Exposições e Eventos

CCBB BH abre exposição de Antonio Obá – “Finca-Pé: Estórias da terra”

CCBB BH (Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte) recebe, a partir de 25 de junho, a exposição Finca-Pé: Estórias da terra, do artista brasiliense Antonio Obá. Com entrada gratuita e em cartaz até 1º de setembro, a mostra reúne mais de 50 obras e marca a primeira exposição individual do artista na capital mineira. A exibição faz parte da itinerância nacional do projeto, que já passou pelo CCBB Rio de Janeiro e seguirá para Brasília

Com curadoria de Fabiana Lopes, “Finca-Pé” propõe um mergulho nas experimentações de Obá sobre a relação entre o corpo, o território e a permanência. “A terra pode ser o chão, pode ser Cerrado, pode ser planeta, pode ser um jardim imaginário ou um jardim interior do indivíduo. A experiência de caminhar pela exposição é a de transitar por essa multiplicidade”, ilustra a curadora.

O título remete ao gesto de fincar os pés no chão como atitude de resistência e existência. “Acredito que as obras que faço, não raro, refletem um pouco sobre esse estar no mundo e senti-lo. Não só vê-lo, mas cheirá-lo, tocá-lo, escutá-lo, e cada um desses sentidos atua como catalisador do que pode ser potencialmente estético, dentro de uma pesquisa”, comenta o artista.

Finca-pé_foto_EstudioEmObra_Cortesia do artista e Mendes Wood DM, São Paulo, Bruxelas, Paris, Nova Iorque

O conjunto de obras inclui desenhos, pinturas, instalação, cadernos do artista e o filme-performance Encantado, que convida o público a refletir sobre símbolos e rituais, principalmente ligados a práticas espirituais e religiosas. O artista se inspira na figura do peregrino, que caminha para cumprir uma promessa e transforma essa jornada em uma experiência visual e sensorial.

No percurso expositivo, a instalação “Ka’a pora” (2024) ganha destaque, composta por 24 esculturas de pés em bronze adornados com galhos que evocam a relação íntima com a terra natal do artista, o Cerrado, muito presente em toda sua produção. Também faz referência à grandiosidade cíclica das árvores, marcações temporais características da região. “Essa obra se relaciona com a resistência, mas também com a forma como o Cerrado se renova após a estiagem, voltando ao verde com a primeira chuva. Isso, para mim, é uma imagem potente da existência”, explica Antonio Obá.

Na série “Crianças de coral – nigredo/coivara” (2024–2025), composta por 12 retratos em carvão sobre tela, as imagens são construídas camada a camada, em um gesto de esculpir com o carvão em pó.

serie crianças de coral_Foto Lino Valente

A mostra também apresenta conjuntos de desenhos em técnicas variadas como grafite, giz de cera, extrato de noz, bico de pena e nanquim dourado. Os cadernos do artista revelam esboços, anotações e processos de pensamento em constante trânsito. “Enquanto estou pintando, fico pensando com a pintura, nas informações que vão sendo formadas ali, no que a imagem diz além do que se vê, quais são os intertextos que ela vai tecer. Então, se principia uma obra, mantém-se a pesquisa de imagens, referências correlacionadas e algo de criativo e inesperado se dá à consciência, mas que só vem através da labuta, da mão na massa”, comenta Obá.

A exposição conta, ainda, com a participação do artista mineiro Marcos Siqueira, nascido e residente na Serra do Cipó. Suas pinturas, realizadas com pigmentos naturais sobre madeira, são feitas com matéria extraída diretamente da terra. O solo da região se transforma em cor e suporte, e suas obras evocam cenas da infância, do cotidiano rural e da ancestralidade. Com isso, os trabalhos de Siqueira estabelecem um diálogo direto com os temas centrais de Antonio Obá, expandindo a mostra para um campo poético em que a terra é tanto matéria quanto memória.

“Finca-Pé: Estórias da terra” tem patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A realização é do Ministério da Cultura e do Centro Cultural Banco do Brasil, com produção da Magnólia Produtos e Artefatos Culturais.

Sobre os artistas

Antonio Obá investiga as relações de influência e contradições dentro da construção cultural do Brasil, tensionando memórias identitárias, raciais e políticas. Sua produção transita entre escultura, pintura, instalação, performance e desenho. Suas mostras individuais mais recentes incluem Pinacoteca de São Paulo, Centro de Arte Contemporânea de Genebra, Oude Kerk – Amsterdam, X Museum, e de coletivas no MASP, 12 Bienal de Liverpool, Bourse de Commerce – Pinault Collection, MAM RJ, Zeitz MOCAA e Museu Nacional da República.

Antônio Obá – foto Diego Bresani

Marcos Siqueira nasceu em Betim (MG), em 1989, e vive na Serra do Cipó. Sua pesquisa parte da terra como matéria e símbolo, criando pigmentos extraídos do solo da região onde vive. Participou de exposições coletivas como Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro (SESC SP/RJ, 2023–2024) e de individuais como Matutar (Mendes Wood DM, Nova York, 2024). Em 2023, teve obra adquirida pela Pinacoteca de São Paulo. Também integrou a seção Focus da Frieze NY em 2023.

Marcos Siqueira – Divulgação

CCBB BH e Circuito Liberdade

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

Serviço

Exposição: “Finca-Pé: Estórias da terra”, de Antonio Obá
Visitação: de 25 de junho a 1° de setembro de 2025
Local: Galerias do Térreo – Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte – MG).
Funcionamento: quarta a segunda, das 10h às 22h (fecha às terças)
Entrada gratuita mediante retirada de ingresso pelo site e na bilheteria do CCBB BH
Classificação Livre

Leia também: Galeria Nara Roesler São Paulo apresenta a exposição coletiva “Ruído Estelar”

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