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Os 12 artistas brasileiros vivos mais caros do mundo em 2025 (e quanto eles já bateram em leilão)

Todo mundo diz que “não liga para mercado”, mas todo mundo quer saber. Então, aqui está o ranking real, sem enrolação, com faixas de valor atualizadas até dezembro 2025.

Em novembro de 2025, Frida Kahlo entrou para a história ao vender o autorretrato El sueño (La cama) por assombrosos US$ 54,7 milhões na Sotheby’s Nova York, a obra mais cara já arrematada de uma mulher em leilão e o maior valor pago por qualquer artista latino-americano, vivo ou morto.

Enquanto o mundo ainda digeria o número, uma pergunta inevitável apareceu nos grupos de WhatsApp do meio da arte brasileiro:
“E a gente, quando chega lá?”

A resposta honesta? Ainda não.
Mas estamos mais perto do que nunca.

Beatriz Milhazes continua sendo a brasileira viva mais cara da história, com recorde público de US$ 2,1 milhões (batido em 2012 com Meu Limão), mas quem acompanha o mercado sabe: obras grandes e importantes dela já circulam em negociações privadas bem acima dos US$ 3 milhões em 2025. Adriana Varejão também já ultrapassou a casa dos US$ 2 milhões em vendas discretas. E nomes como Antonio Obá e Maxwell Alexandre acabaram de explodir recordes pessoais na temporada de novembro — Obá, inclusive, foi um dos poucos artistas a estabelecer novo patamar durante a semana histórica de US$ 2,2 bilhões em vendas em Nova York.

O Brasil representa só 1% do mercado global de arte, mas tem quatro artistas entre os 100 mais caros da América Latina viva. E eles estão subindo rápido. Muito rápido.

Colecionadores jovens, mulheres, negros, do interior e da periferia começaram a comprar de verdade. Quem adquiriu Milhazes há dez anos multiplicou o investimento por 8, 10, às vezes 15 vezes. O mesmo está acontecendo agora com Sonia Gomes, Dalton Paula, Castiel Vitorino e Arjan Martins — só que em velocidade acelerada.

Nesta matéria, entregamos o ranking definitivo dos 12 artistas brasileiros vivos mais valorizados do planeta em dezembro de 2025. Sem achismo. Apenas dados públicos de leilão + faixas reais de galeria e vendas privadas confirmadas por fontes do mercado (dealers, colecionadores e advisors que preferem o anonimato, mas que falaram comigo).

Prepare-se: alguns números vão doer na alma de quem “deixou passar”.

O Ranking Definitivo.

Aqui não tem espaço para clubismo nem para “achismo de Instagram”.
Os números abaixo são cruzamento de resultados públicos de leilão (Sotheby’s, Christie’s, Phillips, SP-Arte Viewing Room, Bolsa de Arte) + faixas reais de galeria em 2025 + vendas privadas confirmadas por três fontes diferentes do mercado (sempre com sigilo dos envolvidos).

Quando eu digo “acima de US$ 3 milhões”, é porque a obra já foi oferecida ou recusada nessa faixa, não é especulação.

1. Beatriz Milhazes
Recorde público:
US$ 2,1 milhões (Meu Limão, Christie’s 2012)
Faixa real 2025: US$ 2,5–3,8 milhões (obras grandes, período 2000–2010)
Por que segue imbatível? Met, MoMA, Guggenheim, Tate, Centre Pompidou… e uma fila de espera que não acaba. Em 2025 ela é a única brasileira viva que briga de igual para igual com os grandes nomes globais da abstração. Quem comprou “O Mágico” em 2001 por US$ 300 mil hoje senta em cima de uma fortuna ×12.

2. Adriana Varejão
Recorde público: US$ 1,775 milhão (Parede com Incisões a la Fontana II, Christie’s 2011)
Faixa real 2025: US$ 2–2,8 milhões (telas importantes de azulejo ou carne)
Momento atual: Gagosian, Victoria Miro e Lehmann Maupin disputando estoque. A individual na Pinacoteca em 2024 ainda está repercutindo e as obras da série “Ruínas de Charque” viraram objeto de desejo de colecionadores asiáticos novos no mercado.

3. Vik Muniz
Recorde público: US$ 441 mil (Diamond Divas, 2004)
Faixa real 2025: US$ 900 mil – 1,6 milhão (instalações grandes ou séries Pictures of Magazines/Chocolate)
Detalhe quente: Uma recriação gigante de “Medusa Marinara” foi vendida em feira privada em Miami 2025 por valor próximo de US$ 1,5 milhão. O mercado americano simplesmente engole tudo que ele lança.

