A Galeria de Arte André abre, neste sábado, dia 28 de outubro, sábado, das 11h às 15h, a exposição Formas, Tramas, Volumes, do artista Cássio Lázaro. Com curadoria de Octavio Guastini e texto crítico de Sylvia Werneck, a exposição traz cerca de 50 obras do artista paulistano, entre elas uma nova série inédita de trabalhos geométricos, além de releituras de obras anteriores. O artista trabalha com aço em diversos tamanhos e formas, e nos seus diversos tratamentos, como carbono, corten, inox, fosco e espelhado.
Cássio é autodidata e desenvolveu seus próprios métodos, e inclusive maquinário, para trabalhar com materiais densos e pesados como o aço em seu atelier. “(…) ele não foi submetido ao condicionamento do fazer artístico atrelado à longa (e, por vezes, engessada) tradição da história da arte, o que lhe brindou com total liberdade para explorar as potencialidades das formas e de suas próprias habilidades como artista”, afirma a crítica de arte Sylvia Werneck.
A respeito do trabalho do artista com o aço e metal, ela afirma que “submetido a determinadas escolhas estéticas, o aço é manipulado até atingir, por exemplo, a robustez de uma coluna maciça, os jogos de luz e sombra de um papel amassado ou a delicadeza de um tecido rendado. As cores entram em cena de maneira comedida, quase sempre monocromática, para que não atrapalhem a percepção volumétrica que o artista deseja suscitar no espectador”.
E complementa: “ver Cássio Lázaro trabalhar é um capítulo à parte. Diferente de muitos de seus contemporâneos, ele sente necessidade de executar, ele próprio, a maioria dos processos envolvidos na construção de suas obras. Ainda que haja um planejamento, é durante o processo que algumas decisões serão tomadas, à medida que as chapas metálicas vão sendo transformadas. Com frequência, o trabalho exige o uso de força bruta – marretar, queimar e serrar são atividades corriqueiras no ateliê”.
O artista nasceu em Cássia, em Minas Gerais, em 1952, cidade que deu origem ao seu nome. De família muito humilde, sexto filho de 13 irmãos, Cássio saiu de casa muito cedo. Aos nove anos foi trabalhar numa olaria, onde começou a se interessar pelo barro e iniciou suas primeiras brincadeiras com a escultura, modelando bonecos de barro. Com 14 anos foi para São Paulo, onde trabalhou num banco até conseguir uma bolsa para estudar na Escola Panamericana de Arte. Iniciou suas obras escultóricas com arame, passou para materiais coletados e reciclados e seguiu para o aço.
Nos anos 1970, expos na Bienal de Arte de São Paulo, com figuras sinuosas e com um nó de 2,20 metros de altura feito em inox. Em 1977, foi trabalhar numa fundição, onde aprendeu todos os processos do bronze, ferro e aço. Em seu ateliê, desenvolveu maquinário de grande porte para moldar e tecer suas obras em material de difícil arregimentação como o aço.
O artista autodidata afirma que sua experiência aconteceu na prática, já que não teve acesso a informações teóricas. “Meu caminho foi longo e minhas experiências foram consistentes e intensas, por isso posso afirmar a importância de o escultor executar a própria obra, sempre que tiver condições para isso. O fazer nos conduz a inúmeras possibilidades de criação, pois até quando erramos, aprendemos com o erro. Ao acompanhar todo o processo do meu trabalho, vou transformando as sobras, as rebarbas, os respingos e vejo nascer novas composições, tornando infinitas as criações”.
Sua última exposição na Galeria de Arte André foi “Segmentos”, e trouxe cerca de 50 obras inéditas do artista para o espaço expositivo em 2019, com curadoria de Octavio Guastini.
Com 64 anos de atuação no circuito das artes, a Galeria de Arte André foi fundada em 1959 pelo romeno André Blau. É considerada a maior galeria de arte da América Latina, tendo se tornado uma referência no mercado de arte brasileira. Atualmente dirigida por Juliana Blau, a casa ajudou a forjar o mercado de arte no Brasil e passou por diversos endereços até se consolidar na Rua Estados Unidos, entre a Avenida Rebouças e a Alameda Gabriel Monteiro da Silva.
Conhecida pelo seu acervo de esculturas e obras de artistas como Aldemir Martins, Alfredo Volpi, Bruno Giorgi, Carlos Araujo, Carlos Scliar, Cícero Dias, Clóvis Graciano, Di Cavalcanti, Frans Krajcberg, Guignard, Hector Carybé, Manabu Mabe, Orlando Teruz, Roberto Burle Marx, Sonia Ebling e Tomie Ohtake, entre muitos outros, a casa oferece ao público exposições periódicas e projetos educacionais e culturais.
Oferece um calendário de exposições ao longo do ano, tendo diversos projetos curatoriais com artistas da casa e que fizeram parte da história e de seu acervo. Além disso, tem o projeto Multimuros, atualmente com uma obra de arte pública na fachada da galeria, localizada na Avenida Rebouças, assinada pela artista indígena Tamikuã Tixihi. Ainda em 2023, a galeria apresentará exposições do artista Cássio Lázaro.
A galeria também dispõe de uma loja virtual com obras de arte a preços acessíveis no link www.galeriandre.com.br/loja-virtual. Também mantém um blog com notícias e análises do mundo da arte, em www.galeriandre.com.br/blog.
Exposição Formas, Tramas, Volumes, de Cássio Lázaro
Curadoria: Octavio Guastini
Texto crítico: Sylvia Werneck
Abertura: 28 de outubro, sábado, das 11h às 15h, com presença do artista
Período expositivo: de 28 de outubro a 16 de dezembro
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 19h. Sábados das 10h às 14h
Local: Galeria de Arte André. Rua Estados Unidos, 2.280 – Jardim Paulistano. São Paulo/SP
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