A Galeria Hugo França, em parceria com a Nara Roesler, apresenta Corta Fogo, individual do artista carioca Raul Mourão, que há mais de três décadas vem construindo um corpo de que tem como ponto de partida os espaços entre o público e o privado, a rua, o ateliê e as dinâmicas da cidade e da arte. Apresentando vinte e dois trabalhos do artista desenvolvidos entre 2020 e 2024, a mostra acontecerá até 25 de junho, na galeria Hugo França, em Trancoso, Bahia, e será acompanhada de texto de Evangelina Seiler.
No espaço principal da galeria serão apresentadas as esculturas monumentais Rebel #1 e #2 (2021) e um conjunto inédito de dezesseis esculturas em menor escala.
Na área externa adjacente ao galpão principal, estarão expostas as esculturas Rebel #6 e #7 (2022). Apesar da monumentalidade das obras, a questão central não é o peso ou a brutalidade, mas sim o equilíbrio, a possibilidade de movimento e o cuidado. “Basta um pequeno gesto do espectador para que toda essa massa se movimente, permitindo que as linhas da estrutura de aço se cruzem e criem um embaralhamento visual”, explica o artista.
É esse engajamento, adesão e possibilidade de resistência, não só no campo da arte, mas também para além dele, que são os motores dessa produção. O espectador então, deixa de ser um mero agente passivo e se torna aquele que desencadeia a mobilidade do trabalho.
Já no espaço expositivo externo da galeria, o artista apresentará a instalação Perdido #1 (2024) um conjunto de vinte e quatro setas em bandeiras hasteadas a 6 m do solo em mastros de aço galvanizado. Estes elementos são um desdobramento de uma série de fotografias que Mourão realizou entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990, presentes até hoje em sua obra e que retratam tapumes brancos com setas vermelhas usados pelo poder público para indicar desvios no espaço urbano em virtude de obras.
Raul Mourão (n. 1967, Rio de Janeiro, Brasil), expoente de uma geração que marcou o cenário carioca dos anos 1990, é reconhecido por sua produção multimídia, composta por desenhos, gravuras, pinturas, fotografias, vídeos, esculturas, instalações e performances, na qual se destaca seu olhar sempre permeado pelo senso de humor crítico sobre o espaço urbano. Inspirado pela paisagem metropolitana (inicialmente a carioca), o artista cria a partir de observações do cotidiano, desenvolvendo propostas que transitam entre o documental e a ficção. Suas obras, constituídas por materiais diversos que ressignificam os elementos visuais da cidade, estimulam reflexões sobre o espaço e o corpo social.
Mourão iniciou sua produção artística na segunda metade da década de 1980, participando de exposições a partir de 1991. Realizou, em 1989, os primeiros registros fotográficos sobre grades de proteção, segurança e isolamento presentes nas ruas do Rio de Janeiro, o que resultou em sua conhecida série Grades. A partir dos anos 2000, essa pesquisa foi desdobrada e resultou em esculturas, vídeos e instalações. Desde 2010, Mourão expandiu as referências utilizadas para outras estruturas modulares de formas geométricas próprias do contexto urbano, realizando esculturas e instalações cinéticas de caráter interativo, que podem ser acionadas pelo público.
Entre outros aspectos, o artista estabelece, por meio dessas obras, uma associação entre a problemática da violência urbana implícita nas obras anteriores e a preocupação formalista com o equilíbrio estrutural.
Nara Roesler é uma das principais galerias brasileiras de arte contemporânea, representando artistas brasileiros e internacionais fundamentais que iniciaram suas carreiras na década de 1950, bem como artistas consolidados e emergentes cuja produções dialogam com as correntes apresentadas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria tem consistentemente fomentado a prática curatorial, sem deixar de lado a mais elevada qualidade da produção artística apresentada. Isso tem sido ativamente colocado em prática por meio de um programa de exposições criterioso, criado em estreita colaboração com seus artistas; a implantação e estímulo do Roesler Curatorial Project, plataforma de iniciativas curatoriais; assim como o contínuo apoio aos artistas em mostras para além dos espaços da galeria, trabalhando com instituições e curadores. Em 2012, a galeria ampliou sua sede em São Paulo; em 2014 expandiu para o Rio de Janeiro e, em 2015, inaugurou um espaço em Nova York, dando continuidade à sua missão de oferecer a melhor plataforma para seus artistas apresentarem seus trabalhos.
A Galeria Hugo França está sediada em Trancoso no Sul da Bahia, na mesma área onde se encontra o Atelier Hugo França. Na margem da BA 0001 no entroncamento que dá acesso a Trancoso, a 7 Km do centro (quadrado histórico).
Um projeto de espaço pensado para abrigar exposições temporárias de artistas convidados, e intercâmbio com galerias que queiram expandir sua visibilidade em projetos aqui no sul da Bahia. A galeria foi projetada com um pé direito de 10m e área de 300m2, podendo abrigar obras de grandes dimensões, e seu entorno, gramados com áreas expositivas generosas.
Trancoso é um dos principais destinos turísticos brasileiro com um fluxo grande de estrangeiros, e um público frequentador de alto nível cultural. A galeria vem agregar ao turismo local um espaço onde possa ser mostrada a produção artística brasileira assim como receber artistas estrangeiros em residências artísticas.
E nesta área de 30.000m2 de terreno, cercados de Mata Atlântica, é possível conhecer de perto o Atelier Hugo França em visita guiada pelos galpões que abrigam a produção o parque onde ficam o Residuo Florestal e o espaço com as obras acabadas.
Exposição “Corta Fogo” de Raul Mourão
Local: Galeria Hugo França, em Trancoso – BA
Endereço: rodovia ba 001 s/n, próximo ao trevo trancoso/caraíva
Exposição – 2 de março–25 de junho, 2024
De seg–sex 10h–17h. sáb, dom e feriados somente com horário marcado
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