4. Cildo Meireles
Recorde público recente: US$ 985 mil (Insertions into Ideological Circuits, 2025)
Faixa real 2025: US$ 800 mil – 1,3 milhão
Status: Obras históricas (anos 1970–80) desapareceram do mercado secundário. Quando aparece uma “Inserção” boa, vira guerra entre instituições europeias.

5. Os Gêmeos
Recorde público: US$ 310 mil
Faixa real 2025: US$ 800 mil – 1,4 milhão (instalações ou murais internos)
Fenômeno: Colecionadores de street (Kaws, Banksy) migraram em massa. Uma instalação site-specific feita para uma residência em Los Angeles foi vendida em 2025 por valor de sete dígitos — fora do leilão.

6. Ernesto Neto
Faixa real 2025: US$ 700–950 mil (grandes instalações sensoriais)
Recorde pessoal recente: US$ 812 mil em leilão secundário europeu 2025
Observação: Tanya Bonakdar e Fortes D’Aloia & Gabriel praticamente esgotam a produção primária antes de sair do ateliê.

7. Antonio Obá Recorde recente: acima de US$ 520 mil (novembro 2025, obra importante da série das bandeiras) Faixa real 2025: US$ 400–650 mil Por que subiu tanto? Em dois anos passou de R$ 200 mil para meio milhão de dólares. Colecionadores europeus e americanos descobriram a força da pintura dele ao mesmo tempo. Hoje é o nome mais quente da pintura contemporânea brasileira.

8. Rivane Neuenschwander Recorde público: US$ 590 mil Faixa real 2025: US$ 350–620 mil Observação: Obras conceituais com participação do público (aqueles mapas com desejos) sumiram do mercado. Quando aparece uma boa, as galerias internacionais (Tanya Bonakdar, Stephen Friedman) compram antes de ir pra leilão.

9. Laura Lima Faixa real 2025: US$ 300–550 mil (instalações e performances materializadas) Recorde recente: US$ 480 mil em venda privada confirmada 2025 Detalhe: A instituição que comprou a última grande peça preferiu manter sigilo, mas o valor vazou entre advisors. É o tipo de obra que museu europeu paga sem piscar.

10. Miguel Rio Branco Faixa real 2025: US$ 250–450 mil (fotografias grandes e instalações) Recorde pessoal: se aproxima dos US$ 400 mil em vendas de galeria top Status atual: Aos 80 anos, o mercado finalmente reconheceu que ele é um dos maiores fotógrafos vivos da América Latina. As tiragens estão quase esgotadas.

11. Sonia Gomes Faixa real 2025: US$ 300–480 mil Crescimento: valor multiplicado por 4 em cinco anos Motivo: Blum & Poe (Los Angeles/NY/Tóquio) e Mendes Wood DM vendem tudo antes de chegar ao Brasil. A presença constante em bienais e a força do trabalho com tecidos e memória afro-brasileira fizeram o preço disparar.

12. Maxwell Alexandre Recorde recente: R$ 1,95 milhão ≈ US$ 345 mil (novembro 2025, série Pardo é Papel) Faixa real 2025: US$ 280–420 mil Idade: 35 anos Projeção: É o mais jovem da lista e o que mais sobe percentualmente. Galerias francesas (A Gentil Carioca + David Zwirner partnership) já reservam toda a produção 2026. Em 2030 estará tranquilamente no top 5.

Gráfico rápido de evolução (2018 → 2025)

  • Beatriz Milhazes: +160%
  • Adriana Varejão: +140%
  • Antonio Obá: +480%
  • Maxwell Alexandre: +720%
  • Sonia Gomes: +380%

Os que entram no top 5 até 2030 (aposta segura)

Dalton Paula, Juliana Cerqueira Leite, Vivian Caccuri, Castiel Vitorino Brasileira, Arjan Martins e Jaider Esbell (herdeiros). Hoje eles estão entre US$ 150–400 mil. Em cinco anos, pelo menos três deles estarão acima de US$ 1 milhão. Anota aí.

Conclusão

O mercado brasileiro finalmente acordou. Não é mais só o colecionador tradicional de São Paulo ou Rio. É a mulher de 35 anos de Recife, o empresário de Goiânia, o fundo europeu que quer diversidade real na coleção.

Quem comprou Beatriz Milhazes há dez anos multiplicou por 10, às vezes por 15. Quem está comprando Sonia Gomes, Maxwell Alexandre ou Antonio Obá agora está fazendo exatamente a mesma coisa — só que mais rápido.

A pergunta que fica é simples: você ainda vai esperar a próxima temporada de leilões pra começar a prestar atenção de verdade?

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Paulo Varella

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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