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Zipper Galeria exibe “Ser Ilha”, exposição inédita de Felipe Goés

A Zipper Galeria apresenta “Ser Ilha”, exposição inédita de Felipe Góes. Com texto curatorial de Renata Rocco, a mostra reúne o conjunto de 8 pinturas que evocam paisagens em constante formação, erosão e reinvenção.

O ponto de partida conceitual da exposição emerge do encontro entre a obra do poeta Manoel de Barros (1916-2014) e o fenômeno natural que originou Surtsey — ilha formada no Atlântico sul da Islândia em decorrência de uma erupção vulcânica entre 1963 e 1967.

Desde a erupção, Surtsey vem sendo moldada pela erosão dos ventos e do mar, que já reduziu a ilha a quase metade de suas dimensões, em um ciclo contínuo de feitura e desfazimento. Esse processo ressoa diretamente no gesto pictórico de Góes: camadas sucessivas de tinta cobrem parcialmente tentativas anteriores de forma, revelando e ocultando memórias, fantasias e construções imagéticas.

Felipe Góes, Pintura 377, 2020

Nesse sentido, a exposição dialoga com a poética de Manoel de Barros, poeta brasileiro do século XX cuja obra se debruça sobre a reinvenção do olhar para o mundo ordinário. Inspirado pelo Pantanal, Barros transformava coisas mínimas em matéria filosófica, celebrando o “desimportante” com lirismo e humor. Seus termos — como “ser”, “transver” e “desformar” — oferecem chaves sensíveis para pensar a lógica interna das pinturas de Góes, marcadas por camadas, apagamentos e reconstruções.

Em suas telas, Góes sobrepõe camadas de tinta para criar imagens que não se fixam completamente. Suas pinturas evocam formas que emergem e se desfazem, como se estivessem em fluxo, como se fossem fragmentos de um mundo em lenta deriva.

A curadoria traz leituras que ampliam os sentidos da obra, articulando questões telúricas e poéticas. “Ser Ilha” propõe uma experiência em que a paisagem se torna metáfora de um estado de transição — entre o visível e o intuído, entre o gesto e o apagamento. Assim, o processo pictórico espelha os próprios ciclos de criação, transformação e desaparecimento do mundo natural.

Renata Rocco, autora do texto curatorial ressalta que: “As ilhas de Felipe Góes não existem no mundo real. São fabulações, construídas sem mapa ou bússola, nascidas no instante do gesto. São invenções que ganham corpo à medida que são pintadas, como se o artista criasse territórios à deriva, onde podemos nos perder — ou nos encontrar”.

Sobre o artista Felipe Góes

Felipe Góes (São Paulo, 1983) vive e trabalha em São Paulo. Sua pesquisa se volta à representação de paisagens e do cosmos, explorando como percebemos e construímos imagens no tempo presente, em diálogo com questões ligadas à natureza, ao meio ambiente e à experiência da existência no planeta.

Felipe Góes, Pintura 339, 2019

Realizou exposições individuais na Zipper Galeria (São Paulo, 2023), Galeria Kogan Amaro (Zurique, 2022 e São Paulo, 2022 e 2019), Galeria Murilo Castro (Belo Horizonte, 2018), Istituto Moreira Salles (Poços de Caldas, 2017), Galeria Virgílio (São Paulo, 2016 e 2018), Central Galeria de Arte (São Paulo, 2014), Phoenix Institute of Contemporary Art (Arizona, EUA, 2014) e Usina do Gasômetro (Porto Alegre, 2012).

Participou das exposições coletivas “Ainda não é o fim do mundo” (Paço das Artes, São Paulo, 2025), “El viaje interminable” (Palácio Pereda, Embaixada Brasileira em Buenos Aires, Argentina, 2023), “Ephemeral Existence – Teleportal” (Studio 620, Nova York, EUA, 2022), “Mapping Spaces” (Kentler International Drawing Space, Nova York, EUA, 2016), “2a Bienal Internacional de Asunción” (Assunção, Paraguai, 2017), e “Utopia de colecionar o pluralismo da arte” (Fundação Marcos Amaro, Itu, 2019).

Envolveu-se também em residências artísticas em Ottawa School of Art (Ottawa, 2024); School of Visual Arts (Nova York, 2021); Phoenix Institute of Contemporary Art (Phoenix, 2014) e Instituto Sacatar (Itaparica, 2012).

Sobre a curadora Renata Rocco

Renata Rocco é pesquisadora e curadora. Tem Pós-doutorado pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP, 2023 – Bolsa FAPESP), Doutorado (2018 – Bolsa FAPESP) e Mestrado (2013 – Bolsa CAPES) pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo, todos sob orientação da Profa. Dra. Ana Gonçalves Magalhães, docente e curadora do MAC USP.

Rocco é autora do livro “Danilo Di Prete em Ação: a construção de um artista no ambiente da Bienal de São Paulo” (2022), artigos sobre arte moderna italiana e brasileira, e sobre as primeiras edições da Bienal de São Paulo. Foi curadora de exposições de arte moderna MAC USP e de artistas contemporâneos em São Paulo. Foi membro do Comitê de Indicação do PIPA 2025 e trabalha desde março de 2024, no Acervo Artístico dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

Sobre a Zipper Galeria

Localizada no bairro dos Jardins, em São Paulo, a Zipper Galeria é muito mais do que uma galeria de arte; é um espaço dinâmico que se reinventa continuamente para acolher a multiplicidade de discursos da cultura contemporânea. Desde sua inauguração em 2010, a galeria tem sido uma referência para artistas emergentes e uma plataforma inclusiva para nomes estabelecidos.

Serviço

Exposição ‘Felipe Góes – Ser Ilha’
Texto curatorial: Renata Rocco
Período expositivo: 14 de junho até 19 de julho de 2025
Local: Zipper Galeria — Rua Estados Unidos, 1494, Jardim América, São Paulo

Leia também: Exposição no Museu A Casa do Objeto Brasileiro ressalta artesanato paraibano em SP

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