Exposições e Eventos

Exposição coletiva “Baobá no Asfalto” reúne 14 artistas na Sé Galeria

A Sé Galeria reúne parte da produção de 14 artistas assistentes e residentes do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. O projeto, sediado em Goiânia, foi concebido por Dalton Paula e sua companheira Ceiça Ferreira, em 2021, e inaugurado no ano seguinte — Dalton é representado pela Sé desde 2014, tendo realizado a primeira exposição da galeria.

A abertura acontecerá no dia 2 de março, das 12h às 19h, numa tarde repleta de atividades que incluem oficina de gravura, performances, DJ set e sessão de curtas do Cineclube Maria Grampinho, cuja proposta curatorial destaca os cinemas negros.

Abraão Veloso, Sem título – 2022

O grupo de 14 artistas apresentará camadas das pesquisas que se utilizam de pintura, fotografia, vídeo, gravura, desenho, objeto e costura para discutir sobre ancestralidade e o lugar de seus corpos no mundo, propondo contra-narrativas diante do apagamento de suas linhagens históricas e das feridas provocadas pelas violências estruturais de classe, raça, gênero e sexualidade.

Artistas

Abraão Veloso, Augusto César, Eve Cruvinel, Genor Sales, Jhony Aguiar, lía vallejo, Lucélia Maciel, Nayò, Òkun, Rafael Vaz, Tor Teixeira, Walmir Elias, William Maia e Xica

O Baobá

Árvore nativa de África, o baobá é símbolo de muitas culturas tradicionais do continente africano. A imagem metafórica de plantá-lo no asfalto implica o desejo de provocar uma rachadura nas bases da cidade; nas premissas arbitrárias que definem os modos de existência do sujeito moderno: individualista, racional, imerso na sociedade de consumo, apartado da natureza, iludido pela pretensa linearidade do progresso. As raízes da árvore erodem a terra espoliada, explorada e privatizada, furam o solo em busca das águas, fonte da vida, liberando potências que apontam para uma superação da visão antropocêntrica do mundo. Os galhos do baobá reúnem a comunidade para a partilha de saberes de cura, proteção e pertencimento. Com as bênçãos dos mais velhos, o solo é alimentado pelo sagrado, abrindo caminho para pequenos rituais de enraizamento que, através da arte, evidenciam o nós ao invés do eu.

Abraão Veloso, Eve Cruvinel, Jhony Aguiar, lía vallejo, Nayò e Tor Teixeira propõem trabalhos sobre afetos e cortes que forjam outros significados para o corpo e suas representações. Através de diferentes materialidades, Lucélia Maciel, Òkun, William Maia e Xica reconstroem memórias e vivências familiares indissociáveis da cultura popular e da religiosidade afro-brasileira. Augusto César, Genor Sales, Rafael Vaz e Walmir Elias trazem à superfície narrativas sobre questões sociais que perpassam a cidade, o corpo e o cotidiano na periferia.

Eve Cruvinel, Não ando só, meu santo me faz companhia – 2023

Sobre o Sertão Negro

O Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes é um quilombo artístico-cultural de vivências e trocas localizado dentro do perímetro urbano de Goiânia, no Centro-Oeste do Brasil. O projeto foi concebido por Dalton Paula e sua companheira Ceiça Ferreira, em 2021, e inaugurado no ano seguinte. O ateliê compartilhado possui uma biblioteca com um acervo de três mil livros, além de equipamentos como prensa de gravura e forno industrial. No quintal, além dos chalés para hospedagem dos residentes, há uma choupana coberta com palha de piaçaba, onde são realizadas as aulas de capoeira angola, gravura e cerâmica; e as sessões do Cineclube Maria Grampinho, cuja proposta curatorial destaca os cinemas negros. Construído em uma área de quase de 1.000 m² rodeado por várias árvores, plantas medicinais e flores, o Sertão Negro foi pensado para ser ecologicamente consciente, desde a coleta de água da chuva, a utilização de técnicas de bioconstrução até a preservação de espécies nativas do cerrado. Em apenas dois anos de atividades esse espaço tem se destacado no cenário artístico do Centro-Oeste brasileiro, possibilitando articulações internas, com a comunidade de Goiânia e diversos agentes do mercado artístico, como artistas nacionais e internacionais, curadores, galeristas e colecionadores.

