Exposições e Eventos

Galeria Galatea inaugura unidade em Salvador com exposição coletiva “Cais”

A Galeria Galatea inaugura, em 31 de janeiro, uma nova unidade a cidade de Salvador, em busca de ampliar o seu público e conexões para além do eixo Rio-São Paulo. O segundo empreendimento dos sócios fundadores abre as portas menos de dois anos depois da fundação da galeria na Rua Oscar Freire, na capital paulista, em junho de 2022.

O endereço escolhido na capital baiana é o Centro Histórico de Salvador. Mais precisamente no Edifício Bráulio Xavier, na Rua Chile, primeiro logradouro do Brasil, entre a Praça Castro Alves e o Elevador Lacerda. Marco da cidade, o edifício modernista abriga em sua lateral o mural intitulado A colonização do Brasil, feito pelo artista Carybé em 1962, hoje tombado pelo IPHAN.

A Galatea Salvador iniciará as atividades com a exposição coletiva “Cais” elaborada a partir de uma cuidadosa curadoria do sócio Tomás Toledo e Alana Silveira. Com vasta e notável trajetória na cena cultural, depois de já ter atuado em funções como diretora artística, produtora executiva, coordenadora de produção, gestora de acervos e curadora, Alana assume a direção da unidade na capital baiana.

“Cais” será uma experiência única que conectará gerações da arte brasileira ao reunir cerca de 60 nascidos e radicados de diversas áreas do Nordeste, misturando e friccionando nomes históricos e contemporâneos, de formação tradicional e autodidata. A primeira exposição do espaço soteropolitano está lastreada na produção de quatro artistas nordestinos representados pela galeria: Aislan Pankararu, Chico da Silva, José Adário e Miguel dos Santos. A partir de elementos e temas-chave da obra destes nomes serão derivados os conteúdos de quatro núcleos que constituem a mostra: Fantasias de fauna e flora; Geometrias afro-indígenas e brasileiras; Máscaras expandidas e Representações da religiosidade e cultura afro-indígena e brasileira, divididos entre pinturas, esculturas e fotografias.

Estão presentes na exposição nomes consagrados como Abraham Palatnik, Ayrson Heráclito, Cícero Dias, Emanoel Araújo, Francisco Brennand, Mestre Dicinho, Mestre Didi, Rubem Valentim e Tunga.

Rubem Valentim 1922- 1991, Composição 1, 1959. Assinado, datado, localizado e titulado no verso [Signed, dated, located and titled on the reverse], Óleo sobre tela [Oil on canvas], 70 x 50 cm [27 1/2 x 19 3/4 in], (RV-0033). Foto: Ding Musa

A expografia da mostra e o projeto de arquitetura do espaço de 400 metros quadrados são assinados pelo Estúdio Anagrama, que pensa arquiteturas, mobiliários e objetos de design a partir do reuso. Entre as iniciativas de destaque do estúdio, está o projeto do Casarão 28, reforma de um edifício do século XVIII, localizado no Centro Histórico de Salvador, Bahia. A obra reaproveitou restos de mais de 15 reformas e demolições realizadas na região metropolitana da cidade.

Efervescência soteropolitana

A chegada da Galatea se alinha a um momento em que o centro histórico de Salvador recebe diversas iniciativas de restauração dos seus edifícios emblemáticos e de recuperação da sua vida turística e cultural. A própria Rua Chile e seus entornos acolhem importantes projetos de restauração e renovação, como: o antigo Hotel Palace, hoje Fera Palace; o antigo prédio do jornal A Tarde, hoje Hotel Fasano; o Palacete Tira-Chapéu, em processo de restauração para se tornar um centro gastronômico; a transformação, em curso, do Palácio Rio Branco no Hotel Rosewood; o projeto do Casarão 28, reforma de um edifício do século XVIII na região.

Novas iniciativas e projetos culturais compõem o cenário efervescente atual da capital baiana. Recentemente, em novembro, ocorreu a reabertura do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB); em setembro, a criação do Museu de Arte Contemporânea (MAC), em julho, a associação cultural paulista Pivô se instalou no Boulevard Suíço. As novidades vão continuar em 2024, quando a galeria carioca Nonada também promete chegar a Salvador. A cidade se consolida ainda na rota de importantes exposições em itinerância pelo Brasil, a exemplo de “Um defeito de cor”, realizada no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), e “Brasil Futuro: as formas da democracia”, no Solar do Ferrão.

Artistas participantes da coletiva “Cais”

