Em uma entrevista com o nosso colunista e presidente da Associação Paulista dos Críticos de Arte, José Henrique Fabre Rolim, vamos entender um pouco o que é esta associação e para que ela serve.
Quem criou a APCA?
A origem da APCA teve início em 1951, quando oito críticos delinearam as bases de uma entidade que pretendia analisar o teatro. Curioso notar que em junho do citado ano acontecia no Rio de Janeiro, o Primeiro Congresso Brasileiro de Teatro.
O Teatro Brasileiro de Comédia por sugestão de Franco Zampari, grande batalhador do teatro e do cinema brasileiro, foi representado no Congresso por Nicanor Miranda e Décio Almeida Prado.
O Congresso foi promissor reunindo nomes consagrados como Lopes Gonçalves, presidente da Associação Brasileira de Críticos Teatrais e crítico de “O Correio da Manhã”, Viriato Correa, Joracy Camargo, Santa Rosa, Luis Iglésias e Bandeira Duarte entre tantos especialistas.
Após o Congresso, Nicanor permaneceu alguns dias no Rio e foi durante um almoço com Lopes Gonçalves, Joracy Camargo e Bandeira Duarte que foi ventilada a possibilidade da criação em São Paulo de uma seção da Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Nicanor foi convidado para ser o coordenador dos trabalhos e prontamente aceitou o encargo.
Foi formada então uma Comissão composta por Décio de Almeida Prado, o jornalista Mário Júlio Silva além é claro de Nicanor Miranda que convidaram vários críticos militantes para ingressarem na Associação.
Uma reunião foi marcada com todos os membros e lavrou-se a ata da Fundação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, Seção de São Paulo, no dia 31 de agosto de 1951.
A primeira Diretoria foi eleita, escolhida por todos os sócios num clima efusivo, ficando assim constituída:
Presidente: Nicanor Miranda (Diário de São Paulo)
Vice-Presidente: Décio de Almeida Prado (O Estado de São Paulo)
Secretário: Osvaldo Correia (Correio Paulistano)
1º Tesoureiro: Horácio de Andrade (Diário Popular)
2º Tesoureiro: Orlando Nasi (A Gazeta)
Bibliotecário: Maria José Carvalho (O Tempo)
Em 1953, aconteceu o Segundo Congresso Brasileiro de Teatro, em São Paulo, realizado pela Associação, de 25 a 29 de novembro, com grande êxito, tendo sido publicados os anais do importante evento.
A consolidação da Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT) fortaleceu as reivindicações da classe teatral, dando uma incrível autonomia na atividade dos profissionais que se dedicavam a analisar a produção cultural de São Paulo.
O notável percurso da Associação em 1959, permitiu a formação do segmento de música erudita reunindo críticos atuantes nos mais importantes veículos de comunicação da época.
Em 1972, uma nova estrutura se impunha na APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes com a inclusão de críticos de cinema, literatura, artes visuais, televisão e música popular sempre com o intuito primordial de valorizar a arte na sua dimensão plena, incentivar a criatividade, fortalecendo a cultura brasileira.
Atualmente a APCA cobre doze áreas: Arquitetura, Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Moda, Música Erudita, Música Popular, Rádio, Teatro, Teatro Infantil e Televisão.
O que faz a APCA?
A APCA é uma entidade que acompanha o movimento artístico da cidade de São Paulo em todas as suas facetas, defendendo a liberdade de expressão, os interesses da coletividade e do exercício profissional dos críticos que atuam nos 12 segmentos citados, promovendo eventualmente debates e conferencias.
Umas das suas primordiais funções é realizar a escolha dos melhores do ano e a famosa festa de premiação, que nesse ano aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo. Este anos tivemos o lançamento do livro comemorativo dos 60 anos da instituição, que teve o apoio do CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. A direção da premiação com a entrega dos troféus e dos respectivos diplomas, ficou a cargo de Ivam Cabral, notável ator e diretor, alma e coração da SP Escola de Teatro, que pela terceira vez demonstrou toda a sua criatividade ao dar mais agilidade na cerimônia que reuniu mais de 90 premiados.
