Inhotim anuncia nova programação com obras de Isaac Julien, Arjan Martins, Laura Belém e Jaime Lauriano. Em parceria com IPEAFRO, o Instituto inaugura ainda o Segundo Ato de Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, com exposição que aborda as origens do museu através do Teatro Experimental do Negro, iniciativa criada por Abdias.
O Inhotim sedia um museu dentro de seu espaço e traz, ao longo de dois anos, o projeto idealizado por Abdias Nascimento (1914-2011) no início da década de 1950: o Museu de Arte Negra. O projeto teve início em dezembro de 2021, com a abertura da exposição Primeiro Ato: Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra.
Desta vez, sob o signo de Oxóssi, guardião das matas e Orixá do trono do conhecimento, o Segundo Ato do projeto, intitulado Dramas para negros e prólogo para brancos, abarca um período marcado pelo teatro na formação artística e política de Abdias Nascimento, e na concepção inicial da coleção do Museu de Arte Negra, de 1941 até 1968 — ano em que Abdias iniciou o exílio nos Estados Unidos e na Nigéria.
Exibida na Galeria Mata, a mostra aborda o Teatro Experimental do Negro (TEN), iniciativa da qual nasceu o Museu de Arte Negra. Criado por Abdias Nascimento em 1944, no Rio de Janeiro, o TEN tinha como propósito central conquistar espaço para pessoas negras nas artes cênicas.
A exposição traz ao público documentos sobre a trajetória do Teatro Experimental do Negro, pinturas de Abdias e trabalhos de artistas como Anna Bella Geiger, Heitor dos Prazeres, Iara Rosa, José Heitor da Silva, Sebastião Januário, Octávio Araújo e Yêdamaria, que integram a coleção do Museu de Arte Negra do IPEAFRO, que assina a curadoria com o Inhotim.
Em um trabalho que une poesia e imagem, Isaac Julien parte de uma exploração lírica sobre o mundo privado do poeta, ativista social, romancista, dramaturgo e colunista afro-americano Langston Hughes (1902-1967) e seus colegas artistas e escritores negros que formaram o Renascimento do Harlem — movimento cultural baseado nas expressões culturais afro-americanas que ocorreu ao longo da década de 1920. A investigação sobre personalidades proeminentes do século 20, como Langston, é uma constante na obra de Isaac Julien.
Looking for Langston é considerado um trabalho fundamental para estudos afro-americanos e, nos últimos 30 anos, tem sido amplamente apresentado em universidades, faculdades e escolas de arte norte-americanas.
Marcando a abertura do programa Inhotim Biblioteca, Jaime Lauriano apresenta uma ocupação de ativação na biblioteca do Instituto, estabelecendo diálogo direto com o Segundo Ato de Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra.
O Inhotim Biblioteca trará ao público um espaço coletivo e aberto voltado à leitura a partir de um recorte bibliográfico, visual e sonoro proposto por Jaime Lauriano, a fim de construir uma coleção voltada ao pensamento pan-africanista.
A pesquisa de Jaime Lauriano, artista paulistano que vive entre São Paulo e Lisboa, busca trazer à superfície traumas históricos relegados ao passado e aos arquivos confinados, em propostas de revisão e reelaboração coletiva da História.
O novo programa do Inhotim, Acervo em Movimento, nasce do desejo da instituição em se manter como um lugar vivo, em constante transformação, trazendo ao público as novas aquisições do acervo.
No lago entre as Galerias Mata e True Rouge, dois barcos a remo equipados com holofotes que se iluminam, frente a frente, na água. É Enamorados (2004), trabalho da artista mineira Laura Belém, exposto pela primeira vez em 2004 na lagoa da Pampulha, na cidade de Belo Horizonte, e no ano seguinte na 51ª Bienal de Veneza.
Instalalção de Birutas (2021) traz elementos comuns à poética do artista, com conceitos como migrações e outros deslocamentos de corpos e presenças entre espaços de luta e poder, e ainda as diásporas e os movimentos coloniais que se deram em territórios afro-atlânticos. Posicionada entre a galeria Marilá Dardot e a Piscina (2009), de Jorge Macchi, a obra consiste de aparelhos destinados a indicar a direção dos ventos, que se fundem às bandeiras marítimas e seus códigos internacionais para transmitir mensagens entre embarcações e portos.
As inaugurações integram o Território Específico, tema de pesquisa e eixo que norteia a programação do Instituto no biênio de 2021 e 2022, pensada para debater e refletir a função da arte nos territórios a níveis local e global.
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