No Martins (1987), nasceu em São Paulo – Brasil, onde vive e trabalha. É graduado em artes visuais pela Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU. Teve seus primeiros contatos com as artes visuais em 2003, através da Pixação (arte de rua paulistana) e do Graffiti. Hoje o artista é representado pela galeria Baró.
Entre os anos de 2007 e 2011, Martins frequentou os ateliês de gravura da Oswald de Andrade em São Paulo, onde teve aulas com artistas como Rosana Paulino, Kika Levy, Ulysses Bôscolo, entre outros.
Atualmente sua produção transita pelas linguagens da pintura, performance e experimentações com objetos, que se dá a partir de pesquisas sobre as relações interpessoais no cotidiano, mas principalmente sobre o convívio e os problemas enfrentados por negros e negras no cotidiano urbano, discutindo racismo, violência policial e o genocídio da população negra brasileira.
Em seus projetos recentes No Martins vem investigando o encarceramento em massa do negro(a) no Brasil, problematizando o fato deste ser o terceiro país com o maior número de presos no planeta, onde 65% dessa comunidade carcerária são negros, resquício evidente do período escravocrata brasileiro.
Em entrevista concedida ao Arteref, No Martins nos contou brevemente sobre algumas de suas obras, e de forma profunda descreve momentos vivenciados em seu cotidiano que o fez transformar a dor do preconceito em arte.
“No sistema penal brasileiro existe uma grande predileção por uma parte específica da população, nesse caso a população negra e pobre. O Brasil é o terceiro mais com a maior população carcerária no mundo e, essa majoritariamente é a mesma coisa que “Entre o martelo e a bigorna” que é a mesma coisa que “Entre a cruz e a espada” para dialogar sobre o acesso à justiça que essa população não possui.” diz o artista.
“CAMPO MINADO, discute acesso e territorialismo. A obra é composta por dois autorretratos onde me coloco em situações comuns do cotidiano urbano, o primeiro é feito em uma placa de trânsito e remete a um bloqueio do deslocamento e no ir e vir das pessoas. No segundo vemos uma cena de abordagem policial, ao lado existe um número, 13, que é a idade que tinha quando fui enquadrado a primeira vez por policiais.”
“Para negros e negras da periferia esse impasse é praxe em suas rotinas, enquanto para brancos, principalmente moradores dos Jardins onde a galeria Baró está, isso nunca acontece. A pintura parte de uma fala de um comandante da ROTA, dada para o site UOL, na qual ele assume que a abordagem da periferia é diferente da abordagem nos Jardins e diz que se ele abordar alguém nos Jardins como ele aborda pessoas na periferia ele seria grosseiro com essas de Classe média alta.” termina o artista, deixando bem claro seu descontentamento com o preconceito de classes e o racismo.
Ao terminar a análise de suas obras, No Martins nos conta sobre sua experiência ao participar da residência Angola Air, onde pode criar uma ponte entre Brasil e Angola, desenvolvendo vários projetos e pesquisas que mais tarde fariam parte de seus trabalhos.
“Recebi o convite para participar da residência Angola Air há mais ou menos um ano. Antes disso já estava projetando uma mostra individual no IPN (Instituto Pretos Novos), no Rio de Janeiro para outubro deste ano. Então resolvi fazer uma ponte entre Brasil e Angola, dois países escravizados, estuprados e roubados pelo mesmo colonizador. Lá em Angola continuei a produção da série Pretos Novos, uma série de retratos em pequeno formato, mas lá produzi retratos de angolanos e angolanas que conheci para serem exibidos no IPN.”
“Também desenvolvi uma pesquisa sobre a rota escravocrata a partir do porto de Luanda, que resultou na performance AOS QUE FORAM, AOS QUE AQUI ESTÃO E AOS QUE VIRÃO, na qual acendo três velas, medindo 1,70 m. cada, com mais de 50 quilos cada, no museu da escravatura. O trabalho é uma reflexão sobre o que foi a partida dessas pessoas escravizadas para as Américas e o quanto isso afeta a vida desses descendentes da África até os dias de hoje. Essas velas estão sendo trazidas para o Brasil e também serão mostradas no IPN junto com o vídeo da performance e os retratos”
Exposição individual
2017
Exposições coletivas
2018
2017
2016
2012
2010
Setembro
Outubro
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