Já passamos da 3º edição do Prêmio Arte|Ref de Arte Contemporânea, e desta vez o trabalho escolhido foi realizado por uma dupla! A intervenção “Paisagem: Tempo em suspensão” foi a selecionada da vez, e aqui no Artista da Semana, o coletivo conta um pouco sobre sua trajetória, seus projetos e como se projetam no cenário de arte contemporânea.
FELIPE GÓES
O artista Felipe Góes é formado em arquitetura. Cursou Historia da Arte com o Prof. Rodrigo Naves e participou de cursos sob a orientação dos artistas Paulo Pasta e Marcia Cymbalista. Participa de salões e exposições coletivas desde 2009 e realizou exposições individuais na Galeria Loly Demercian (São Paulo, 2010); na Usina do Gasômetro (Porto Alegre, 2012); no Museu de Arte de Goiânia (Goiânia, 2012) e na Galeria Transversal (São Paulo, 2013).
Em 2013 apresenta a intervenção “Paisagem: tempo em suspensão” no Arte Praia 2013, com Realização Casa da Ribeira e patrocínio Funarte – Natal, RN
MARCELO MAFFEI
O artista Marcelo Maffei possui Licenciatura em Artes Visuais. Realizou diversos projetos de cenografia para grupos como “Os Satyros “ e “Cia. Contraponto de teatro” para peças no Brasil e exterior. Participou de exposições coletivas na Galeria Solange Vianna (Cotia, 2011) e na Casa da Xiclet (São Paulo, 2004). Participa de curso sob orientação do artista Sergio Fingermann.
Em 2013 apresenta a intervenção “Paisagem: tempo em suspensão” no Arte Praia 2013, com Realização Casa da Ribeira e patrocínio Funarte – Natal, RN
Felipe e Marcelo, quando e como começou a parceria da dupla?
Nós nos conhecemos desde a época do colégio. Não estudávamos na mesma escola, mas tínhamos amigos em comum. Nós dois sempre tivemos interesse por desenho e pintura. Desde sempre trocamos informações e um acompanhou o desenvolvimento do trabalho do outro.
Nosso trabalho parte inicialmente da prática de pintura. Mantemos ateliês separados e temos uma produção individual. Para este projeto apresentado na Praia do Forte, em Natal decidimos unir forças para colocar em pratica uma intervenção que aliasse esse histórico de pintura com nossa experiência em arquitetura e cenografia.
Falem um pouco sobre o trabalho apresentado no Arte Praia 2013 ?
Esse trabalho foi selecionado em um edital bem concorrido. De quase 100 inscritos foram selecionados quatro propostas. O projeto teve curadoria de Gustavo Wanderley, realização da Casa da Ribeira, Patrocínio da Funarte e apoio da Unigel e Galeria Transversal. É com muita alegria que recebemos também o prêmio do Arte Ref.
Nosso projeto consistia no posicionamento de três cubos coloridos na praia, sendo que as pessoas eram convidadas a adentrar os cubos. Dessa forma, o trabalho foi ao mesmo tempo uma intervenção visual na paisagem e também a possibilidade do publico observar o cotidiano de uma forma diferente.
Quais as maiores influências para a criação desse trabalho ?
O trabalho pode ser analisado conceitualmente sob duas chaves de interpretação. 1) a força da cor e 2) o tempo em suspensão.
O projeto faz parte de uma linhagem de trabalhos que pensam na sensibilização através da cor. Nessa linha podemos pensar em artistas como Matisse e Rothko. A produção desses artistas possui grande potencia poética através da cor, pois ao invés de uma relação de luz e sombra representada na pintura, eles trabalham a pintura como fonte de luz, lembrando o que ocorre nos vitrais de igreja, que são fonte de luz, iluminados por trás.
Outra linha de trabalho com o qual o projeto se identifica é a produção de artistas como Guignard e Morandi, cujos trabalhos possuem uma relação muito forte com a memória e com um tempo em suspensão. Parece que as coisas que eles pintam não são reais, físicas; mas produto da cultura, da interpretação.
Assim, a proposta dos cubos está em: Primeiro reconhecer a potência da cor em alterar nosso estado de espírito e num segundo momento, permitir que uma vez nesse estado de espírito (ou “tempo em suspensão”), possamos entrar em contato com a paisagem de outra forma. Podemos assim compreender a paisagem como criação cultural, como interpretação.
Indo nessa linha, podemos pensar na influência dos trabalhos do Helio Oiticica, como os penetráveis ou os ninhos, que acabam sendo mais introspectivos, mas trabalham muitas questões semelhantes, como a cor e texturas. Essas questões poderiam ser exploradas de muitas formas, não só nos cubos. A instalação de Cildo Meireles, o “Desvio para o Vermelho” trabalha algumas questões semelhantes, mas tem outros objetivos, chega a outro lugar.
Voltando à Oiticica, parece interessante pensar essas estruturas efêmeras em contraponto à arquitetura construída. Mas diferente dos penetráveis, que eram estruturas precárias, o projeto “Paisagem: tempo em suspensão” por se propor a ser também uma intervenção visual na paisagem, apresenta-se sob uma forma mais rígida e artificial. Por fim podemos afirmar que o trabalho se ativa pela relação entre vazio interno e vizinhança, pela fragilidade da sua envoltória em separar uma coisa da outra.
Como vocês definiriam a arte contemporânea?
A definição de arte contemporânea está em aberto e se caracteriza justamente pela ausência de critérios de valor e limites rígidos.
Entendemos a pintura como uma linguagem mais que atual; tão eficiente ou precária como qualquer outra mídia/suporte/situação. Entretanto essa confiança na pintura, não impede que por vezes existam momentos de crise, de embate com a dura realidade, dias em os castelos de areia se desmancham de uma hora para outra.
Nesses momentos de incerteza, é interessante pensar e realizar também as ideias e projetos que tangenciam nossa realidade enquanto pintores. No nosso caso isso se dá principalmente pelo desenho ou por trabalhos de intervenção na paisagem; que como disse anteriormente vem diretamente de nossa pratica de ateliê. Enfim, somos pintores.
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