A Galeria Lume apresenta, de 30 de novembro de 2023 a 27 de janeiro de 2024, a nova mostra de “Renata Egreja: uma crônica mole”, com obras inéditas que variam entre grandes telas, aquarelas e cerâmicas. Com curadoria de Mariana Leme, a mostra traz o universo de criação de Egreja em suas cores e formas, emblemáticas da artista, que encontra grande inspiração na natureza ao seu redor e concebe seu trabalho de maneira gestual, trazendo certa ordem ao caos.
O trabalho de Egreja opera uma orquestra de estímulos visuais. A artista adentra o caos de possibilidades e com a ponta do pincel ordena seus aparentemente pequenos, mas vastos, universos encontrados em suas obras. E, como todo universo, se apresenta de maneiras infinitas, ora sobre tela, ora sobre papel, ora em cerâmica, mas sempre transbordando a identidade Egreja da criação.
Como escreve Mariana Leme, curadora da exposição, “As crônicas moles materializadas por Egreja não são a fabulação de um ideal totalizante: trata-se da própria vida que acontece, instável, movediça. Que traz em si a potência da transformação, inclusive a de fazer apodrecer todos aqueles que imaginavam outros seres como ‘disponíveis’. Assim, os nutrientes espoliados se renovam, e podem germinar um sem-fim de sementes, bagos, terras, frutos e, por que não?, estórias.”
A exemplo da outra individual da artista no Estado, a exposição “Cores do Interior”, trata-se de um percurso que vai do prosaico ao filosófico em 27 obras, em duas mostras autônomas, mas complementares, em cartaz até janeiro de 2024, no FAMA Museu, em Itu, e no MARP, em Ribeirão Preto. Ao adentrar “Renata Egreja: uma crônica mole”, o visitante se encontra perambulando por cosmos dinâmicos e vívidos, conhecendo lugares e traçando caminhos novos por entre suas criações e, assim como a artista, “reescrever novas estórias, cheias de começos sem fim, de iniciações, de perdas, de transformações e traduções, e muito mais artimanhas do que conflitos, muito menos triunfos do que armadilhas e delírios”.
No espaço expositivo II acontece a exposição “Sonho de vôo, medo da queda”, de Eduardo Coimbra, que explora através de céus e precipícios, imagens elementares da poesia, o sonho de voar e a queda, o lugar onde o homem se converte em imagem, em espaço, e os contrários se fundem. Da realidade à mitologia, o céu sempre foi um playground arriscado para o homem.
Questionar as leis da gravitação, tentar escapar da superfície terrestre, lançar-se no desconhecido. Entre duas turbulências, queremos voar, por hedonismo, por ativismo, ou para nos salvar, fugir do peso insustentável do mundo, por isso construímos utopias.
A obra de Coimbra trata da nossa necessidade de contemplar e remete tanto ao flâneur benjaminiano como ao apreciador de imagens na galeria das palavras de Bachelard; ambos partilham de uma solidão e são capazes de penetrar em outro mundo, o mundo misterioso do símbolo ou da alegoria, o partilhar da imagem poética.
Ao explorar fortes componentes do psiquismos humano, o sonho de voar e o medo da queda, a exposição de Eduardo Coimbra questiona onde guardamos as imagens que nos tecem? Como a imagem pode dizer o que, por natureza, a linguagem parece incapaz?
São Paulo, Brasil, 1984. Vive e trabalha em Ipaussú, Brasil.
A pintura como alegoria da vida. Para a artista plástica paulistana Renata Egreja, a pintura é uma festa, uma celebração da vida e o fio condutor de seu pensamento. Aos 38 anos e 14 de carreira, Renata dividiu sua formação entre São Paulo e Paris.
Vive e trabalha hoje no interior de São Paulo, com ateliê em uma fazenda na pequena cidade de Ipaussu. Vinda de uma família de agricultores, cresceu no meio rural e sempre teve a natureza como inspiração. Apaixonada por pintura desde pequena, sua primeira incursão profissional nas artes foi trabalhando com alegorias em escolas de samba do Rio (Mocidade Independente
de Padre Miguel) e de São Paulo (Nenê de Vila Matilde). E dessa festa da ancestralidade tira muito dos efeitos visuais, glitter, purpurina e alegria para a sua arte. Iniciou os estudos em Artes Plásticas na FAAP-SP, graduou-se na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris, onde fez também seu mestrado e iniciou sua carreira no circuito das artes. No Brasil, participou de diversas exposições individuais e coletivas no Instituto Tomie Ohtake, Paço das Artes, Zipper Galeria, Galeria Lume, Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, Museu de Arte de Curitiba, Sesc, dentre outros espaços. No exterior, teve obras expostas em Milão (Itália), Frankfurt (Alemanha) e Nova Déli (Índia). Possui trabalhos em acervos públicos e privados que trazem uma explosão de cores e de energia em suportes variados: telas, aquarelas sobre papel, pintura em óleo, acrílica, costura, cerâmica, escultura, vídeos, desenhos e instalações. Em comum, uma viva paleta de cores e sonhos sempre aquecidos.
