao laranja intenso, pincelados em quadros de casarios de cidades coloniais mineiras e do Sul e Nordeste do país. A partir da década de 1970, o artista insere nesta temática um novo cenário: a Favela do Buraco Quente, então próxima à sua casa, no bairro do Planalto Paulista. As pinturas desta fase trazem um misto de cores inusitado, retratando a vida simples e a estrutura frágil de um cenário tipicamente brasileiro.
Partindo rumo ao interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais, Pereira se deparava com as mais diversas paisagens e personagens rurais. As telas criadas em meio a essas viagens trazem matizes de verde em cenas de montanhas e casebres avistados por seus percursos. As cenas são povoadas por figuras típicas da zona rural, entre lavradores com feixes de lenha, lavadeiras à beira de rios, tropeiros e boiadeiros. Mais ao noroeste do país, obras inspiradas nas grandes planícies e campos abertos do Mato Grosso.
Outro tema frequente na pintura de Durval Pereira foi o litoral brasileiro, eternizado por paisagens nas quais predominavam variações da cor azul – resultado de um intenso trabalho de pesquisa em torno das técnicas de mesclagem de tonalidades. Suas marinhas se tornaram inconfundíveis pela sensação de movimento proporcionada pela intensidade cromática de suas pinceladas.
Os cenários mais comuns eram os de cidades como Santos e Itanhaém, na qual o artista costumava passar finais de semana. Existiam, também, obras pintadas na catarinense Itapema, além de praias fluminenses e nordestinas – em especial, as compostas por jangadas e puxadas de rede. Do exterior, predominavam as vistas de Cascais, em Portugal.
Durval Pereira tinha interesse especial por naufrágios. Logo, não era raro que embarcações ancoradas no porto e na beira da praia fossem recriadas como encalhadas ou navios abandonados. Nesses quadros, as cenas solares davam lugar ao entardecer de dias cinzentos e de mares agitados.
As naturezas-mortas de tons vibrantes também têm destaque na produção do artista. Generosas talhadas de abóbora, verduras, frutas, peixes e tachos de cobres, bem como exuberantes arranjos florais eternizados por Pereira entre pinceladas, ora intensas, ora suaves. Geralmente montadas em sua casa, com objetos encontrados ali mesmo, as cenas trazem vasos que se repetem e arranjos de flores reorganizados.
Por fim, alguns poucos e raros exemplares da arte abstrata, experiências ímpares de Durval Pereira, produzidos a partir da década de 1970, já no final de sua carreira. As telas explicitam uma intenção tardia pela modernidade, na fuga de seu estilo e à paleta de cores originais. Ainda assim, nota-se forte presença de seus temas típicos, com elementos claros de casarios, marinhas, naturezas-mortas.
O artista paulistano Durval Pereira foi um dos mais importantes impressionistas e paisagistas do país. Em 1983, conquistou o primeiro prêmio da III Biennale Mondiale des Métiers D’Art, em Nice, na França e foi presença constante nos melhores Salões de Arte do mundo.
Muitas de suas telas integram hoje acervos de instituições da Alemanha, Itália, Espanha, Suécia, África do Sul e de países da América Latina. No Museu dos Independentes, na França, está ao lado dos mais consagrados nomes da História da Arte como Manet, Gauguin, Toulousse-Lautrec, Matisse, Van Gogh, Cézanne e Degas.
No Brasil, participou de inúmeras exposições e sua obra integra importantes coleções de edifícios públicos brasileiros, como o Palácio da Alvorada e do Itamaraty, além de acervos particulares.
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