Atualmente muitas pessoas têm buscado outras formas de acabamento na impressão de fotografias que fujam dos formatos tradicionais. Uma opção que tem sido muito procurada é o acabamento em metacrilato. Nossa equipe preparou uma matéria exclusiva sobre isso, desde seu processo, até quem anda produzindo e oferecendo no Brasil.
Nos últimos anos estamos percebendo um aumento na utilização de uma tecnologia de preservação, finalização e acabamento de imagens, chamada de Metacrilato.
Elaboramos este post para informar você, artista, colecionador, amante ou curioso, sobre essa (não tão nova) novidade, como é seu processo e quem anda oferecendo esse produto aqui no Brasil e no mundo.
O nome metacrilato que o mercado das artes usa tem duas possíveis origens. A primeira vem do monômero do acrílico que é chamado de metacrilato. A outra possível origem se dá pelo fato de ser um processo em que uma imagem é embutida entre duas chapas de acrílico, e, portanto, Metacrilato.
De qualquer forma, o metacrilato nada mais é do que o processo onde uma imagem é embutida entre duas placas de acrílico, um termoplástico transparente usado frequentemente como uma alternativa leve e resistente à quebras quando comparado ao vidro, através do uso de um filme adesivo de poliéster ou polímero elástico (material que varia conforme o produtor), que a fixa entre essas duas placas.
Esse processo dispensa moldura, levando somente um perfil na parte traseira, estando assim pronto para pendurar na parede.
A diferenciada refração e penetração da luz do acrílico somada à sua resistência aos raios UV, dão um resultado quase tridimensional às fotografias: essas ganham profundidade, um aspecto líquido, onde permite que as cores fiquem mais vibrantes, além de serem isoladas da umidade e dos agentes oxidantes, dois conhecidos fatores de risco na longevidade de obras de arte.
O processo de produção do metacrilato utilizando polímeros elásticos foi patenteado pelo suíço Heinz Sovilla-Brulhart em 1969, e desde então vem sido guardado a sete chaves pela família do cientista.
Com o tempo, novos processos foram desenvolvidos e novos polímeros criados. Muitas empresas desenvolveram filmes adesivos de poliéster com qualidade óptica para utilização em “backlight” enquanto outras empresas aprimoraram o sistema de polimerização neutra para a fixação da imagem ao acrílico para utilização em “fine arts”.
Todas estas técnicas vêm lentamente ganhando espaço no circuito de “fine art” e na prestação de serviços personalizados de impressão. Este acabamento é uma alternativa às clássicas molduras de obras de arte, pois traz um ar mais contemporâneo e ao mesmo tempo simples à fotografia.
No exterior, diversas galerias têm dado preferência para esse processo e aparentemente, o metacrilato é a “menina dos olhos” das galerias de arte contemporânea.
A grande dúvida de todos é sobre quanto tempo realmente um metacrilato pode durar. Fomos atrás de pesquisas feitas sobre o processo de produção para desvendar mais sobre o assunto e descobrimos que existem vários tipos de metacriltatos sendo oferecidos no mercado.
O método mais comum é o que utiliza um filme adesivo à base de poliéster. Este filme, em muitos casos já vem com uma camada protetora dos raios UV e garante que a imagem não sofra degradação através da incidência da luz.
Um fato a ser considerado é que o filme adesivo, com o tempo e a ação da variação de temperatura, sofre um processo de delaminação. Um quadro produzido utilizando este processo termina apresentando bolhas entre 1 a 10 anos após sua produção.
Este é o mesmo sistema que nos anos 60 foi patenteado pelo suíço Heins Sovilla-Brulhart.
A imagem é colada no acrílico utilizando um polímero elástico. Este processo, ao contrário do filme adesivo, é mais demorado. O polímero demora 72 horas para ter uma cura total, o que retarda bastante o tempo de produção de uma obra.
