A Vanguarda Russa foi um movimento artístico e cultural que surgiu num período que marcou o colapso da monarquia Czarista e a ascensão da União Soviética, de 1890 a 1930.
A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Bolchevique de 1917 foram os grandes catalisadores das mudanças que ocorreram nos movimentos artísticos russos. Nesse contexto, tivemos a união entre vanguardistas e movimentos de intelectuais e populares contra o regime czarista.
Pensamentos modernistas e as ideias sociais foram levados à prática em meio à revolução. A arte foi colocada como uma questão política e serviu como meio de comunicação essencial para a concretização dos ideais socialistas.
“A vanguarda russa foi profundamente caracterizada pela busca por estruturas básicas de organização visual, pela reinvenção da narrativa e das relações entre espaço e o tempo” (BORTULUCCE 2008, p. 72).
Sob esse contexto, tivemos o nascimento de movimentos como o suprematismo russo e o construtivismo. Estes marcaram a formação da Vanguarda Russa, liderada por Wassily Kandinsky e Kazimir Malevich.
O suprematismo estava centrado em formas geométricas, como o quadrado e o círculo. É tido como a primeira escola de pintura abstrata do movimento moderno.
Ele rompe com a ideia de imitação da natureza, com qualquer representação do mundo objetivo.
O livro de Kandinsky, “Do Espiritual na Arte (1912)”, discute longamente sua busca intelectual para desenvolver um estilo de pintura puramente abstrato. Ele compara sua busca à música instrumental, que expressa emoções, estados mentais, sentimentos e pensamentos abstratos sem linguagem representativa.
Como Malevich, Kandinsky foi um revolucionário apenas sugerindo que os humanos poderiam alcançar algo mais profundo e mais importante através da criatividade, individualidade e liberdade de pensamento.
Ao mesmo tempo em que Malevich e Kandinsky exploravam os significados e universalidades mais profundos disponíveis na abstração, outros membros da Vanguarda Russa (Varvara Stepanova, Vladimir Tatlin, Gustav Klutsis e Mikhailovich Rodchenko) exploravam um tipo de arte abstrata oposta.
Conhecido como construtivismo, esse estilo era baseado na mesma linguagem abstrata geométrica que Malevich usava, mas possuía um objetivo bastante diferente: ser útil. A Arte deveria ter uma função social, cumprir um papel prático na vida das pessoas, construir uma nova realidade.
Não é atoa que essa arte foi muito usada na propaganda soviética. As formas geométricas e as letras em bloco eram elementos importantes em muitos pôsteres do governo.
O movimento também abrangeu muitas formas de arte fora do campo da pintura. Novas ideias e temas surgiram no cinema, com cineastas como Sergei Eisenstein e na arquitetura, com Ilya Golosov. Projetos arquitetônicos, como o Palácio dos Sovietes, eram uma personificação desse estilo clássico no pós-construtivismo.
No início da década de 1930, as ordens do Estado soviético determinavam o fim das vanguardas e o Realismo Soviético como padrão estético. Seus princípios básicos eram:
Felizmente, as ideias e influências da Vanguarda Russa sobreviveram em outros lugares, influenciando os movimentos de arte moderna que viriam em sequência e inspirando artistas contemporâneos.
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