Exposições e Eventos

Exposição Histórias LGBTQIA+ reúne mais de 150 obras no MASP

O MASP conclui o ano dedicado às Histórias da Diversidade LGBTQIA+ apresentando uma mostra coletiva que ocupa três espaços expositivos do museu. A exposição Histórias LGBTQIA+ reúne mais de 150 obras de arte e centenas de documentos nacionais e internacionais, que mostram a multiplicidade da produção e das narrativas LGBTQIA+, especialmente após a crise do HIV/AIDS nos anos 1980.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Julia Bryan-Wilson, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP; colaboração de André Mesquita, curador, MASP; e assistência de Leandro Muniz, curador assistente, MASP, e Teo Teotonio, assistente curatorial, MASP, a mostra é organizada em oito núcleos: Amor e desejo; Ícones e musas; Espaços e territórios; Ecossexualidades e fantasias transcendentais; Sagrado e profano; Abstrações; Arquivos; e Biblioteca Cuir.

“O atual cenário global para pessoas queer e trans é desigual: a aceitação, a solidariedade e a visibilidade existem lado a lado com o ódio, a censura e a total proibição legal em diferentes partes do mundo. Assim, por um lado, uma atenção maior voltada a questões Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero, Queer, Intersexo, Assexuais e de outras minorias (LGBTQIA+) vem criando mais oportunidades para artistas e pensadores queer e trans. Todavia, por outro lado, pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo – impactadas diferentemente por sua raça, classe, gênero, idade, nacionalidade – continuam enfrentando repressão. Nesse contexto, Histórias LGBTQIA+ reúne trabalhos que tematizam tópicos queer ou que sejam feitos por artistas, ativistas e pesquisadores LGBTQIA+. A mostra celebra a riqueza e a multiplicidade da criatividade queer nas artes visuais”, afirmam Julia Bryan-Wilson, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP, e Adriano Pedrosa, diretor artístico. Queer, na língua inglesa, originalmente significa “estranho”, mas também, em algum momento, “sexualmente desviante”. Porém, desde o final do século 20, tem sido reivindicado por lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros como um termo amplo para identificá-los.

Justapondo o passado e a contemporaneidade, a mostra apresenta trabalhos de diversos períodos e correntes artísticas, evidenciando visões das histórias LGBTQIA+ que atravessam o tempo e o espaço, e ainda apontam estratégias de resistência. Em O beijo 20 (2024), da série Álbum dos desesquecimentos, a artista baiana Mayara Ferrão usa Inteligência Artificial para criar imagens que simulam fotos antigas, inventando, assim, uma iconografia de histórias de lésbicas negras, a fim de revelar narrativas que foram apagadas e imaginar novos futuros.

“Apresentamos uma diversidade de representações, grupos e experiências para além das imagens de subalternidade, desumanização e hipersexualização que historicamente foram colocadas sobre as pessoas LGBTQIA+. Também temos uma diversidade enriquecedora de estilos artísticos para pensar essa experiência do ponto de vista da arte e de possíveis revisões históricas”, afirma Leandro Muniz, curador assistente MASP.

A mostra apresenta trabalhos contemporâneos que estabelecem críticas e reflexões com base nos cânones da arte. Em Duas Fa’afafine (2020), a artista Yuki Kihara, de ascendência japonesa e samoana, fotografa pessoas da comunidade trans a partir dos esquemas compositivos de Paul Gauguin (França, 1848–1903), em uma crítica às famosas pinturas em que o francês representou as mulheres da Polinésia. Outro exemplo de diálogo com a tradição artística é Uma escultura para mulheres trans… (2022) da artista norte-americana Puppies Puppies (Jade Kuriki-Olivo). A obra, produzida em bronze, material clássico da história da arte, reproduz em escala um para um o corpo da artista a partir de um escaneamento tridimensional.

A exposição também coloca em debate os estereótipos e as contradições presentes na comunidade LGBTQIA+. Uma das obras que compõem a mostra é a fotografia Night Stage Raising Crew, Listening (2006), de Angela Jimenez, que registra a montagem do palco do Michigan Womyn’s Music Festival. Criado em 1976, o evento anual organizado por mulheres lésbicas feministas teve fim em 2015 devido às tensões causadas pela política de exclusão de mulheres trans.

Reunindo registros históricos da comunidade LGBTQIA+, o núcleo Arquivos conta com documentos de grupos comunitários auto-organizados do Brasil — como MUTHA (Museu Transgênero de História e Arte), Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT–SP) e Arquivo Lésbico — e do Sul Global, incluindo outros 12 países da Ásia, América Latina, África e mundo Árabe.

