ToTa Machina: exposição que une arte e Inteligência Artificial

Por Equipe Editorial - janeiro 13, 2020
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janeiro 25, 2020 @ 11:00 am março 25, 2020 @ 5:00 pm

E se a obra de arte pudesse ver o espectador antes mesmo que ele a visse? Essa é a proposta da exposição “ToTa Machina”, da artista visual carioca Katia Wille, que convida o visitante a criar um espelho de si mesmo nas obras, unindo Inteligência Artificial e arte.

Com abertura no dia 25 de janeiro, às 11h, no Museu de Arte Sacra de São Paulo, a mostra é composta por 15 obras, entre pinturas, esculturas e máquinas cognitivas integradas ao ambiente. A curadoria é de Bianca Boeckel.

Através da Inteligência Artificial na nuvem, as obras reagem à presença de pessoas, refletem sentimentos e interagem através de movimentos diante de estímulos visuais e faciais.

O projeto, que já passou pelo Rio de Janeiro com grande visibilidade, usa robótica e IA para análise de ambiente e sentimentos, conectando o público com as obras e proporcionando uma experiência única a cada espectador, por meio da tecnologia. Cada uma das obras traz uma experiência diferente, abrindo, assim, o debate sobre a crescente interseção entre arte e tecnologia.

“Sempre quis que as imagens saltassem da tela, que elas ganhassem o espectador. Vinha, desde 2016, fazendo este movimento com as cores contrastantes, mas quando comecei a pesquisa com os materiais reflexivos que uso nas telas vi que a incidência da luz em superfícies drapeadas era diferente e bem interessante. A partir daí, comecei o desenvolvimento das peles feitas da mistura do látex com o tecido e esta pesquisa evoluiu para esculturas de parede, ainda sem movimento. Em 2018, comecei a introduzir robótica e inteligência artificial nestas mesmas estruturas para que o movimento fosse possível”, explica Katia Wille.


Montagem desenvolvida especialmente para são paulo

Ao entrar no espaço expositivo, o visitante se depara com uma instigante mistura de materiais dispostos de modo a ocupar todo o espaço de forma fluida.

Katia Wille ocupa as vitrines com pinturas em telas feitas em tecido metálico e pequenas esculturas em tecido moldado, todas dialogando com as instalações cognitivas feitas em eco látex – material desenvolvido pela própria artista a partir da mistura de látex líquido reciclado com tecidos e outros materiais que se movem através da emoção do espectador.

As obras estão tanto suspensas pelo teto como onduladas nas paredes, desenvolvidas a partir deste material poroso, ora em forma de bolhas, ora esticado ou ondulado, destacando texturas e o brilho cobreado da superfície.

As pinturas e esculturas estão em constante diálogo. Em “ToTa Machina” – que significa “Mulher Máquina” –, as peças se retroalimentam, ou seja, a pessoa vê a pintura e isso gera uma emoção que promove o movimento das esculturas, que por sua vez geram outra emoção, uma vez que o visitante é convidado a ser espectador e em seguida passa a ser protagonista do movimento e, assim, das próprias obras.

“Investigo a relação das emoções com as nossas ações e movimentos. Narro uma história focada na vulnerabilidade das relações humanas, com corpos que se emaranham e se torcem uns com os outros. Questiono como enxergamos o outro, como nos deixamos permear nas nossas relações e como nos equilibramos na equação tão delicada do viver. Nas telas e esculturas, os corpos flutuam sem qualquer ação da gravidade e também se desfazem das suas identidades como se saíssemos de nós mesmos em direção ao outro”, analisa a artista.


Sobre a artista

Nascida no Rio de Janeiro, Katia Wille é formada em artes e design de moda pela Universidade de Amsterdã, na Holanda, e passou os últimos 10 anos morando e trabalhando entre a Europa, Ásia e Brasil.

As questões do feminino, do corpo em busca de sua essência e transformações, sempre povoaram as obras do artista, que pretende estabelecer um diálogo entre o espectador e a obra, destacando a fragilidade das relações humanas e a busca incessante do olhar do outro.

Partindo de preocupações e questões levantadas ao longo de sua carreira, a artista busca entender o movimento do interno sobre o externo, a dinâmica complexa da relação humana com o mundo. Corpos em movimento, entrelaçados, curvos ou muito esticados são constantes em seu trabalho e estabelecem uma relação com a delicada questão da busca pelo equilíbrio.

Corpos misturados perdem sua identidade para formar uma massa homogênea, semelhante às entranhas e partes internas do ser humano. Os materiais escolhidos por Katia buscam expressar conceitos como transformação, elasticidade, porosidade e fragmentação através de instalações e pinturas em material elástico e tecido metálico.

Em 2018, a artista iniciou a pesquisa sobre esculturas cognitivas e instalações com apoio tecnológico. Assim, ela começa a criar obras que se movem de acordo com as emoções dos espectadores. Isso permite, através do material utilizado, que o espectador se reflita no trabalho, e se sinta co-criador da obra de arte.

Corpo, cérebro e pele, as três camadas ou pilares da obra da artista, que busca ir além dos conceitos estabelecidos na delicada relação que a arte possibilita.


Sobre a curadora

Bianca Boeckel, proprietária e diretora da galeria que também nomeia, especializou-se em Curadoria, Art Advisory e Art Collection pela Sotheby’s em Nova York e frequentou cursos de História da Arte na NYU, no Museu Brasileiro de Escultura – MUBE e na Casa do Saber, em São Paulo.

Ao longo de 6 anos, atuou como curadora em 24 das 29 exposições que promoveu em sua galeria; e em parceria com outros curadores como Ricardo Resende, Fausto Chermont, Thomas Baccaro e Heloisa Vivanco nas outras mostras realizadas.

A partir de 2018, passa a oferecer cursos de História da Arte ministrados pelo colecionador e palestrante Fábio Faisal – iniciando seu projeto educacional voltado para a cultura e disseminação da arte em diversas vertentes.

Organiza visitas guiadas à coleções particulares, exposições em museus e debates sobre arte contemporânea. Foi responsável pela curadoria, expografia e execução do projeto idealizado por 10 artistas independentes e integrantes dos grupos de acompanhamento artístico e coletivos Hermes e VÃO – SP.

Em 2019 foi convidada pelo Museu de Arte Sacra de São Paulo para a curadoria da exposição Adagio, do artista plástico Allann Seabra, a primeira parceria realizada com sua galeria na Sala Metrô Tiradentes. 


Serviço

  • Abertura: 25 de janeiro, às 11h
  • Visitação: até 25 de março
  • Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
  • Endereço: Av. Tiradentes, 676 – Luz 
  • Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 17h
  • Ingressos: R$ 6,00 (estudantes pagam meia-entrada); sábados: gratuito.
  • Telefone: (11) 3326-3336

Veja mais sobre as exposições no Museu de Arte Sacra de São Paulo



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