Sobre o Cineclube Maria Grampinho

Idealizado e coordenado pela pesquisadora Ceiça Ferreira, o Cineclube Maria Grampinho homenageia essa personagem histórica da Cidade de Goiás chamada Maria da Purificação, que ficou conhecida por um poema de Cora Coralina. Com muitas saias, uma centena de grampos no cabelo e uma trouxa repleta de botões coloridos, Maria Grampinho carregava sua história e seus sonhos. Nesse exercício de imaginar outras narrativas é que o cineclube busca ser um espaço educativo de exibição e discussão de filmes dirigidos e protagonizados por pessoas negras. Em sessões mensais realizadas no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, o Cineclube Maria Grampinho oferece gratuitamente a exibição de filmes com pipoca e suco, seguida de debates ou rodas de conversa, visando a formação de público e a democratização da cultura para moradores da região norte de Goiânia.

Sobre a Oficina de gravura

Ministrada pelos professores Augusto César e Xica, a oficina de gravura em relevo, a partir de carimbos de borrachas escolares, quer propor uma introdução ao universo do gravar e imprimir onde a matriz gravada dá origem a pensamento poético que joga com o preto e branco das impressões. A gravura, assim, é um conjunto de técnicas, que elabora a reprodução de imagens e visualidades. A gravura em relevo tem a xilogravura como técnica mais conhecida porém seus princípios podem ser aplicados a outros materiais mais acessíveis e de fácil manuseio, proporcionando um entendimento rápido da técnica. Essa oficina é um recorte das aulas de gravura no Sertão Negro Ateliê e Escola de Arte, onde fazer carimbos é o primeiro contato com a gravura. Vagas limitadas por ordem de chegada (a partir dos 10 anos de idade).

Sobre a Sé Galeria

Fundada em 2014 pela artista Maria Montero, a Sé Galeria está localizada em duas casas na Vila Modernista de Flávio de Carvalho, no bairro Jardim Paulista, em São Paulo. A galeria representa 13 artistas brasileiros com sólida trajetória institucional ou acadêmica. A maioria deles inaugurou seu diálogo com o mercado por meio da Sé. A origem do projeto remonta a 2011, quando Maria fundou o espaço de arte Phosphorus. Voltado à experimentação, estava localizado em um casarão na primeira rua de São Paulo. Após um programa contínuo de exposições e residências, ela fundou a Sé no mesmo edifício. A galeria funcionou por seis anos no centro histórico da cidade até a sua transferência para a Vila Modernista. A Sé surgiu em um momento de revisão do modus operandi da arte contemporânea. Atua em colaboração e parceria com os artistas representados, privilegiando o acompanhamento crítico e a realização de projetos institucionais. Muito além do comércio, a Sé foca na gestão de carreira de seus artistas, observando suas singularidades e buscando uma atuação social, através da proposta de estratégias individuais para cada produção. A galeria também tem como objetivo formar novos públicos para artistas e obras que expressam uma visão conceitual e processual da arte contemporânea. A Sé participa de importantes feiras nacionais e internacionais como Arco Madrid, Frieze New York e Liste Basel.

Serviço

Exposição Coletiva “Sertão Negro: Baobá no asfalto”
Artistas residentes e assistentes do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes: Abraão Veloso, Augusto César, Eve Cruvinel, Genor Sales, lía vallejo, Lucélia Maciel, Jhony Aguiar, Òkun, Nayò, Rafael Vaz, Tor Teixeira, Walmir Elias, William Maia, Xica
Abertura: Sábado, 02 de março de 2024, das 12h às 19h
Visitação até 16 de março de 2024. Terça a sexta, 12h às 19h. Sábado, 12h às 17h
Local: Sé Galeria. Alameda Lorena, 1257, casa 2. Vila Modernista Flávio de Carvalho. Jardim Paulista, São Paulo

Leia também: Galeria Dezoito apresenta “Arquitetura do Ser”, individual de Állisson Opitz

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