O Paço Imperial, no Rio de Janeiro, inaugura no dia 9 de setembro a mostra “Naturas: Assim eu vejo” de Claudia Jaguaribe. Com curadoria de Heloísa Amaral Peixoto, a exposição reúne obras que fazem parte de uma pesquisa que se inicia com a série “Tudo é Sofia”, de 2004, e se estende a trabalhos mais recentes e inéditos, realizados com recursos de Inteligência Artificial em “Viveiro”, de 2023.
Com uma agenda cheia tanto no âmbito nacional quanto internacional, tendo realizado projetos na Usina de Arte (Recife), exposições em São Paulo, além da participação este ano no Festival Off and On, Brasil Imprevisto, em Arles (França), onde expôs em um telão ao ar livre, Claudia escolheu a cidade do Rio para mostrar esse recorte de seus trabalhos antigos e mais atuais, totalmente voltados para questões ambientais.
Ocupando as salas Amarela e Mestre Valentim, a exposição apresenta uma pesquisa dupla: uma visão particular sobre como retratar a paisagem e a natureza e as mudanças radicais que se operaram na fotografia em nossa cultura visual. As obras iniciais foram feitas de forma analógica, com uma simples câmera pinhole até as últimas, com fotografia digital, e, no seu estágio mais avançado, incluindo a IA.
A paisagem e o universo botânico entraram desde cedo na vida de Claudia Jaguaribe, sendo um dos interesses prediletos de seu avô Francisco, geógrafo e autor de parte expressiva da cartografia brasileira. A atração precoce pelo tema foi determinante na trajetória da artista, que aguçou o seu olhar e se aprofundou na paisagem e nos aspectos da natureza.
“Naturas, em latim, se refere à multiplicidade de naturezas que existe no mundo e ‘assim eu vejo’ ao meu modo de utilizar a fotografia como um meio de conhecimento e forma de expressão. Desde os ensaios iniciais percebi que precisava me apropriar da fotografia como um dos aspectos do processo criativo. A fotografia documental me serve como um banco de imagens, base para o desenvolvimento de outras linguagens. Cada novo projeto demanda uma abordagem própria, que envolve muitas camadas de produção”, afirma a artista.
“Ao propor um microcosmo idealizado, Claudia, de certo modo estaria buscando estabelecer uma relação entre a natureza, no sentido amplo, e natureza, no sentido mais interior e subjetivo. Também no tratamento das imagens desse conjunto, percebe-se uma atmosfera de caráter mais simbólico, tendendo para o ficcional, um interesse que irá intensificar mais adiante em projetos posteriores”, diz a curadora, Heloísa Amaral Peixoto.
“Sua produção é marcada por reflexões e preocupações quanto à fragilidade do equilíbrio ambiental, se aprofundando em trabalhos que remetem, constantemente, a outros, embora eles tenham direções e contornos diversos”.
Seu discurso no plano poético-visual, no exercício de sempre alargar as possibilidades formais, estabelece novos padrões de utilização do suporte fotográfico como, por exemplo, quando se aproxima de outras expressões artísticas, tais como a escultura.
De 2004 a 2023, as séries apresentadas
Olhando em retrospectiva a evolução das suas pesquisas e de um caminho percorrido investigando esses conceitos, Claudia Jaguaribe explica que sua produção artística se faz no contexto do próprio tempo. “Acredito que estamos vivendo um momento de inflexão. As questões ambientais vão determinar como viveremos em conjunto com a cultura digital dominante. A inteligência artificial, entre outros fatores, vai gerar subjetividades não originadas entre relações interpessoais, mas em plataformas tecnológicas e não conseguimos ainda dimensionar como isso vai nos afetar”, conclui.
Tudo É Sofia (2004)
O título se refere à frase do filósofo e artista alemão Novalis (1722- 1801), que comparou a figura de Sofia, sua jovem noiva falecida precocemente, a um universo. No fragmento estaria contido um universo. Assim figurativamente em um jardim se pode referir a polaridade entre o uno e o múltiplo. Usando sobreposições e acasos da câmera pinhole eliminou-se a fronteira entre o real e o falso.
Viveiro (2023)
Em “Viveiro”, a artista inicia um caminho de pesquisa usando ferramentas de Inteligência Artificial. As imagens geradas representam brotos de samambaias, a planta mais antiga que temos conhecimento com cerca de 330 milhões de anos. A intenção é criar uma nova planta com origem num passado pré-histórico e agora ganha uma vida mesclada inexoravelmente a tecnologia e às máquinas. Impressão fine art em papel metálico.
Mina (2023)
Mina remete a uma natureza urbana acabada, em que se vê apenas resquícios de sua presença. Claudia apresenta esculturas de fragmentos de plantas em alumínio e bronze montadas sobre placas de cimento em caixa de acrílico.
Claudia Jaguaribe é representada pela Galeria Anita Schwartz no Rio.
Exposição “Naturas: Assim eu vejo” de Claudia Jaguaribe
Abertura: dia 9 de setembro, sábado, às 12h
Curadoria: Heloísa Amaral Peixoto
Visitação: de 10 de setembro a 5 de novembro de 2023
Local: Paço Imperial. Praça XV de Novembro, Centro – RJ
Funcionamento: de terça a domingo e feriados, das 12h às 18h
Entrada gratuita
Classificação: livre
As férias estão chegando, e São Paulo está cheia de opções culturais imperdíveis! Com uma…
Fizemos um guia prático com dicas para te ajudar a ganhar dinheiro sendo artista. Hoje,…
Da segunda metade do século XVIII ao início do século XIX ocorreram inúmeras discussões no…
A Capela Sistina iniciada no século XV, deve seu nome ao Papa Sixto IV della…
Muitos séculos e fases caracterizaram o período de produção da arte grega. Embora se sobreponham,…
O termo “arte ultracontemporânea” foi adotado pela plataforma Artnet para designar trabalhos feitos por artistas…