Bane Huni Kuin, Yube inu, yube shanu (História do surgimento da ayahuaska), 2025. Crédito_ Estúdio Ana Dias
Para a realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas – COP30, que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro, Belém recebeu mais de R$4,5 bilhões em investimentos para a construção e a melhoria da infraestrutura da cidade. Entre os projetos recém-inaugurados, estão o Porto Futuro e a Nova Doca.
O Porto Futuro – às margens do Rio Guamá -, que reúne o Museu das Amazônias, a CAIXA Cultural Belém, o Armazém da Gastronomia, o Parque da Bioeconomia e a Nova Doca estão entre as recentes entregas do Governo do Estado de Belém. Ali, nasce um novo ponto turístico para a cidade, com equipamentos de ponta na região norte do país.
A CAIXA inaugurou, no início de outubro, a CAIXA Cultural Belém, o primeiro espaço da instituição na região norte e o oitavo equipamento no país. Localizado no Porto Futuro II, na Estação das Docas, o novo espaço conta com um teatro com capacidade para 280 pessoas, três galerias expositivas e salas para oficinas, consolidando-se como um importante centro de arte e cultura amazônica que já recebeu desde sua inauguração mais de 50 mil visitantes. Duas exposições marcaram a abertura da unidade: “Espíritos da Floresta; MAHKU” e “Paisagem em Suspensão”.
Destaque para “Espíritos da Floresta: MAHKU”, mostra com patrocínio da CAIXA Econômica Federal e do Governo Federal. Com curadoria e realização de Aline Ambrósio, a exposição exibe cerca de 30 obras inéditas do coletivo formado por sete artistas indígenas huni kuin, são eles: Acelino Sales Tuin, Bane Huni Kuin, Ibã Sales Huni Kuin, Mana Huni Kuin, Rita Kuni Kuin, Txana Tuin e Yaka Huni Kuin.
A produção do coletivo MAHKU está diretamente ligada à preservação da floresta e dos territórios indígenas. Sob o lema “vende tela, compra terra”, o coletivo direciona a venda de suas obras para a aquisição de áreas ao redor das aldeias huni kuin, assegurando a proteção da Floresta Amazônica, de seu povo e de seus saberes.
A mostra integra o circuito cultural da COP30, período em que Belém se torna o epicentro dos debates globais sobre o clima e o futuro da Terra — e, simbolicamente, a capital brasileira durante o evento. “A arte do MAHKU se insere nesse contexto como uma voz direta da floresta. Suas obras traduzem os cantos sagrados em imagem e cor, evocando equilíbrio, cura e preservação, e reafirmam a urgência de escutar os povos originários na construção de caminhos para enfrentar a crise climática”, explica a curadora Aline Ambrósio.
“A exposição Espíritos da Floresta: MAHKU tem um significado muito especial, ainda mais nesse momento em que o mundo inteiro vai olhar para Belém por causa da COP30. As nossas obras falam da floresta viva – dos cantos, dos espíritos e das presenças que habitam esse território. É fundamental que os povos indígenas sejam ouvidos nas decisões que envolvem o planeta. Não dá para falar em futuro, em clima ou em sustentabilidade sem ouvir quem vive e protege esses territórios há milhares de anos. A arte do MAHKU é um chamado à escuta, à cura e à preservação. É o espírito da floresta falando com o mundo”, pontua Ibã Huni Kuin.
Um dos destaques da exposição é o conjunto inédito de pinturas que traduzem os cantos huni meka em imagens, com ênfase nos cantos de cura. Ainda segundo a curadora: “como afirma Ibã Huni Kuin, liderança do MAHKU, a Terra, as pessoas e a floresta precisam de cura. Cada tela funciona como um portal de meditação, cura, miração e encontro, evocando rios, animais, árvores, seres encantados e medicinas tradicionais”.
Estão previstas diversas atividades socioeducativas, dentre elas rodas de conversas com a curadora e/ou artistas, oficinas, cursos e mediações culturais. As ações buscam aproximar o público da cosmovisão indígena para que as pessoas possam compreender as questões ambientais, políticas e culturais que atravessam a obra do MAHKU e a arte indígena contemporânea. Acompanhe a agenda de programação pelo Instagram oficial da mostra e da CAIXA Cultural Belém: @espiritosdaflorestamahku e @caixaculturalbelem.
O MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin é um coletivo de artistas indígenas originários da Terra Indígena Kaxinawá do Rio Jordão, no Acre. Suas obras traduzem visualmente os cantos sagrados huni meka, transformando a oralidade em pintura e estabelecendo diálogos entre mundos. O coletivo já realizou exposições em instituições como MASP, Pinacoteca de São Paulo, Fondation Cartier (Paris), além de ter participado da 60ª Bienal de Veneza, consolidando-se como uma das vozes mais potentes da arte indígena contemporânea no cenário global.
Aline Ambrósio é curadora, expógrafa, pesquisadora e produtora cultural. Indígena Tupi-Guarani e mestranda pela FAU-USP, possui sólida formação em Arquitetura, Urbanismo e Design, além de especializações em Produção de Exposições e Sustentabilidade. Com nove anos de experiência em pesquisa apoiada por instituições como USP, CAPES e CNPq, dedica-se à curadoria, expografia e à crítica de arte, com ênfase em arte contemporânea, natureza, ancestralidade e decolonialidade. É professora de pós-graduação em Museologia, Expografia e Cenografia (PUC Minas) e atua como curadora independente, com projetos realizados em instituições como Pinacoteca de São Paulo, CCBB, IMS, Museu Oscar Niemeyer, SESC-SP e Museu Nacional da República. Entre suas exposições recentes estão “Despertar à Terra” (Salão de Abril, 2025), “Kapewe Pukêní: Huni Kuin Atravessando Mundos” (Manaus, 2024), “Interespécies: Cruzando Mundos” (13ª Mostra 3M de Arte, 2024) e “Botanica Tirannica”, de Giselle Beiguelman (SESC SP, 2023).
“Espíritos da Floresta: MAHKU”
Curadoria e Realização: Aline Ambrósio
Período de visitação: até o dia 25 de janeiro de 2026
Local: Caixa Cultural Belém | Av. Mal. Hermes, S/N – Armazém 6 Porto Futuro II – Umarizal, Belém/PA
Horário de funcionamento: terça a sábado, das 11h às 22h; domingo e feriado, das 12h às 22h
Entrada gratuita
Realização: Aline Ambrósio Produção LTDA
Patrocínio: CAIXA Econômica Federal e Governo Federal
A exposição conta com recursos de acessibilidade e texto bilíngue para atender o público visitante internacional
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