Exposições e Eventos

‘A céu aberto’ expõe o universo das origens de Santídio Pereira na Galeria Estação

A Galeria Estação apresenta a exposição “A céu aberto”, de Santídio Pereira. Nascido no Piauí, em um cenário marcado pela escassez de luz artificial, o artista encontrou nos céus e estrelas a inspiração para universos reais e imaginários que atravessam sua obra. A mostra reúne dois conjuntos distintos, mas conectados pela forma de pensar e fazer arte: de um lado, xilogravuras que evocam noites estreladas, constelações, galáxias e o cosmos, apontando para a ideia de infinito; de outro, guaches e xilos que se enraízam na esfera terrena, com figurações de bromélias inseridas no ambiente concreto.

A mostra, com curadoria de José Augusto Ribeiro, reúne trabalhos realizados no mesmo período, de janeiro a junho de 2025.
O retorno à terra natal impôs a Santídio Pereira um encantamento pela sua própria história, principalmente durante a observação do céu por horas e por dias consecutivos. Essa paixão pela sua cidade de origem o faz se apropriar vigorosamente dos elementos que compõem sua trajetória artística e de vida.

“A paixão dele pelo Piauí, estado onde nasceu, manifesta-se em seus trabalhos recentes por meio de céus e estrelas. Ultimamente, ele tem passado longas temporadas por lá, encantado com o céu da sua pequena cidade, Isaías Coelho, onde a quase ausência de luzes urbanas propicia aquela explosão estelar de que somos privados nos grandes centros urbanos”, destaca Vilma Eid, ao apresentar a mostra A céu aberto. “Santídio sabe tudo sobre as estrelas: nomes, movimentos, composição, classificações (…) Agora, passou para as xilogravuras suas experiências estelares. São poemas colocados no papel!”.

Obra de Santídio Pereira. Foto: Felipe Berndt

De acordo com o artista, conforme relata o curador, a ideia para a realização das gravuras de céu surgiu na observação de pontos imprevistos, marcas produzidas por buracos abertos por cupim, pela impressão de matrizes com contornos cavados de folhas e florações de bromélias.

São imagens observadas que instigam a criatividade e norteiam as criações de Santídio Pereira desde 2021, seja por uma ou outra técnica.

Esta é a primeira vez que as xilogravuras remissivas a céus são exibidas e refletem uma trajetória de continuidade, ainda que com variações e desvios, mas em um percurso fluido por quase 10 anos.

A produção das gravuras celestes é guiada tanto pelas criações livres como pelas referenciadas em mapas astronômicos, fotografias e anotações feitas por meio de ferramentas tecnológicas guardadas no celular, que refletem a imagem observada do céu naquele determinado momento. São cenas que reproduzem regiões específicas da esfera celeste ou estudadas pelo artista, com adensamento de acontecimentos visuais, variedade de cores e tons escolhidos para a série temática, para observação próxima da obra. E cada xilogravura é autônoma e única, mas se evidencia quando o trabalho é exibido em conjunto.
Já as produções inspiradas no ambiente terreno – gravuras e guaches – com figurações de bromélias, mostram elementos individuais, no centro da tela, com no máximo duas cores, como a flutuar sobre a superfície da obra. São peças para observação à distância em que se evidenciam os contornos na superfície, linha e cor e formas e volumes.

Sobre o artista Santídio Pereira

Depois das exposições coletivas na Fondation Cartier em Paris e Milão, na China e nos EUA, e individuais em Paris, Nova York e Punta del Este, Santídio Pereira volta às origens. Após passar uma temporada no Piauí, onde nasceu, e que deixou nos anos 2000, inspirou-se no céu de Isaías Coelho, sua cidade natal, para criar obras que incluem noites estreladas, constelações, galáxias e o cosmos. No contraponto, criou uma série das tradicionais bromélias, assentadas no ambiente concreto.

Obra de Santídio Pereira. Foto: Felipe Berndt

Desde criança, Santídio Pereira (Isaías Coelho-Piauí, 1996) está ligado às artes. Xilogravador, gravurista e pintor, executa sua obra em temáticas relacionadas à fauna e à flora da Mata Atlântica e da Caatinga do Piauí, região onde passou a primeira infância; além de paisagens, personagens e objetos que remetem à memória afetiva. Mudou-se para a capital paulista em 2002. Sua primeira exposição individual foi em 2016, na galeria Estação.

Sobre a Galeria Estação

A Galeria Estação, inaugurada em 2004 por Vilma Eid e Roberto Eid Philipp, tornou-se referência ao revelar e promover a arte brasileira não-erudita, contribuindo para sua inserção no circuito contemporâneo por meio de publicações e exposições individuais e coletivas. Reconhecida pela crítica e curadoria nacional, também conquistou espaço internacional em mostras como Histoire de Voir na Fondation Cartier (França, 2012) e a Bienal Entre dois Mares (Espanha, 2007), além da individual de Veio em Veneza (2013). No Brasil, seus artistas estão presentes em importantes acervos institucionais, como a Pinacoteca de São Paulo, MASP, Museu Afro Brasil, Pavilhão das Culturas Brasileiras, Itaú Cultural, Sesc SP, MAM-Rio e MAR.

Serviço

A céu aberto – Santídio Pereira
Abertura: 14 de agosto às 18h
Período expositivo: 14/08 a 04/10
Local: Galeria Estação
Endereço: Rua Ferreira de Araújo, 625 – Pinheiros – São Paulo-SP
Horário de visitação: segunda a sexta: das 11h às 19h | sábados: das 11h às 15h
Entrada gratuita

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