Histórias LGBTQIA+ integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. A programação do ano também inclui as mostras de Francis Bacon, Mário de Andrade, Catherine Opie, Lia D Castro, Leonilson, dos coletivos Gran Fury e Serigrafistas Queer, da coleção MASP Renner, bem como mostras na Sala de Vídeo de Masi Mamani/Bartolina Xixa, Tourmaline, Ventura Profana, Kang Seung Lee e Manauara Clandestina.

A mostra faz parte de uma série de projetos em torno da noção plural de “Histórias”, palavra que engloba ficção e não ficção, relatos pessoais e políticos, narrativas privadas e públicas, possuindo um caráter especulativo, plural e polifônico. Essas histórias têm uma qualidade processual aberta, em oposição ao caráter mais monolítico e definitivo das narrativas históricas tradicionais. Nesse sentido, entre os programas anuais e as exposições anteriores, o MASP organizou Histórias da Sexualidade (2017), Histórias Afro-Atlânticas (2018), Histórias das Mulheres, Histórias Feministas (2019), Histórias da Dança (2020), Histórias Brasileiras (2021-22) e Histórias Indígenas (2023).

Artistas

A TRANSÄLIEN
Abdias Nascimento
Ad Minoliti
Adir Sodré
Adler Murada
Adriel Visoto
Alma Lopez
Amos Badertscher
Ana Raylander Mártis dos Anjos
Andrea Geyer
Andy Warhol
Angela Jimenez
Archivos Desviados
Arquivo Lésbico Brasileiro
assume vivid astro focus (avaf)
Ayrson Heráclito
Beverly Buchanan
Biblioteca Cuir
Candice Lin
Carlos Herrera
Carlos Motta
Catherine Opie
CCIHP – Center for Creative Initiatives in Health and Population
Cinthia Marcelle e Digg Franco
Claude Cahun
Coletivo Xica Manicongo
Cumaea Halim
D‘Angelo Lovell Williams
Daniel Correa Mejía
David Wojnarowicz
Dean Sameshima
Diambe
Edgard de Souza
Efrain Almeida
El Archivo Honduras Cuir
Ellen Bedoz
Engel Leonardo
Ernesto De Fiori
Etel Adnan
Evelyn Taocheng Wang
Fefa Lins
Felix Gonzalez-Torres
Ferrerin
fierce pussy
Gabriel Pessoto
GALA Queer Archive
Glenn Ligon
Gran Fury
Heitor dos Prazeres
Hélio Oiticica
Henrik Olesen
Hilma’s Ghost (Dannielle Tegeder And Sharmistha Ray)
Historia Transkuir In Colombia
iah’ra
IBRAT – Instituto Brasileiro de Transmasculinidades
Ismael Nery
Jonathas de Andrade
Kang Seung Lee
Kia LaBeija
Kōhei Yoshiyuki
La Chola Poblete
Leilah Babirye
Leonilson
Leslie Martinez
Lia D Castro
Liz Collins
Lyz Parayzo
Manauara Clandestina
Marcel Pardo Ariza
Marcela Cantuária
Marcos Chaves
Marie Laurencin
Martin Wong
Martine Gutierrez
Maryam Hoseini
Mayara Ferrão
Miguel Ángel Rojas
MUTHA – Museu Transgênero de História e Arte
Nancy Grossman
Nasim Hantehzadeh
Nicholas Hlobo
Nicki Green
Nicolas Moufarrege
Peter Hujar
Pietro Perugino
Puppies Puppies (Jade Guanaro Kuriki-Olivo)
Archivo Q’iwa – Comunidad Diversidad, Bolivia
QAMRA – Queer Archive For Memory, Reflection And Activism
Queer Indonesia Archive
Rafa Bqueer
Rafael Matheus Moreira
Randolpho Lamonier
Rebeca Carapiá
Ria Brodell
Rink Foto
Robert Giard
Roberto Burle Marx
Roberto Gil de Montes
Rodolpho Parigi
Rotimi Fani-Kayode
Sabelo Mlangeni
Salman Toor
Samantha Nye
Seba Calfuqueo
Shalom Kufakwatenzi
Sharon Hayes
Simone Fattal
Sunil Gupta
Tadáskía
Takweer
Tammy Rae Carland
Tee A. Corrinne
Teresa Margolles
Thai Rainbow Archives Collection
Tseng Kwong Chi
Tuesday Smillie
UÝRA
Ventura Profana
Victor Fidelis
Violeta Quispe
Willys De Castro
Xiyadie
Yacunã Tuxá
Yasumasa Morimura
Yuki Kihara
Zanele Muholi
Zilia Sánchez

Serviço

Exposição Histórias LGBTQIA+
Data: 13.12.2024 – 13.4.2025
Local: MASP.
Endereço: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista. São Paulo, SP
Compre seu ingresso

Leia também: MASP celebra o aniversário de SP com atividades gratuitas em novo prédio

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