Como a APCA faz a inclusão dos eventos de arte para serem julgados?
Os eventos artísticos são cobertos na realidade pelos críticos de cada setor, a grande maioria atua na mídia e tudo que acontece de representativo é colocado em pauta no dia da votação. Algumas áreas como Teatro, Dança e Televisão fazem levantamentos semestrais indicando os possíveis premiáveis. A escolha dos melhores do ano ocorre entre o final de novembro e começo de dezembro. A reunião dos críticos acontece na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e cada setor põe em discussão os indicados, que serão premiados em sete categorias.
O Prêmio APCA é extremamente valorizado pela classe artística, cobrindo 12 áreas, a entidade testemunhou as grandes transformações ocorridas em São Paulo e no país inteiro, desde os heroicos tempos do TBC, dos estúdios da Vera Cruz, da implantação da TV, das bienais, do concretismo na poesia e na pintura, da bossa nova, da arrojada Brasília concretizada a partir dos traços de Niemeyer, do tropicalismo, da revolução arquitetônica dos anos 50, da industrialização, do crescimento das metrópoles, entre tantos outros fatos, até chegarmos à revolução da informação com a internet, as redes sociais e a conquista de novos meios de comunicação, ampliando a visão do mundo e a repercussão de todas as artes.
Como um artista pode ser conhecido pela APCA?
O artista para ser conhecido pela APCA tem que participar do circuito cultural com mostras individuais, coletivas, propostas criativas, ter um percurso demonstrar mais que talento, conteúdo, sensibilidade e impacto.
Durante os 60 anos de premiação, que começou em 1956, o rol dos premiados abrange uma panorâmica bem expressiva da cultura brasileira nas suas diversidades.
Alguns nomes como Pedro Paulo Mendes da Rocha, Tomie Ohtake, Rita Lee, Luiz Sérgio Person, J.C. Viola, Antunes Filho, León Ferrari, Ruy Ohtake, Alfredo Volpi, Lina Bo Bardi, Fernando Lemos, Eduardo Coutinho, Leon Hirszman, Ballet Stagium, Lygia Fagundes Telles, Cora Coralina, João Silvério Trevisan, Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch, Nelson Freire, Eleazar de Carvalho, Amaral Vieira, Almeida Prado, Jorge Takla, Gilberto Gil, Chico Buarque de Holanda, Ney Matogrosso, José Celso Martinez Corrêa, Jô Soares, Paulo Gracindo, Regina Duarte, Eva Wilma, Renina Katz, Nelson Leirner, Francisco Brennand, Carmela Gross, Sergio Camargo, Paulo Bruscky, entre tantos, demonstram a abrangência de um prêmio, reconhecido como um dos mais importantes do país.
Quem coordena a APCA?
A APCA reúne 110 membros, a grande maioria jornalistas atuantes, cada área escolhe democraticamente os melhores do ano.
O quadro da diretoria atual é composto da seguinte forma:
No decorrer de todos esses anos, os prêmios concebidos aos consagrados pela crítica se revezavam entre gravuras e troféus criados por renomados artistas plásticos. Entre os nomes responsáveis pelas gravuras destacam-se mestres como Odetto Guersoni, Massuo Nakakubo, Otávio Roth, Maria Bonomi, Iole Di Natale, Hans Grudzinski, Evandro Carlos Jardim e Romildo Paiva, enquanto os disputados troféus foram concebidos por artistas como Bruno Giorgi, Luis Morrone, Francisco Stockinger, Claudio Tozzi, Antonio Moreira Junior, José Resende, Tunga, Bobby Stepanenko, Maurico Bentes, Angelo Venosa, Caciporé Torres, Lucia Fleury, Fernanda Frangetto, Ana Maria Tavares, Nicolas Vlavianos, Francisco Brennand e Lothar Charoux. Vale destacar também que o arrojado logo de formas geométricas conectadas da APCA, foi concebido por Antonio Lizarraga, artista argentino que se radicou em São Paulo e criou uma obra dominada por uma sensibilidade lúdica.
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