Da contemporaneidade
da contemporaneidade é uma derivação do trabalho One and Three Chairs (1965), de Joseph Kosuth, que consiste em uma cadeira, a fotografia desta mesma cadeira e a definição do dicionário de cadeira. O artista realiza trabalhos semelhantes usando outros objetos.
Joseph Kosuth discute que os objetos artísticos são extensões físicas da filosofia e enfatiza a diferença entre conceito e apresentação. A cadeira existe como cadeira, pois corresponde ao conteúdo da definição cadeira e sua imagem é sua representação. Segundo T. Segersted, escritor o qual Kosuth compartilha de suas ideias, “O significado é sempre uma pressuposição da função”. Por esta via, seria possível afirmar que demais objetos que assumem a função de uma cadeira, fosse mais cadeira do que sua própria representação icônica. Porém deslocado para o espaço expositivo, possivelmente a cadeira e demais objetos desvinculam-se de suas funções pois são, antes de tudo, campos semânticos, o que os fazem ir além dos conceitos e relações formais aos quais estamos familiarizados.
Desvinculada de definições verbais, a conexão sígnica entre os três elementos constituintes de da contemporaneidade problematiza o encontro de um lugar semântico comum que tece o observador, porém este se torna autônomo para preencher esses vazios ilusórios, habitando-os. Parafraseando Merleau-Ponty, “habitar o mundo significa estar condenado ao sentido, vivendo o mundo antes de qualquer tematização e antes que qualquer pensamento sobre ele nos seja dado” [1].
Enquanto na obra de Kosuth a definição na parede regia a relação entre seus elementos e sugeria uma reflexão diferenciando conceito e apresentação, da contemporaneidade, ao mesmo tempo em que se ausenta desta definição, dá corpo ao branco da página e a lança para novos sentidos.
Em da contemporaneidade, o espaço ocupado pelos objetos expostos por Kosuth é tomado pelo próprio espaço expositivo. Nele, a ausência da representação de um objeto aborda inevitavelmente a presença desse espaço. Esta obra busca pensar sobre este lugar que abriga esses objetos, além de tentar traçar um paralelo entre as investigações conceituais do modernismo e da contemporaneidade.
A obra da contemporaneidade está no espaço expositivo Veredas até o dia 28 de março.
Viviane Tabach é artista plástica, arte-educadora e pesquisadora na Pinacoteca do Estado.
1.MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenología de la percepción. Barcelona: Península, 1975. P.16
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