O grande segredo do processo não está no polímero, mas no catalisador utilizado para criar uma adesão entre este e o acrílico. Esse processo foi mantido em segredo até 1995 quando a patente de Sovilla caiu e mais pessoas tiveram acesso à formulação do catalisador.
Desde então, polímeros mais eficientes surgiram e a tecnologia da produção do metacrilato melhorou.
São poucas as empresas que fazem este processo que, por ser difícil, é feito somente na parte da frente da imagem, para depois usar um adesivo na parte de trás para a colocação da outra chapa de acrílico, Poliestireno ou ACM.
Existem críticos a este processo, pois o adesivo usado no verso pode, com o tempo, alterar a cor da imagem em função do caráter não neutro da sua cola.
Este é o processo mais elaborado de todos, pois usa o mesmo polímero neutro para colar a frente e o verso da imagem. O tempo de produção é lento, mas garante com que a imagem fique preservada em um ambiente inerte de ambos os lados. São pouquíssimas empresas que produzem este tipo de metacrilato no mundo. Uma delas está no Brasil, a Photoarts.
Conversamos com um dos experts no assunto, Paulo Varella, fundador da www.photoarts.com.br e do www.instaarts.com , que compartilhou seu conhecimento e experiência no assunto.
Arteref – Como você resolveu começar com produção de Metacrilato?
Paulo Varella – Tudo começou com uma necessidade de montar uma exposição de fotografias. Fui atrás dos fornecedores deste produto aqui no Brasil que pudessem me atender.
Fiz um teste e mandei uma obra de arte para cada um deles para poder ver a qualidade do produto final. Descobri que o principal desses fornecedores usava filmes de poliéster enquanto o outro usava polímero somente na parte da frente.
O preço do fornecedor que usava polímeros era um absurdo enquanto o outro não possuía a qualidade que eu precisava.
Como tenho uma formação em química e arte, resolvi encarar o desafio, pesquisar e investir no maquinário para produzir as peças para as minhas exposições. Tanto nas produções de metacrilato quanto nas de peças de fine art (molduras, impressão e outras mídias).
Neste processo, fiz amizade com um restaurador alemão que fez a sua tese de mestrado sobre a produção do metacrilato. Com a ajuda dele e de uma empresa americana produtora de polímeros, consegui reproduzir e melhorar o processo de produção do metacrilato patenteado por Sovilla nos anos 60.
Arteref – Mas quanto tempo realmente dura um metacrilato?
Paulo Varella – Vamos considerar o metacrilato com polimerização total, isto é, na frente e atrás.
Apesar de ninguém ter visto ainda um metacrilato de 100 anos (já que nem a invenção do acrílico tem esta idade), existem processos de envelhecimento acelerado em autoclave.
Foi aí que este amigo alemão me ajudou. Ele fez uma tese sobre a longevidade do metacrilato. Usou mais de 100 amostras com todas as possíveis variações de papel, polímero, dupla-face e catalisador.
O metacrilato produzido da forma correta (polimerização total) teve uma vida projetada de 90 a 110 anos.
No tempo em que a tese foi feita, ele utilizou C-prints (papel fotográfico com revelação química). Hoje, com as novas tintas a base de plástico e papéis neutros, esta durabilidade aumentou.
O metacrilato, certamente é um produto que vai durar pelo menos 2 gerações inteiras.
Arteref – Por que é tão caro o metacrilato?
Eu já devo ter produzido umas 8000 peças desde que comecei a trabalhar com metacrilato.
Sempre na hora de checarmos o produto após a primeira polimerização, o clima na sala de produção fica tenso e eu fico com um frio na barriga.
Às vezes, por conta de um ponto de poeira, temos que descartar um quadro de 2 metros quadrados.
Não existe como aproveitarmos as chapas já polimerizadas. Uma vez feita a colagem, não há retorno, fica impossível descolar a imagem. Aliás, esta é a ideia do processo, que a imagem nunca se descole (risadas). A porcentagem de perda no processo é alta e precisamos colocar isto na base de cálculo para que o negócio possa sobreviver.
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