Exposições e Eventos

Galeria de Arte André prorroga exposição que celebra Manabu Mabe

A Galeria de Arte André, uma das mais tradicionais de São Paulo, prorrogou até 8 de junho a exposição Mabe 100 anos: identidade e lirismo, do artista japonês Manabu Mabe (1924-1997). Com texto crítico de Ana Avelar, uma das principais teóricas do abstrato no país, a mostra traz, de forma gratuita, cerca de 30 obras icônicas que retratam a trajetória do artista, entre pinturas, tapeçarias e desenhos.

Mabe (1924-1997) trabalhou com a Galeria André desde o início de sua carreira. Foram organizadas – além das exposições coletivas- exposições individuais sobre a sua obra em três ocasiões, nos anos de 1977, 1983 e 1995, esta última na exposição “50 anos de Pintura”, dedicada à sua obra.

Nos catálogos destas exposições há textos do próprio Mabe falando sobre a sua obra, em que afirma “a vida é extraordinária para mim. É extraordinária porque vivo, existo, sou parte de uma sociedade em turbulência e criar o belo em meio a essa turbulência é a minha contribuição, materializada em minhas obras”. E também do jornalista, historiador e crítico Pietro Maria Bardi, figura também pela criação do Museu de Arte de São Paulo, o MASP.

Sem título 1996. Óleo sobre tela, 51x51cm. Manabu Mabe

Segundo Bardi, “Mabe é um dos grandes senhores da pintura e pode ser que deixou o figurativo para não ter empecilhos de comunicar o real, e propor a realidade do fantástico”. Em outro texto, afirma, “é hoje um dos poucos artistas brasileiros que obteve reconhecimento no estrangeiro, depois que em 1959 lhe foram outorgados os prêmios internacionais das Bienais de São Paulo e Paris”. E ainda: “suas telas constituem, de vez em quando, a felicidade de um encontro com a fantasia, a sugestão de combinações formais as mais diversas, ora impetuosas, ora suavemente dominadas por um senso de ternura, uma poética temperamental, consequência de um instinto singular”.

A importância de Mabe para a arte brasileira

“A centralidade de Manabu Mabe na narrativa da arte abstrata brasileira é inquestionável. Somada a ela, sua defesa da identidade nipônica em trânsito, a partir da condição de imigrante, acompanha toda a sua trajetória”, afirma Ana Avelar em seu texto de apresentação da exposição.

Sem título, década de 1970. Tapeçaria 166x196cm. Manabu Mabe

Segundo a professora, “desde 1970, (o artista) utiliza simultaneamente diferentes técnicas; pinceladas encontram manchas, texturas e linhas. Os fundos são campos de cor nos quais justapõem-se vermelhos, amarelos, azuis e verdes (óleo sobre tela, sem título, de 1978, e Um dia de primavera, 1986). Retratos e autorretratos também são produzidos por meio de gestos evidentes, nessa paleta vibrante. Gesto semelhante – nunca demasiadamente energético – insinua figuras humanas e formas de animais nas paisagens. Assim ocorre no óleo sobre tela, sem título, de 1972, no qual duas figuras eretas são colocadas sob uma esfera que sugere um sol. Uma delas, de aspecto humanizado, parece segurar objetos (sonhamos com lanças e espadas); a outra, lembra-nos um cavalo. Da perspectiva de onde assistimos a cena, um tanto abstratizante, as figuras surgem agigantadas, transmitindo uma monumentalidade”, afirma.

Sobre Manabu Mabe

(Kumamoto, Japão 1924 – São Paulo, São Paulo, 1997). Pintor, gravador, ilustrador. As pinturas de Manabu Mabe são caracterizadas sobretudo pela gestualidade, pelo trabalho com manchas de grande expressividade e pelo apuro no uso das cores. O artista chegou ao Brasil em 1934, com a família a bordo de um navio, para trabalhar nas lavouras de café de Lins, no interior de São Paulo. Foi nesta cidade, em Lins, que conheceu Tikashi Fukushima, outro artista japonês de renome. Teve uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da lavoura para pintar naturezas mortas e paisagens. Consegue realizar sua primeira exposição individual em São Paulo, em que mescla a caligrafia oriental com a pintura feita com manchas, em 1948. No ano seguinte participa do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro.

Sobre a Galeria de Arte André

Com 64 anos de atuação no circuito das artes, a Galeria de Arte André foi fundada em 1959 pelo romeno André Blau. É considerada a maior galeria de arte da América Latina, tendo se tornado uma referência no mercado de arte brasileira. Atualmente dirigida por Juliana Blau, a casa ajudou a forjar o mercado de arte no Brasil e passou por diversos endereços até se consolidar na Rua Estados Unidos, entre a Avenida Rebouças e a Alameda Gabriel Monteiro da Silva.

Conhecida pelo seu acervo de esculturas e obras de artistas como Aldemir Martins, Alfredo Volpi, Bruno Giorgi, Carlos Araujo, Carlos Scliar, Cícero Dias, Clóvis Graciano, Di Cavalcanti, Frans Krajcberg, Guignard, Hector Carybé, Orlando Teruz, Roberto Burle Marx, Sonia Ebling e Tomie Ohtake, entre muitos outros, a casa oferece ao público exposições periódicas e projetos educacionais e culturais.

Oferece um calendário de exposições ao longo do ano, tendo diversos projetos curatoriais com artistas da casa e que fizeram parte da história e de seu acervo. Além disso, tem o projeto Multimuros, atualmente com uma obra de arte pública na fachada da galeria, localizada na Avenida Rebouças, assinada pela artista indígena Tamikuã Tixihi. Ainda em 2024, a galeria prepara uma exposição sobre o surrealismo, a ser aberta em setembro.

A galeria também dispõe de uma loja virtual com obras de arte a preços acessíveis. Também mantém um blog com notícias e análises do mundo da arte.

Serviço

Abertura da exposição Mabe 100 anos: identidade e lirismo, de Manabu Mabe
Em cartaz até o dia 8 de junho. Visitação gratuita.
De segunda a sexta, das 9h às 19h. Sábados das 10h às 14h
Galeria de Arte André. Rua Estados Unidos, 2.280 – Jardim Paulistano. São Paulo – SP
(11) 3081-9697 / 3081-3972 / 3063-0427

Leia também: Casa Galeria apresenta “A Leveza Pode Ser o Peso da Nossa História”

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