“A salvação da fotografia vem da experimentação.” A afirmação é de László Moholy-Nagy, artista húngaro, professor da Escola Bauhaus e um dos expoentes do modernismo europeu. A pesquisa atual de Fabiano Rodrigues se apropria dessa máxima. Em sua nova fase, o artista deixa a câmera fotográfica de lado e se debruça em colagens e fotomontagens das décadas de 1950 e 1960. O resultado será exibido na mostra A verdade está em tudo, mesmo no erro, sua primeira individual na Galeria Kogan Amaro, em cartaz de 8 de agosto a 6 de setembro.
“Mais maduro pelo tempo, Fabiano parte radicalmente para a pesquisa de imagens já existentes. Junta essas fotografias e negativos de época e lhes dá sobrevida na contemporaneidade ao resgatá-los do passado”, reflete Ricardo Resende, curador da exposição.
Rodrigues imergiu em um acervo de 400 negativos, parte deles em ambrótipos de diferentes tamanhos e medidas, e resgatou retratos, álbuns de família, eventos sociais, dentre outros registros. Em suas mãos, as imagens ganharam novos significados. A exemplo das séries Opostos (2019) e Vice-versa (2019), compostas por fotografias surreais e fantasmagóricas, com homens e mulheres cujos rostos foram mutilados pelas lâminas precisas do artista e reconfigurados de maneira invertida.
O material resgatado por Fabiano Rodrigues tem cerca de 70 anos de vida, alguns são até mais antigos, de 1915. São imagens nostálgicas e carregadas de histórias, um convite do artista para o público refletir sobre passado, presente e futuro, e os padrões que insistem em se repetir.
A ideia é recorrente em Extasiadas (2019), conjunto de seis obras que exibem silhuetas femininas, figuras que aludem à busca incansável por arquétipos impostos socialmente, e também na série Êxito (2019, na qual o artista apresenta contornos de corpos de homens e os ambienta em situações habituais, de comportamento e gestos típicos masculinos, em fundo preto, como se estivessem flutuando em um abismo profundo.
Entre filmes publicitários de máquinas fotográficas antigas, o artista deu vida ao vídeo-colagem Sinceros (2019), um apanhado de frames comerciais e imagens em movimento misturadas a trechos de músicas e sons aleatórios.
Fabiano Rodrigues transita entre a fotografia, a colagem, o vídeo e a performance. O artista explora a relação do corpo e da arquitetura dos centros urbanos em produções P&B, onde equilibra luz e sombra. Rodrigues nasceu em 1978 em Santos, no litoral paulistano, e hoje vive e trabalha na cidade de São Paulo. Artista autodidata e skatista profissional, iniciou sua trajetória artística por conta do esporte. Foi observando os fotógrafos que registravam suas manobras que Rodrigues passou a se interessar pela técnica.
Seu trabalho já foi apresentado em instituições como o Museu de Arte do Rio de Janeiro – MAR (2013 e 2014), Zacheta National Gallery or Art, na Polônia (2013 e 2014), Museu de Arte de São Paulo – MASP (2013) e na Estação Pinacoteca (2012). Foi reconhecido com o Prêmio Mundie de Fotografia (2016); recebeu por duas vezes a premiação de aquisição da Pinacoteca do Estado de São Paulo (2012 e 2013), e faz parte do Clube de Colecionadores de Fotografias do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM (2017).
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