Educação

Por que os bebês nas pinturas medievais parecem homens velhos e feios?

Alguma vez você já vagou por um museu de arte e se viu rindo, olhando para os rostos irritados dos bebês com cara de adulto nas pinturas medievais? E em meio a esses devaneios já se questionou por que os bebês nas pinturas medievais parecem homens velhos e feios?

Você deve pensar: “Uau, esses artistas medievais eram terríveis em pintar crianças!” Mas a realidade é que isto era proposital. Esses artistas queriam que suas pinturas apresentassem mini versões pessoas adultas.

Matthew Averett, um professor de história da arte da Universidade Creighton, editou a antologia The Early Modern Child in Art and History, para descobrir por que havia essa tendência dos bebês parecerem intencionalmente velhos durante a Idade Média e para saber o que causou a mudança durante o renascimento em direção às faces querubins cheias de gordura que reconhecemos como bebês.

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O raciocínio, como todas as coisas artísticas na Idade Média, tem a ver com Jesus. Naquela época, a Igreja encomendou a maioria dos retratos de bebês e crianças. Eles não queriam qualquer bebê com cara de velho, eles queriam o bebê Jesus (ou outras crianças bíblicas). Os artistas medievais subscreveram o conceito de homúnculo, que literalmente significa “homem pequeno”, ou a crença de que Jesus nasceu “perfeitamente formado e inalterado”, disse Averett.

Este bebê homúnculo e adulto, Jesus, tornou-se o padrão para todas as crianças nas pinturas da Idade Média, porque os artistas na época tinham, segundo Averett, uma “falta de interesse pelo naturalismo, e eles se voltaram mais para as convenções expressionistas.”

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Durante o Renascimento, no entanto, a arte não religiosa floresceu, e os patronos ricos queriam retratos de seus queridos filhos que eram bonitos e não se encaixavam no estilo Benjamin Button. Adicionando uma maior atenção ao realismo, os bebês começaram a se afastar do estilo homuncular hiper-estilizado.


Além da matéria oferecida, separamos também um video para vocês descartarem de vez todas as dúvidas sobre a forma que retratavam os bebês nas pinturas medievais.


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Paulo Varella

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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  • O autor Philippe Ariés faz a correlação desta forma de retratação das crianças nas artes com o modo como eram vistas na sociedade medieval, quando ainda não havia "surgido" a infância. Crianças eram consideradas pequenos adultos desengonçados, a taxa de mortalidade era super alta e o sentimento de cuidado e amor materno/familiar era muito longe do que conhecemos hoje. Ele aponta que a partir da nova concepção de cuidado e atenção às necessidades das crianças, a expressão artística também se modificou e deu lugar às representações fofas e angelicais.

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