As criações renderam prêmios como o Jovens Talentos, da Université Paris-Dauphine, em 2010; o Itamaraty de Arte Contemporânea, em 2012, e o Itamaraty Sanskriti Foundation, em 2013. Suas pinceladas viraram também moda, obras de vestir. A artista assinou coleção para a grife italiana Salvatore Ferragamo, dentre outras. Nos últimos anos, desde que se tornou mãe de duas meninas, Bia e Paloma, Renata tem se dedicado também a questões de gênero e à luta pelos direitos das mulheres. Sinal de que festa e luta andam sempre de mãos dadas.
Instagram: @regreja
Rio de Janeiro, 1955. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil.
Eduardo Coimbra é conhecido pelas suas instalações arquitetônicas site‐specific com mídias variadas. Seus primeiros trabalhos usam objetos cotidianos resgatados do anonimato por meio de pequenos motores e circuitos luminosos.
Muitas vezes convidando a participação do público, a obra de Coimbra inclui paisagens construídas, bem como maquetes de ambientes por vezes imaginários.
Eduardo Coimbra iniciou sua atividade artística no começo dos anos 90. Participou de exposições individuais e coletivas nas seguintes instituições: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu do Açude, Museu da República, Paço Imperial, CAIXA Cultural, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro de Arte Hélio Oiticica, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Espaço Cultural Sérgio Porto, Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Bienal de São Paulo, Museu da Casa Brasileira, Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia, Instituto Tomie Ohtake, Galeria Nara Roesler, em São Paulo; Museu de Arte da Pampulha, Palácio das Artes em Belo Horizonte, MG; Centro Cultural Banco do Brasil, FUNARTE, Espaço Cultural 508 Sul, em Brasília, DF; Museu Vale do Rio Doce, em Vila Velha, ES; OK, Offenes Kulturhaus Oberösterreich, Linz, Galerie der Stadt Schwaz, Schwaz, na Áustria; Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Palácio Pereda, em Buenos Aires, Argentina; Somerset House, Parasol unit, em Londres, Inglaterra; Fundação Kalouste
Gulbenkian, em Lisboa, Portugal; Centre Gallery, em Miami, EUA; Centro per l’arte contemporanea Luigi Pecci, em Prato, Italia.
Realizou trabalhos no espaço público nos seguintes locais: Praça XV de Novembro, Praça Tiradentes e Jardins do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro; Praça Charles Miller e Largo da Batata, em São Paulo; Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, em Porto Alegre, RS; Kusnetsky Most, em Moscou, Russia; Lange Voorhout, em Haia, Holanda.
A Galeria Lume foi fundada em 2011 com a proposta de fomentar o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos ao lado de seus artistas e curadores convidados. Dirigida por Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo, a Lume se dedica a romper fronteiras entre diferentes disciplinas e linguagens, através de um modelo único e audacioso que reforça o papel de São Paulo como um hub cultural e cidade em franca efervescência criativa.
A galeria representa um seleto grupo de artistas estabelecidos e emergentes, dedicada à introdução da arte em todas as suas mídias, voltados para a audiência nacional e internacional, através de um programa de exposições plural e associado a ideias que inspiram e impulsionam a discussão do espírito de época. Foca-se também no diálogo entre a produção de seus artistas e instituições, museus e coleções de relevância.
A presença ativa e orgânica da galeria no circuito resulta na difusão de suas propostas entre as mais importantes feiras de arte da atualidade, além de integrar e acompanhar também feiras alternativas. A galeria aposta na produção de publicações de seus artistas e realização de material para pesquisa e registro. Da mesma forma, a Lume se disponibiliza como espaço de reflexão e discussão. Recebe palestras, performances, seminários e apresentações artísticas de natureza diversa.
“Renata Egreja: uma crônica mole” de Renata Egreja
Curadoria: Mariana Leme
Local: Galeria Lume
Abertura: 30 de novembro, quinta-feira, das 18h às 22h
Período expositivo: 30 de novembro de 2023 a 27 de janeiro de 2024
Horário de visitação: Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 15h
Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo – SP
Entrada gratuita
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