A Galeria Nonada ZN, espaço de difusão cultural sito na Zona Norte do Rio de Janeiro, no bairro da Penha, abre duas mostras individuais simultâneas: “O burro cansou” de Gerben Mulder, sob curadoria de Luiz Zerbini e Paulo Azeco e “Xepa”, da artista Nati Canto onde Luisa Seipp assina a curadoria. Duas mostras independentes de suprema consistência, a exposição de Gerben Mulder, em parceria com a Fortes D’Aloia & Gabriel, é uma retrospectiva que reúne pinturas, desenhos e esculturas dos últimos 20 anos da produção do artista e a mostra de Nati Canto, em sua primeira individual na galeria, exibe 12 esculturas performando uma ode ao absurdo. O vernissage é dia 25 de maio, sábado, das 13 às 17hs, na Rua Conde de Agrolongo, 677, Penha, RJ.
Temos o orgulho de apresentar O burro cansou, uma retrospectiva de Gerben Mulder na NONADA ZN com curadoria de Luiz Zerbini e Paulo Azeco, em parceria com a Fortes D’Aloia & Gabriel. A mostra reúne pinturas, desenhos e esculturas dos últimos 20 anos da produção do artista.
Mulder, que vive e trabalha em Amsterdã, apresenta pela primeira vez uma visão panorâmica de sua obra no Rio de Janeiro. O artista explora flores, figuras humanas e animais como pontos de partida para suas pinturas oníricas repletas de energia erótica. Em cenas fragmentárias ou naturezas-mortas, a ambientação taciturna de seus quadros responde à observação do público com ecos de alucinação. Vacilando entre rostos de adultos e corpos infantis, seus personagens em permanente transformação trilham uma linha tênue entre inocência e perversidade.
Em pinturas como The blind leading the blind (2017), uma cena alegórica se desenrola num colorido híbrido sem cores puras, tratada com ironia e um senso de humor sardônico. As telas de Mulder parecem construídas a partir do acúmulo maníaco de camadas, rabiscos e turbilhões de tinta, com o aspecto figurativo quase dissolvido sob os véus de informação pictórica, como em Reclining nude (2017). As criaturas do artista tomam forma num espaço pictórico indefinido ou ainda em definição. Em desenhos como Tears of an angel (2019), um anjo hermafrodita aparece desarraigado mas aspirante ao céu, entre a carnalidade ameaçadora e a travessura. Em outros, como Monkey seduction (2015) e Divided pleasures (2022), a dimensão erótica de sua poética toma centralidade, e na indeterminação das figuras existe um aceno à dimensão corrosiva e volátil do desejo.
A mostra na NONADA ZN ocorre em paralelo à exposição dialógica Gerben Mulder & Iberê Camargo, na Carpintaria, com curadoria de Luiz Zerbini, Paulo Azeco e Tiago Mesquita.
“Xepa”, a primeira exposição individual da artista Nati Canto na NONADA, sob curadoria de Luisa Seipp, é uma ode ao absurdo. O início do projeto se dá com a série “Bituca” (2024), que mergulha no universo das pontas de cigarros descartadas nas ruas, bem como nos restos de frutas e legumes nos chãos de feiras, onde uma beleza decadente se mescla à vida urbana pulsante. A artista desafia as percepções convencionais ao criar obras que encapsulam a contradição do mundo contemporâneo.
Com 10 obras inéditas, desenvolvidas especialmente para a exposição, Nati Canto faz uso de ingredientes culinários considerados nobres, como urucum, barbatimão, cacau preto, spirulina verde e tucupi, transformando-os em gelatinas em sua cozinha-ateliê para compor suas obras. No entanto, essa nobreza é contrastada com a própria gelatina, um subproduto desperdiçado da agropecuária nacional. Em diálogo com a arte brasileira, sua produção extrapola as técnicas tradicionais do campo artístico, trazendo procedimentos gastronômicos para o universo da arte contemporânea. Sua pesquisa se concentra na investigação do prazer, da memória e dos sentidos, suscitados tanto pelo ato de comer quanto pelas questões sobre permanência postas pela materialidade de suas obras.
“Xepa” convida o público a explorar um espaço para incertezas e ambiguidades, aberto a interpretações diversas.
Trabalhando atualmente com materiais da culinária, Nati Canto utiliza gelatinas, tapiocas, pães de massa morta e pigmentos naturais para criar objetos que se posicionam entre a pintura, a escultura e a instalação. Em diálogo com a arte brasileira, sua produção extrapola as técnicas tradicionais do campo artístico trazendo ao universo da arte contemporânea procedimentos gastronômicos. Sua pesquisa se volta à investigação do prazer, da memória, dos sentidos, suscitados tanto pelo ato de comer, pelo processo de assimilação da comida pelo corpo e sua evacuação, quanto pelas questões sobre permanência postas pela materialidade de suas obras. Nesse sentido, seus trabalhos procuram refletir a respeito da simbologia da alimentação, do processo digestivo no corpo e sobre os ciclos de vida e de morte.
NONADA, um neologismo que remete ao não lugar e a não existência. Como o próprio significado de NONADA diz, ela surge com o intuito de suprir lacunas momentâneas, ou permanentes, com um novo conceito. A galeria, inclusiva e não sectária, enquanto agente promotor de encontros e descobertas com anseio pela experimentação, ilustra possibilidades de distanciar-se de rótulos enquanto amplia diálogos. “NONADA é um híbrido que pesquisa, acolhe, expõe e dialoga. Deixa de ser nada e passa a ser essência por acreditar que o mundo precisa de arte… e arte por si só já é lugar”, definem João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo. A NONADA mostra-se necessária após a constatação, por seus gestores, da imensa quantidade de trabalhos de boa qualidade de artistas estranhos aos circuitos formais e que trabalham com os temas atuais, sem receio nem temor em abordar tópicos políticos, identitários, de gênero ou qualquer outro assunto que esteja na agenda do dia; que seja importante no hoje. “Queremos apresentar de forma plural novos talentos, visões e força criativa”. O processo de maturação da NONADA foi orgânico e plural pois “abrangeu desde nossa experiência como também indicações de artistas, curadores, e de buscas aonde fosse possível achar o que aguardava para ser descoberto”, diz Paulo Azeco. Ludwig Danielian acrescenta: “não queremos levantar bandeiras, rótulos, e sim valorizar a boa arte, que independe de estereótipos. Queremos ter esta proposta de galeria em Copacabana, bairro popular, e na Penha, no subúrbio, na periferia do circuito de arte, para que se leve excelentes trabalhos a todos”.
Exposição: “O burro cansou”
Artista: Gerben Mulder
Curadoria: Luiz Zerbini e Paulo Azeco
Exposição: “Xepa”
Artista: Nati Canto
Curadoria: Luisa Seipp
Abertura: 25 de maio – sábado – das 13h às 17h
Período: de 25 de Maio a 10 de Agosto de 2024
Local: NONADA ZN – @nonada_nada
Endereço: Rua Conde de Agrolongo, 677, Penha, RJ
Dias e Horários de funcionamento: quinta e sexta, das 12h às 17h || sábado, das 11h às 15h
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