Para recapitular os acontecimentos do do Golpe Militar brasileiro (1964–1985), a Pinacoteca e o Memorial da Resistência de São Paulo colaboram para promover discussões sobre o estado de exceção, utilizando os acervos artísticos e documentais de ambas as instituições. A exposição conjunta está localizada no 2º andar da Pina Estação.
Um dos pontos altos da exposição é a obra “Fantasmas da Esperança” (2018), de Marcela Cantuária, pertencente ao acervo da Pinacoteca, que traz elementos simbólicos relacionados ao tema em discussão.
A bandeira do Brasil é central na obra, porém, desprovida de sua cor verde, substituída pelo vermelho. Essa mudança remete ao significado de Brasil em tupi-guarani, que é “vermelho como brasa”. O símbolo nacional adianta a narrativa proposta pela autora, contradizendo interpretações oficiais e evocando memórias de um passado sombrio, com referências a pessoas desaparecidas, torturadas e corpos espalhados ao redor da bandeira. Apesar do vermelho predominante, tons mais claros no centro da obra representam o arcano Estrela, simbolizando a consciência do passado e a esperança por mudanças profundas.
A exposição, realizada em parceria com o Memorial da Resistência e outros três acervos, destaca também obras como “A Corda” (1967) de Neide Sá, apresentada em uma nova configuração, e “Desdobramentos” (2017) de Jefferson Medeiros, do acervo da Pinacoteca, que é uma das maiores e mais antigas coleções institucionais do país sobre esse período histórico.
Além disso, parte do acervo do jornalista e ex-preso político Alípio Freire e sua esposa Rita Sipahi, composto por registros de presos políticos na Ditadura Civil-Militar (1964–1985), está em diálogo com a coleção da Pinacoteca. Pinturas, desenhos, colagens e gravuras realizadas em diferentes prisões de São Paulo durante os anos 70 fazem parte desse acervo, integrado ao Memorial da Resistência desde 2023. O coletivo Mulheres Possíveis também apresenta um projeto artístico multidisciplinar desenvolvido em colaboração com mulheres em situação de cárcere na Penitenciária Feminina da Capital desde 2016.
O acervo da exposição destaca a realidade do cárcere nos dias atuais, com foco na narrativa corporal como elemento central da experiência. Os visitantes poderão conhecer as imagens produzidas por mulheres em situação de privação de liberdade durante as oficinas do projeto, que resultaram na publicação “Mulheres Possíveis – corpo, gênero e encarceramento” em 2019.
Por fim, o acervo do projeto comunitário Bajubá, que registra memórias das comunidades LGBT+ brasileiras, também estará presente na exposição, mostrando a diversidade sexual e de identidades de gênero no período militar.
Período expositivo: 06 abr 24 — 18 ago 24
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Endereço: Praça da Luz, 2 – Luz, São Paulo – SP, 01120-010
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