Almeida & Dale anuncia sua última exposição do calendário 2024. Segundo o que sugere a filósofa Isabelle Stengers no Manifesto for Slow Science, é fundamental desacelerar e estarmos abertos a formas de conhecimento inclusivas, não hegemônicas e coletivas, que reconsiderem a separação entre cultura e natureza, promovendo uma consciência ecológica profunda. Para a curadora María Inés Rodríguez, este é o ponto de partida para apresentar a exposição “Paisagens Temporais: Perspectivas em Evolução”, que abre para o público no próximo dia 26, às 11h.
A proposta é abrir um diálogo entre gerações de artistas cujas obras abordam a transformação constante da natureza e as incertezas que definem o ambiente ecológico atual. Pelas instalações de Marlene Almeida e uma seleção de obras do acervo da coleção da Almeida & Dale, incluindo Tomie Ohtake, Farnese de Andrade, Eleonore Koch, Djanira da Motta e Silva, Ione Saldanha e Leonilson, além de Joseca Yanomami e Vivian Caccuri, representados pela Millan, a sequência de obras revela uma continuidade delicada, mas significativa, entre diferentes territórios, tempos e práticas artísticas. “O tecido visual não só documenta as mutações ambientais, como também, por intermédio das propostas artísticas, nos convida a repensar as ecologias que surgem como resposta à crise global, tanto em suas dimensões materiais quanto simbólicas”, escreve a curadora.
Temperaturas ora elevadas, ora abaixo da média, chuvas fortes, ventanias, a chegada de furacões e tornados, queimadas e o descompasso iminente das questões da natureza estão em pauta em todo o mundo. Para compor esta mostra, uma seleção de obras transcende seu papel de testemunha da deterioração causada pelos séculos de extrativismo e joga luz ao colapso ambiental e a urgente necessidade de uma transição energética. “Muito além de indicar uma problemática, as obras erguem-se como plataformas, a partir das quais são propostas formas alternativas de imaginar e habitar o mundo”, aponta María Inés Rodríguez.
O compromisso de Marlene Almeida, eixo central da exposição, com o uso de materiais locais e sustentáveis, profundamente ancorado em uma prática que privilegia os recursos que respeitam o meio ambiente, destaca uma reflexão crítica sobre as formas em que as cadeias de produção e consumo têm impacto tanto local quanto globalmente. Este enfoque questiona a relação extrativa que é mantida com o planeta e propõe um caminho para práticas regenerativas que convidam a imaginar outras formas de convivência.
Na exposição, o foco se dá na proposição de um espaço no qual se entrelaçam diversas narrativas estéticas, ecológicas e culturais, todas elas comprometidas com a busca por novas formas de resistência e regeneração diante das crises contemporâneas.
Ao conectar o local com o global, Paisagens Temporais propõe outra escala e dimensão de decisões a serem tomadas em torno da transição energética. “As obras que integram a mostra podem articular e gerar possibilidades de ação coletiva e criativa para a regeneração ambiental, estimulando aos espectadores a imaginarem formas de vida mais sustentáveis e justas”, completa a curadora.
Obras de Djanira da Motta e Silva, Eleonore Koch, Farnese de Andrade, Ione Saldanha, José Leonilson, Joseca Mokahesi Yanomami, Marlene Almeida, Tomie Ohtake, Vivian Caccuri
María Inés Rodríguez tem uma prática curatorial e institucional centrada no estabelecimento do museu como uma plataforma de conhecimento através de exposições, programas culturais e educativos. Atualmente, é diretora da Fundação Walter Leblanc em Bruxelas. Rodríguez é também a fundadora do Tropical Papers, um fórum cultural inclusivo criado em 2005, dedicado a promover a reflexão crítica sobre arte, arquitetura, design e investigação científica, com enfoque nos profissionais da cultura dos trópicos. Suas funções anteriores incluem a de Diretora do CAPC Musée d’art Contemporain em Bordeaux, França; Curadora Chefe do MUAC (Museo Universitário Arte Contemporâneo) na Cidade do México; Curadora Chefe do Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (MUSAC) na Espanha; Curadora do MASP; e Curadora Convidada do Jeu de Paume, em Paris.
Fundada em 1998, a Almeida & Dale promove o trabalho e legado de artistas brasileiros entre instituições e coleções privadas em todo o mundo. Ao longo de sua história, a galeria vem desempenhando um papel central ao revisitar a produção de artistas fundamentais na história da arte, incluindo nomes consagrados e outros ainda pouco conhecidos. Mostras recentes incluem individuais de Lygia Pape, José Leonilson, Hélio Melo e Sidney Amaral, além de coletivas que propõem diálogos entre o acervo da galeria e a obra de artistas contemporâneos. Sob a liderança de Antônio Almeida e Carlos Dale, a galeria organiza exposições pautadas em pesquisa aprofundada, frequentemente acompanhadas por publicações amplamente reconhecidas por sua originalidade e qualidade histórica e acadêmica. Além de seu programa de exposições e publicações, Almeida & Dale tem como foco a preservação e divulgação de legados de artistas históricos, como Rubem Valentim (1922-1991), uma das principais figuras do modernismo afro-brasileiro, e Luiz Sacilotto (1924-2003), renomado artista concreto.
Exposição “Paisagens Temporais: Perspectivas em Evolução”
Abertura dia 26 de outubro, sábado, das 11h às 16h
Visitação até dia 28/02/2025 | seg-sex. 10h-18h, sáb. 11h-16h
Almeida & Dale: Rua Caconde, 152 | Jd. Paulista | Tel. 11 3882-7120
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