Cinema do IMS Rio apresenta seleção de filmes do festival alemão Doku.Arts
O cinema do IMS Rio exibe, entre os dias 27 e 30 de julho, uma seleção de filmes em parceria com o festival alemão Doku.Arts (www.doku-arts.de), dirigido por Andreas Lewin. Nesta terceira edição do evento no IMS, são apresentados sete filmes selecionados por Lewin (alguns deles inéditos no país), que têm em comum um caráter ensaístico, e que fizeram parte da seleção do último festival na Alemanha, em 2016.
Esta seleção apresentada no IMS é composta por alguns filmes sobre artistas e intelectuais proeminentes. Paul Sharits, de François Miron, é o primeiro longa-metragem sobre este artista, pioneiro do cinema estrutural, movimento cinematográfico que explorou as dimensões formais e as propriedades físicas do filme em película. Deus ausente, de Yoram Ron, apresenta a noção desenvolvida pelo filósofo Emmanuel Levinas de “ética enquanto óptica”. O filme Inocência das memórias, de Grant Gee, oscila entre o documentário e a ficção e é baseado no livro de Orhan Pamuk, vencedor do Nobel de Literatura em 2006. Ella Maillart, de Mariann Lewinsky Sträuli e Antonio Bigini, se passa em 1939 e acompanha a viagem da fotógrafa Ella Maillart e da escritora Annemarie Schwarzenbach em direção à Ásia.
No discurso de abertura do festival, em 2016, o diretor e fundador do Doku.Arts, Andreas Lewin, explica: “Como vocês podem ver pelo programa, filmes ensaísticos podem ser bastante variados. No entanto, todos eles têm em comum uma certa insatisfação diante das imagens enquanto resposta ou pontos finais. Pelo contrário, as imagens são entendidas como gestos que apontam em direção a uma essência ao mesmo tempo que divergem dela e, portanto, cada imagem termina com um ponto de interrogação. Mas insatisfação talvez não seja a palavra correta aqui – o ensaio, especialmente em sua forma cinematográfica, não tem nada de agonizante, nada de inibidor; pelo contrário, possui um caráter de busca, brincalhão, e talvez possua o desejo de um olhar particular: o olhar de alguém que busca por caminhos, por pistas.”
Programação
27 de julho | quinta-feira
16h – Notas sobre a cegueira
18h – Inocência das memórias
20h – Paul Sharits
28 de julho | sexta-feira
16h – A toca do lobo
19h – Ella Maillart – Dupla jornada
20h – Deus ausente
29 de julho | sábado
14h30 – A Grande Muralha
16h – Paul Sharits
18h – Notas sobre a cegueira
20h – Inocência das memórias
30 de julho | domingo
14h30 – Deus ausente
16h – A Grande Muralha
18h – A toca do lobo
20h – Ella Maillart – Dupla jornada
Sinopses
Notas sobre a cegueira (Notes on Blindness), de Peter Middleton e James Spinney
(Reino Unido, França, 2016. 87′. Exibição em DCP)
14 anos
Na adolescência, o teólogo John Hull (1935) apresenta os primeiros sinais de catarata. Para ele, a experiência de se tornar cego significa uma gradual redução de imaginação visual e memória, até a perda total da visão em 1983. “Cegueira profunda” é o nome que ele dá a esta condição, na qual a própria ideia de enxergar vai gradualmente se dissolvendo. É o consequente isolamento social que força Hull a se engajar na transformação dramática em que se encontra. Com um gravador, ele começa a fazer um diário falado que resulta na publicação de seu livro Touching the Rock: An Experience of Blindness [Tocando a pedra: uma experiência de cegueira, em tradução livre], publicado em 1990 e que foi descrito por Oliver Sacks como “uma obra-prima, o mais preciso, profundo e belo relato da cegueira que eu já li”.
Ella Maillart – Dupla jornada (Ella Maillart – Double Journey), de Mariann Lewinsky Sträuli e Antonio Bigini
(Suíça, Itália, 2015. 40′. Exibição em DCP)
14 anos
Verão de 1939. A fotógrafa Ella Maillart e a escritora Annemarie Schwarzenbach deixam a Europa em direção à Ásia. Na descrição do crítico italiano Duccio Ricciardelli, o filme é “uma história de uma amizade especial, uma fuga da Europa, da Genebra de 1939, que já apresentavam os primeiros sinais do que se tornaria depois o pesadelo nazista. Essas duas mulheres intelectuais e rebeldes se atiram em uma aventura. Uma busca pelo exótico, pelo desconhecido, pelo distante. Tudo que pode distanciar o Oriente do Ocidente será difícil, tão forte é o espectro do Mal iminente.”
