Memória e Transformação, no Centro Cultural dos Correios
A intransponível barreira entre presença e representação
No dia 8 de novembro, quarta-feira, às 19h, o artista Mário Camargo vai abrir a exposição inédita “Memória e Transformação”, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, com curadoria do crítico de arte Ruy Sampaio.
São cerca de 10 obras, entre pintura, objeto e instalação, em grandes dimensões. Esta mostra vem menos de 1 mês depois de Mário participar da Bienal de Florença (de 6 a 15 de outubro), na Itália, onde apresenta o trabalho intitulado “Arte não vista”, a partir de registros fotográficos feitos nos jardins da Villa Borghese, em Roma. Em Florença, a instalação composta por 17 fotos apresenta a ‘arte da natureza’, um verdadeiro desenho de uma escultura antiga e que, muitas vezes, o público que visita a Villa Borghese não percebe. Daí o nome da obra.
Em “Memória e Transformação”, Mário Camargo utiliza a pintura, mas de uma maneira diferente da usada em outras exposições. A pintura parece saltar da tela, deixando de ser enquadrada nos chassis, na busca da transformação em um objeto, escultura, instalação ou simplesmente deixar parte da pintura sair do retângulo. Na instalação, esta busca fica evidente.
A transformação é exercida na procura de transpor a barreira da antiga presença. Por meio das tiras, que são resultados de telas rasgadas e repintadas, uma nova representação busca a terceira dimensão ou simplesmente a saída dos chassis”, adianta o artista.
O trajeto artístico de Mário Camargo – que teve início com uma individual em 1993 – já incluiu pintura e fotografia e, agora, chega à instalação e ao objeto, mas sempre fazendo referência às primeiras técnicas. A instalação presente compõe-se a partir de segmentos de pintura monocromática, onde o azul povoa o branco com uma série de pinceladas casuais que transitam entre a Arte Gestual e a Abstração Lúdica. “No restante do conjunto, o artista pratica uma coerente apropriação de trabalhos seus anteriores, fragmentando-os em uma criativa desconstrução. Nesse último segmento, ele é particularmente feliz quando reordena os elementos de um modo mais imaginativamente ambicioso, ultrapassando a linearidade pictórica do retângulo convencional”, diz, entusiasmado, o curador.
Em “Memória e Transformação”, uma mesma obra – que expressou sua força em determinado instante – agora segue um outro caminho. Transforma-se em um novo trabalho. “Uma pode ser usada como base para outra obra. Da mesma forma que a Arte Povera italiana reutilizava e se apropriava de matérias antes descartadas. Esta desconstrução proporciona um novo olhar para o trabalho e uma nova forma de liberdade, evidencia a intenção de promover algo instigante, intrigante e poético”, afirma Mário, que cita artistas como Kurt Schwitters, Mario Merz e Lúcio Fontana como referências para a criação de seus atuais trabalhos.
“A minha busca é a arte. Se o público busca arte, estarei bem enquadrado. Se busca cor, esta cor será o azul e se busca entretenimento poderá se surpreender por algo diferente do convencional”, finaliza Mário Camargo.
Mais sobre o artista:
Mário Camargo é artista visual. Mora e trabalha no Rio de Janeiro. Recebeu prêmios como em Paris, no Intercâmbio Cultural França – Brasil, em 1999; e no “Concurso Latino Americano de Pintura”, no Chile, em 2001. Possui obras em coleções públicas e particulares. Realizou individuais e coletivas no Brasil e no exterior.
Serviço:
Exposição “Memória e Transformação”, de Mário Camargo
Curadoria de Ruy Sampaio
Abertura: 8 de novembro, quarta-feira, às 19h
Em cartaz até 7 de janeiro de 2018
Visitação: de terça-feira a domingo, das 12h às 19h
Centro Cultural Correios
Rua Visconde de Itaboraí – Centro – RJ
Informações: (21) 2253-1580
Entrada gratuita