Algumas mostras são antológicas por espelharem sutilezas que enaltecem a energia positiva da arte.
A Pinakotheke Cultural realizou no presente ano duas exposições memoráveis, a primeira revelando a forte amizade que unia dois grandes artistas Alfredo Volpi e Bruno Giorgi, reunindo obras excepcionais numa montagem museológica impecável, característica inerente aos eventos do prestigioso espaço.
Recentemente, foi aberta uma outra exposição preciosa, “Leonilson por Antonio Dias – Perfil de Uma Coleção” com obras bem representativas cobrindo um período marcante no percurso de Leonilson, além de farta documentação que destaca a visão criativa de um artista sensível que soube vivenciar a arte em cada instante.
Desde os seus diários com anotações, a realização de notáveis desenhos, impactantes pinturas e tantas outras formas de expressão com uma poética em que a essência está no sublime, no passageiro, nas nuances dos traços nos papeis e nas telas, além das linhas nas tramas dos tecidos, uma incrível variação de suportes.
Uma arte exponencial, numa linguagem intimista que prima pela profundidade dos significados e pela pureza de uma linguagem sutil, mas absorta na própria fragilidade humana.
Dentre as obras que revelam o vínculo de amizade, uma se sobressai, é a ponte de madeira, que Leonilson fez em Milão, para Antonio Dias, simbolicamente une os extremos, as pessoas, uma ligação com o imponderável, com outras dimensões, as interpretações são infinitas, dependendo do olhar e do momento de cada um.
A amizade entre Antonio Dias e Leonilson foi bem alicerçada, com influências que fortaleceram a caminhada de Leonilson pelos rumos instigantes da arte promovendo uma renovação nos resultados, buscando nas infinitas possibilidades o frescor do contundente com a magia do arrojo revolucionário.
Confrontos, contrastes, superações, desafios, dores, amores, solidões, conquistas, lutas, glorias, afetos e desafetos entre tantas barreiras e estímulos fizeram de José Leonilson Bezerra Dias (1957-1993), um artista engajado no seu tempo preocupado com os preconceitos e as injustiças sociais que sempre assolaram o país. A sua expressividade não tinha limites, surgia nas pinturas, nos bordados, nos desenhos, nas instalações, nos figurinos, nos cenários e nos textos.
A concepção da mostra com a publicação de um excelente catálogo teve início em outubro de 2015 em Fortaleza, no Ceará, prologando-se até 2017, como bem frisa Max Perlingeiro. A ideia de Antonio e sua esposa Paola Chieregato era mostrar a coleção, contar a história, realçar a grande amizade pelo “Leo”.
O começo foi em Milão, Itália, numa fria madrugada do outono de 1981, em que Leonilson se aproximou de Antonio Dias por indicação de Arthur Luiz Piza, uma amizade que se solidificou intensamente nos anos 80 até o falecimento precoce do “Leo” em 1993, com apenas 36 anos.
A correspondência entre ambos pode ser apreciada numa vitrine estrategicamente posicionada, reunindo objetos do “Leo” entre tantas curiosidades que colaboram para a compreensão do desenvolvimento da obra de um grande artista. Participou de importantes mostras tanto no Brasil como no exterior, de várias Bienais, dos Panoramas de Arte Brasileira e da antológica “Como Vai Você, Geração 80?”.
Em 1994, recebeu uma homenagem póstuma e prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pela exposição na Galeria São Paulo e pela instalação na Capela do Morumbi.
Interessante destacar que a sua memória está preservada graças a Sociedade Amigos do Projeto Leonilson, fundada em 1995, por seus amigos e familiares, especialmente por sua irmã Ana Lenice Dias, Presidente da instituição, que conta como Conselheiro, o visionário Pedro Mastrobuono, que recentemente realizou um espetacular Leilão de Arte em prol do Projeto Felicidade, na Hebraica.
A exposição reuniu obras raras de consagrados artistas brasileiros de diversas épocas, um acervo notável de Lasar Segall a Volpi passou por tantos valores inquestionáveis como o próprio Leonilson com três obras marcantes.
A mostra das peças que foram leiloadas era digna de um museu de alto nível cobrindo a Arte Acadêmica, o Modernismo, o Concreto e o Neoconcreto, o Contemporâneo, a Arte Naïf e Arte Primitiva, a Escultura, a Fotografia, a Gravura a Tapeçaria e o Mobiliário. Uma brilhante iniciativa unindo arte e solidariedade humana, um exemplo a ser seguido.
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