A toca do lobo, de Catarina Mourão
(Portugal, 2015. 102′. Exibição em DCP)
14 anos
O filme aborda a história familiar da diretora Catarina Mourão, que se interliga à história de Portugal e da ditadura salazarista, em um ensaio em que ela redescobre a vida de seu avô, o escritor português Tomaz de Azevedo. Nas palavras da diretora: “Todas as famílias guardam segredos. A minha não é exceção. Primeiro descubro um velho filme de 9,5 mm, depois redescubro os velhos álbuns de infância da minha mãe, onde as fotografias me parecem todas ilusões ópticas. Mais tarde, o meu avô, que nunca conheci, revela-se e fala comigo num estranho programa de televisão. Entre passado e presente, tento dar um sentido àquilo que vou descobrindo e aos silêncios e portas fechados que continuo a defrontar.”
Paul Sharits, de François Miron
(Canadá, 2015. 85′. Exibição em DCP)
14 anos
Figura emblemática do cinema de avant-garde dos anos 1960-1970, Paul Sharits foi um pioneiro do cinema estrutural, movimento cinematográfico que explorou as dimensões formais e as propriedades físicas do filme em película. Sharits incansavelmente persistiu na busca pela desconstrução completa dos parâmetros técnicos habituais da filmagem e da projeção em película 16 mm, através da criação de instalações visuais com múltiplas projeções, fotogramas congelados capturados a partir de superfícies de acrílico e partituras coloridas a tinta para filmes abstratos. Realizado por François Miron, este primeiro longa-metragem sobre Sharits é, por vezes, uma exploração sensível de sua obra e também o relato de uma vida conturbada, contada por cineastas, pesquisadores e membros de sua família.
Deus ausente (Absent God), de Yoram Ron
(Israel, França, Bélgica, 2014. 68′. Exibição em DCP)
14 anos
Em sua obra, o filósofo Emmanuel Levinas uniu a experiência do Holocausto, a sabedoria do Talmude e a filosofia ocidental contemporânea. O filme apresenta a noção desenvolvida por Levinas de “ética enquanto óptica”, que estabelece uma ligação entre a proibição bíblica às imagens, uma análise acerca do rosto humano e as representações visuais modernas de moralidade. Em seu primeiro documentário, Yoram Ron inclui entrevistas com Levinas, material de arquivo desde o início do século XX até os dias atuais e entrevistas com filósofos e artistas proeminentes, como Jean-Luc Marion, Luc Dardenne, Catherine Chalier, Daniel Epstein, Youssef Seddik e Hagi Kenaan.
A Grande Muralha (The Great Wall), de Tadhg O’Sullivan
(Irlanda, 2015. 74′. Exibição em DCP.)
14 anos
“A Muralha da China foi terminada no seu trecho mais setentrional. A construção avançou do sudeste e do sudoeste e ali se uniu”. Assim começa o conto “Durante a construção da Muralha da China”, de Franz Kafka. A Grande Muralha, de Tadhg O’Sullivan, começa nas militarizadas fronteiras do sudeste europeu. Tomando o texto de Kafka como narração, o filme viaja por 11 países para investigar as muitas muralhas que hoje determinam o cenário político da União Europeia. Desde as paredes literais – de concreto, arame farpado, com vigilância eletrônica –, construídas para repelir migrantes e refugiados, às paredes simbólicas, representadas pelos enormes prédios de vidro de Londres e Bruxelas.
Inocência das memórias (Innocence of Memories), de Grant Gee
(Reino Unido, Irlanda, Itália, 2015. 95′. Exibição em DCP)
14 anos
“Eu sabia que Orhan Pamuk tinha imaginado um lugar chamado Museu da Inocência e publicado em 2008 um grande romance de mesmo nome”, conta o diretor Grant Gee. “O que eu não sabia era que, dois meses depois da minha primeira visita a Istambul, em 2012, Orhan inauguraria o verdadeiro Museu da Inocência, que imediatamente se consagrou como parte do itinerário cultural da cidade.” No livro de Pamuk, vencedor do Nobel de Literatura em 2006, que também se passa em Istambul, um homem organiza um museu como lembrança de um caso de amor vivido 30 anos antes. No museu de Pamuk, são reunidos itens que os personagens do romance vestiam, viam, ouviam, imaginavam, colecionavam. Nas palavras de Grant Gee, trata-se de “um museu real que é uma ficção”. “Em Inocência das memórias” – completa o diretor –, “o trabalho foi elaborar uma forma que oscilasse entre o documentário e a ficção, um filme B noir e um melodrama de derramar lágrimas, uma sinfonia da cidade e um retrato do artista. Tudo isso no curso de uma noite fictícia em Istambul.”
Ingressos
R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia)
Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com
Disponibilidade de ingressos sujeita à lotação da sala.
O CINEMA DO IMS NÃO ABRE ÀS SEGUNDAS-FEIRAS
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