Motivado pela crise dos refugiados, o artista Felippe Moraes, por intermédio da ONG Cáritas, começou uma série de encontros com sete artistas refugiados de três países diferentes. O resultado é a exposição “Tradução Provisória“, a ser realizada somente nesse sábado, na Antiga Fábrica Bhering.
A exposição apresentará fotografia, colagem, moda, performance, pinturas e instalações de sírios, congoleses e colombianos que deixaram seus países para reconstruir as suas vidas no Rio de Janeiro.
Uma das instalações será feita com um artefato histórico, que é o primeiro carro de refugiados no Brasil. Esse carro tem uma história impressionante, ele é pequenininho com motor 1.0 e trouxe casal Leonardo Ruge e Ninibe Forero e seus três filhos para o Brasil fugindo da Colômbia. Outro artista é o sírio Ali Abdullah, que organizou uma série de imagens, de diversos fotógrafos, retratando a guerra no seu país.
As demais obras são um trabalho culinário feito pelo chef de cozinha sírio Anas Rjab, um trabalho documental feito pelo fotógrafo Kim Badawi, filho de refugiados palestinos, os vestidos de moda africana executada pela estilista congolesa Claudine Mideda, além dos projetos artísticos do escultor Serge Kiala e do ceramista Keto K, também da República Democrática do Congo.
A mostra ainda conta com a mesa de debate “Arte como refúgio e refúgio como arte”, às 13h, com a participação do curador Felippe Moraes, do artista refugiado Leonardo Ruge, da atriz e socióloga Simone Kalil, do fotógrafo de origem palestina Kim Badawi e da coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas RJ, Aline Thuller.
A realização dessa exposição acontece em um momento onde se deflagra a questão dos refugiados não só no mundo, mas com a sua chegada ao Brasil, e é importante para mostrar ao público que essas pessoas “são seres humanos criadores, com histórias incríveis e não somente como uma estatística”, segundo o curador.
Por fim, o próprio nome da exposição, “Tradução Provisória” nos revela um pouco desse processo de criação em que uma língua não entende a outra, então a comunicação é feita por gestos quase universais, e nos desvela pelo olhar desses artistas a possibilidade de descobrir na prática artística uma forma de reconstrução de suas vidas em um território estrangeiro, além de ser uma plataforma para a ressignificação de suas próprias subjetividades em uma situação de exceção, onde tudo pode parecer efêmero.
Para sentir um pouco da atmosfera da exposição, apresentam-se abaixo algumas fotos dos encontros e do primeiro dia de montagem feitas pelo fotógrafo (que documenta a exposição) Hans Georg.
Serviço:
Exposição “Tradução Provisória”, com artistas refugiados no RJ
Quando: 7 de maio (sábado), das 12h às 20h
Onde: Antiga Fábrica Bhering (Rua Orestes, 28 – Santo Cristo)
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