Quem é o artista? Roosevelt Nina
O que vai ter na exposição? Fotografias
Até quando? 28 de dezembro
Atento ao seu tempo
Exposição, que abre na próxima quinta, dia 22, às 20h, homenageia o fotógrafo Roosevelt Nina em apresentação de obras inéditas e releituras de artistas plásticos de Juiz de Fora
Em sua concepção dicionarizada, a palavra surreal pode significar, dentre outros conceitos, “aquilo que causa ou denota estranheza, não pertencendo à esfera do real”. Fortemente influenciado pelo surrealismo o fotógrafo Roosevelt Nina apresenta, no próximo dia 22, quinta-feira, às 20h, a série que encerra seu trabalho com manequins e objetos estranhos. Intitulado “Falsas polaroides” o conjunto de trabalhos integra a exposição “Ode – à Roosevelt Nina”, para a qual o Espaço Experimental Nina Mello, galeria de arte fotográfica, convidou os artistas visuais Eduardo Borges, Letícia Vitral e Wagner Fortes para exporem suas releituras da obra de Roosevelt. Da cerâmica à fotomontagem, passando pela fotografia digital com interferências do bordado, a mostra revela a contemporaneidade do fotógrafo maranhense radicado no Rio de Janeiro.
Dono de um currículo premiado, Roosevelt Nina iniciou sua trajetória na fotografia na década de 1990. Laureado, em 1993, com o prestigiado prêmio Icatu das Artes, o artista viajou à Paris, tendo, então, se aproximado de expressões que recriam o surrealismo na atualidade. Nos trabalhos que apresenta, Roosevelt Nina revela, em seu próprio laboratório, pequenas imagens em P&B, no formato de polaroides, cujo processo final recebe pinceladas da tinta ecoline, material semelhante à aquarela, bastante utilizado por artistas brasileiros na década de 1960, como Almedir Martins, Roberto Magalhães e Wesley Duke Lee. O domínio das cores, vibrantes em sua grande maioria, e a noção exata de composição, que na utilização das cores buscou privilegiar objetos e pontos de luz, evidencia o olhar atento de Roosevelt ao seu tempo. “Ele é um fotógrafo extremamente contemporâneo, capaz de dialogar com as tendências mais expressivas dos dias de hoje”, aponta Nina Mello, fotógrafa e coordenadora da galeria. “Reunir essa obra inédita às criações de outros artistas, em suportes diferentes, confirma a noção de que a fotografia estabeleceu uma força muito grande na arte contemporânea, principalmente em Juiz de Fora”, conclui.
Colagens para além do real
Na série de nove trabalhos em cerâmica raku, Wagner Fortes revisita um único trabalho de Roosevelt Nina em ângulos diferentes. A imagem, reproduzida com exatidão a partir de uma queima em alta temperatura, resultou em cores inacreditavelmente próximas às pinceladas de ecoline. Segundo Fortes, as pequenas telas feitas de barro remontam as cenas cinematográficas do fotógrafo, que como em filme, estabelece inúmeras narrativas em seus “quase fotogramas”. O deslocamento do ponto de vista no trabalho de Fortes também faz referência ao exercício da colagem presente nas mais recentes criações de Roosevelt.
A obra apresentada pelo artista plástico Eduardo Borges bebe na fonte da fotografia, subvertendo o caráter artesanal praticado por Roosevelt. A fotomontagem de Borges sugere o universo fantástico das emoções e das produções do fotógrafo. “Minha releitura passa pela questão do fetichismo com o corpo feminino e a colagem, ambos presentes nas fotos dele”, relata Borges. Fotógrafa por excelência, Letícia Vitral também se utiliza da técnica de Roosevelt, mas insere o bordado como o dado artesanal tão caro ao fotógrafo. “Desenvolvi meu trabalho a partir de fotografias que tirei em viagens, de diversas estátuas na forma do corpo humano – ou construídas com pedaços do corpo humano, e cortei de forma a dialogar com o discurso “surreal” do Roosevelt, explorando os fora-de-campo e a ‘descontextualização’ de partes do corpo”, explica Letícia.
Exposição Ode – à Roosevelt Nina
Abertura dia 22 de novembro, às 20h
Visitação até 28 de dezembro, de segunda a sexta, das 14 às 18h.
Espaço Experimental Nina Mello
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