Cine na Galeria Milan

Por Paulo Varella - fevereiro 1, 2018
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A Galeria Millan apresenta a exposição Cine, de Arnaldo Pappalardo, que propõe uma reflexão sobre a ideia de movimento. O premiado fotógrafo adentra as dimensões etimológicas da palavra “cine” — cujo significado em grego é mexer, deslocar, movimentar — para conceber um conjunto de trinta obras inéditas que retratam situações fisicamente instáveis a partir de temas que vão desde a arquitetura, passando pela pintura, desenho até o cinema.

Com o intuito de buscar um novo recorte ao tema tratado, o artista optou por não apresentar “imagens em movimento”, como o próprio título da exposição sugere. Para isso, Pappalardo recorre a diversos suportes: grandes livros impressos em tecido, longas peças de resina epóxi com imagens encapsuladas, chapas de vidro fotográficas realizadas em “dusting on”, fotogramas em “goma bicromatada” — esses últimos envolvendo processos fotográficos do século XIX — bem como impressões jato de tinta sobre papel algodão, resultando num conjunto caleidoscópico.

As peças se apresentam como pequenos enigmas cujas tramas mostram-se ocultas à espera de serem desveladas pelo observador, tanto de forma visual como manual, no caso de alguns polípticos articuláveis e dos livros. Em um plano poético, Pappalardo busca interpelar os movimentos que se desenrolam no pensamento, com base na afecção entre o olhar e as imagens. Para ele, esse processo tanto poderá se consolidar de forma individual “a partir das partes soltas, imersas em um universo aparentemente caótico, quanto conectadas umas às outras, caso o observador deseje ativar um jogo pessoal com elas”, ele define.

Por ocasião da exposição, o filósofo, ensaísta e professor húngaro radicado no Brasil Peter Pál Pelbart (Budapeste, 1956) fará uma palestra cujo objetivo é menos uma análise crítica da mostra do que a inserção de alguns conceitos relacionados ao tema daquela a partir da perspectiva filosófica. Será dia 22 de fevereiro, quinta-feira, às 19h.

Arnaldo Pappalardo

1954, São Paulo. Formou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e realizou acompanhamento fotográfico com Claudia Andujar (1975) e de desenho com Carlos Fajardo (1977 a 1979). Recebeu importantes prêmios como o The Royal Photographic Society Photobook Award, RM Photobook Award, Reino Unido (2016); Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea, Brasil (2011); Prêmio Fotografia Aplicada – Funarte, Brasil (1997); Leopold Godowsky, Jr. Color Photography Awards, EUA (1991). Mostras individuais em espaços incluem Museu da Casa Brasileira, São Paulo, SP (2013); Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2008); Galeria Millan, São Paulo, SP (1994); mostra itinerante organizada pela Funarte (Salvador, BA; Aracaju, SE; João Pessoa, PB; Campina Grande, PB; Recife, PE; Maceió, AL; Fortaleza, CE; Teresina, PI; São Luis, MA), 1986; Masp, São Paulo, SP (1984) e Fotogaleria Fotóptica, São Paulo, SP (1982). Também participou de diversas exposições coletivas dentre as quais Ver do Meio, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2015); Veracidade, Mam, São Paulo, SP (2006); Novas aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateaubriand, Mam, Rio de Janeiro, RJ (2003); Coleção Pirelli de fotografia, Masp, São Paulo, SP (2002); Labirinto e identidades, Centro Português de Fotografia, Lisboa, Portugal e Bienal Internacional de Fotografia, Curitiba, PR (2000); Brasilianische Fotografie 1946-1998, Kunstmuseum Wolfsburg, Wolfsburg, Alemanha (1998); Arte/cidade, São Paulo, SP (1997); Interiores, Mam, Rio de Janeiro, RJ (1996); Reencontres internationales de la photographie, Arles, França (1980 e 1991); Brasil projects , MoMA PS1, Nova York, EUA e Esposizione internazionale della Triennale di Milano, Física Galeria Sotterranea, Milão, Itália (1988); Mois de La Photo, Paris, França (1986); 1ª Bienal de La Habana, Havana, Cuba (1984); entre outras.

 

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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