Abraham Palatnik (1928, Natal, RN – 2020, Rio de Janeiro, RJ), Adenor Gondim (1950, Rui Barbosa, BA), Adriano Machado (1986, Feira de Santana, BA), Agnaldo Manuel dos Santos (1926, Ilha de Itaparica, BA – 1962, Salvador, BA), Aislan Pankararu (1990, Petrolândia, PE), Ana Fraga (1974, São Félix, BA), Antônio Bandeira (1922, Fortaleza, CE, BR – 1967, Paris, FR), Antônio Maia (1928, Carmópolis, SE – 2008, Rio de Janeiro, RJ), Ariano Suassuna (1927, João Pessoa, PB – 2014, Recife, PE), Armando Sá (1918, Salvador, BA – 2005, Salvador, BA), Aurelino dos Santos (1942, Salvador, BA), Ayrson Heráclito (1968, Macaúbas, BA), Bauer Sá (1950, Salvador, BA), Bruno Novelli (1980, Fortaleza, CE), Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva) (1910, Alto Tejo, AC — 1985, Fortaleza, CE), Cícero Dias (1907, Escada, PE, BA – 2003, Paris, FR), Davi Rodrigues (1968, Cachoeira, BA), Dinho Araujo (1985, Pinheiro, MA), Edsoleda Santos (1965, Salvador, BA), Elias Santos (1964, Aracaju, SE), Elisa Martins da Silveira (1912, Teresina, PI – 2001, Rio de Janeiro, RJ), Emanoel Araújo (1940, Santo Amaro, BA – 2022, São Paulo, SP), Francisco Brennand (1927, Recife, PE – 2019, Recife, PE), Galeno (1957, Parnaíba, PI), Genaro de Carvalho (1926, Salvador, BA – 1971, Salvador, BA), Gerson Souza (1926, Recife, PE – 2008, Rio de Janeiro, RJ), Gilberto Filho (1953, Cachoeira, BA), Grauben do Monte Lima (1889, Iguatu, CE – 1972, Rio de Janeiro, RJ), Heloísa Juaçaba (1926, Guaramiranga, CE), Isabela Seifarth (1989, Salvador, BA), Jayme Fygura (1951, Cruz das Almas, BA – 2023, Salvador, BA), João Alves (1906, Ipirá, BA – c. 1970, Salvador, BA), José Adário (1947, Salvador, BA), José Bezerra (1952, Buique, PE), J. Cunha (1948, Salvador, BA), José de Freitas (1935, Vitória de Santo Antão, PE – 1989, Rio de Janeiro, RJ), José Ignácio (1911, Arauá, SE – 2007, Aracaju, SE), José Tarcísio Ramos (1941, Fortaleza, CE), Lázaro Roberto (1958, Salvador, BA) Lucas Cordeiro (1994, Itapetinga, BA) Luciano Figueiredo (1948, Fortaleza, CE), Manuel Messias dos Santos (1945, Aracajú, Sergipe – 2001, Rio de Janeiro, RJ), Marepe (1970, Santo Antônio de Jesus, BA), Mario Cravo Neto (1947, Salvador, BA – 2009, Salvador, BA), Marlene de Almeida (1942, Bananeiras, PB), Martinho Patrício (1964, João Pessoa, PB), Mestre Dicinho (Adilson Carvalho) (1945, Jequié, BA), Mestre Didi (1917, Salvador, BA – 2013, Salvador, BA), Mestre Zimar (1959, Matinha, MA), Miguel dos Santos (1944, Caruaru, PE), Montez Magno (1934, Timbaúba, PE – 2023, Recife, PE), Nilda Neves (1961, Botuporã, BA), Rebeca Carapiá (1988, Salvador, BA), Rubem Ludolf (1932, Maceió, AL – 2010, Rio de Janeiro, RJ), Rubem Valentim (1922, Salvador, BA – 1991, São Paulo, SP), Thiago Costa (1992, Bananeiras, PB), Tiago Sant’Ana (1990, Santo Antônio de Jesus, BA), Tunga (1952, Palmares, PE – 2016, Rio de Janeiro, RJ).

Elisa Martins da Silveira 1912-2001, Festa Junina, 1967. Assinado e datado no inferior direito [Signed and dated lower left], Óleo sobre a tela [Oilon canvas], 54 x 73 cm [21 1/4 x 28 3/4 in], (EMS-0002). Foto: Ding Musa

Sobre a Galeria Galatea

A Galatea é uma galeria que surge a partir das diferentes e complementares trajetórias e vivências de seus sócios-fundadores: Antonia Bergamin esteve à frente por quase uma década como sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita é marchand e colecionador, especializado em descobrir grandes obras em lugares improváveis; e Tomás Toledo é curador e contribuiu ativamente para a histórica renovação institucional do MASP, de onde saiu em 2022 como curador-chefe.

Tendo a arte brasileira moderna e contemporânea como foco principal, a Galatea trabalha e comercializa tanto nomes já consagrados do cenário artístico nacional quanto novos talentos da arte contemporânea, além de promover o resgate de artistas históricos. Tal amplitude temporal reflete e articula os pilares conceituais do programa da galeria: ser um ponto de fomento e convergência entre culturas, temporalidades, estilos e gêneros distintos, gerando uma rica fricção entre o antigo e o novo, o canônico e o não-canônico, o erudito e o informal.

Além dessas conexões propostas, a galeria também aposta na relação entre artistas, colecionadores, instituições e galeristas. De um lado, o cuidado no processo de pesquisa, o respeito ao tempo criativo e o incentivo do desenvolvimento profissional do artista com acompanhamento curatorial. Do outro, a escuta e a transparência constante nas relações comerciais. Ao estreitar laços, com um olhar sensível ao que é importante para cada um, Galatea enaltece as relações que se criam em torno da arte — porque acredita que fazer isso também é enaltecer a arte em si.

Nesse sentido, partindo da ideia de relação é que surge o nome da galeria, tomado emprestado do mito grego de Pigmaleão e Galatea. Este mito narra a história do artista Pigmaleão, que ao esculpir em marfim Galatea, uma figura feminina, apaixona-se por sua própria obra e passa a adorá-la. A deusa Afrodite, comovida por tal devoção, transforma a estátua em uma mulher de carne e osso para que criador e criatura possam, enfim, viver uma relação verdadeira.

Serviço

Exposição coletiva “Cais”
Local: Galeria Galatea Salvador
Endereço: Rua Chile, 22 – Edifício Bráulio Xavier
Abertura: 31 de janeiro de 2024, das 16h às 21h
Período expositivo: 31 de janeiro a 16 de março
Entrada Gratuita

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