Art Market

Entrevista com Art Advisor: Florencia Azcune

Por eduardo - novembro 28, 2023
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“Talvez o mais importante seja a imparcialidade, sempre zelando pelo interesse dos clientes, dos colecionadores”

Com mais de sete anos de experiência no campo, Florencia Azcune traz uma riqueza em conhecimento e experiência única sobre o mercado de arte brasileiro.

Por três anos, ela ocupou o cargo de Advisory Director na KURA, além de desempenhar um papel como profissional de Relações com Galerias e Imprensa na SP-Arte, e Global Accounts Executive na Pickes PR, uma agência de comunicação internacional, focada em artes e sediada em Londres. Hoje ela atua como Art Advisor com sua própria carteira de clientes e é representante do Relacionamento com Colecionadores das feiras ArPa (São Paulo) e ZONA MACO (Cidade do México). Florencia busca criar pontes entre os diferentes países da América Latina e trazer mais atenção internacional para a região.

Em entrevista exclusiva, Flor me contou sobre pilares indispensáveis para qualquer Art Advisor. Além disso, conversamos sobre como estes profissionais agregam valor aos diferentes stakeholders do mercado de arte, além de desafios e oportunidades que os mesmos podem enfrentar durante sua carreira. Confira!

Flor, o que diferencia um BOM Art Advisor de um ÓTIMO Art Advisor?

❀ O Art Advisor é um agente intermediário entre o colecionador, o sistema e o mercado de arte —  seja artistas, marchands, leilões, galerias— . E por ser esse intermediário, ele (Advisor) primeiro precisa entender muito bem o mercado, ter inteligência sobre o mesmo e ter o acesso e os relacionamentos. Sem esse acesso, sem esses relacionamentos, nem sempre você consegue as melhores obras e oportunidades para o seu cliente. Além da compreensão do mercado, é essencial conhecer a fundo o colecionador e, a partir disso, zelar pelos seus interesses. É por meio desses vínculos de confiança e de uma total imparcialidade que se geram aquisições relevantes para o cliente.

Como você vê que os Art Advisors agregam valor aos colecionadores de arte?

❀ Eu acredito que seja principalmente pelo conhecimento do mercado nacional e internacional, por meio de um estudo profundo do que acontece e do que aconteceu. Enfim, um entendimento da história da arte, do histórico de mercado, acompanhando as novas tendências.. Não menos importante, é o relacionamento com curadores e instituições, que apontam os artistas que terão destaque e peso nas exposições em museus, bienais e galerias. São esses índices que embasam as aquisições e agregam valor para o colecionador.

Como você vê que os Art Advisors agregam valor aos demais agentes do mercado de arte (galerias, feiras, escritórios) ?

❀ Os Art Advisors são um canal para novas frentes, novos colecionadores. E, além disso, a são capazes de aprofundar o relacionamento das próprias galerias com colecionadores que eles já trabalham. Colecionadores que passam a ser atendidos por bom advisor podem vir a intensificar seu vínculo com a arte e, consequentemente, virar um cliente mais fiel para a galeria. O Art Advisor acompanha o cliente na sua jornada no colecionismo: nas feiras de arte, exposições, pesquisas e instalações de obras … Então, é uma relação muito profunda e que, quando é boa, ela pode até enriquecer uma coleção, por exemplo.

Quais, você acredita, deveriam ser os 3 principais objetivos de um Art Advisor?

❀ Acho que o primeiro é o entendimento do colecionador, do que move ele, do que ele gosta e dos interesses gerais da pessoa. Um segundo objetivo é uma compreensão profunda do mercado nacional e internacional. E o terceiro objetivo e mais importante é a imparcialidade. É com esse foco que criam bons e duradouros relacionamentos. 

O que um Art Advisor NÃO DEVE fazer ?

❀ Ser tendencioso, acabar favorecendo alguma galeria em vez da outra por exemplo, acho que essa neutralidade é essencial.

Quais os 3 maiores desafios que Art Advisors enfrentam atualmente?

❀ Temos um grande desafio:no Brasil, há uma falta de compreensão sobre o papel do Art Advisor. Nem todas as pessoas sabem que o Advisor é o agente entre o colecionador e a galeria, o marchand, o leilão. Há também pouca informação relacionada ao mercado e de como arte é um ativo, não só cultural, mas financeiro. Diversos estudos indicam o potencial da arte como forma de diversificar investimentos, inclusive uma pesquisa realizada em 2022 pela plataforma Masterworks indica que no cenário internacional de inflação, arte contemporânea teve um retorno de 13% versus 5% em investimentos em S&P 500 e 3,2% relacionados a mercados emergentes. O relatório do Citi Bank revelou que durante o período de COVID-19 (2020-2021), por exemplo, houve uma valorização de 28,2% de investimentos em arte, que superaram investimentos em fundos multimercado e mercado imobiliário.

Na sua opinião, quais são as 3 maiores oportunidades que você enxerga para Art Advisory?

❀ As oportunidades estão muito relacionadas aos desafios. Alcançar mais pessoas e assessorá-las na aquisição de obras de arte é a grande meta. Para isso, é essencial que haja um apoio maior ao setor e uma maior disseminação de eventos, exposições de arte, além de mais veículos de comunicação especializados em  arte, seja no digital, seja no físico. Essa oportunidade no Brasil é enorme e ainda está muito aquém do mundo.

Entrevista feita por: Eduardo Freitas Valle

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Bacharel em Marketing pela USP, foi pesquisador USP, CNPQ e FGV, com foco na avaliação de obras de arte como ativos financeiros e mercado de arte brasileiro. Realizou Projetos de férias em consultoria para a avaliação do comportamento de consumidores em varejo de moda. Atuou como Marketing, PR & New Business na DOMO Invest, gestora focada em early-stage venture capital.

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