O termo barroco provavelmente derivou, em última análise, da palavra italiana barocco, que os filósofos usaram durante a Idade Média para descrever um obstáculo na lógica esquemática.
Posteriormente, a palavra passou a denotar qualquer ideia contorcida ou processo involutivo de pensamento. Outra fonte possível é a palavra portuguesa barroco (barrueco espanhol), usada para descrever uma pérola irregular ou de forma imperfeita, e esse uso ainda sobrevive no termo pérola barroca do joalheiro.
Na crítica de arte, a palavra barroco passou a ser usado para descrever qualquer coisa irregular, bizarra ou que, de outro modo, se afastasse das regras e proporções estabelecidas.
Essa visão tendenciosa dos estilos de arte do século XVII foi mantida pelos críticos de Johann Winckelmann a John Ruskin e Jacob Burckhardt, e até o final do século XIX o termo sempre carregava a implicação de estranho, grotesco, exagerado e excessivamente decorado.
Foi somente com o estudo pioneiro de Heinrich Wölfflin, Renaissance und Barock (1888), que o termo barroco foi usado como uma designação estilística e não como uma concepção de abuso velado, e uma formulação sistemática das características do estilo foi alcançada.
Barroco é o estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente.
Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e à Contrarreforma, distingue-se pelo esplendor exuberante.
De certo modo o Barroco foi uma continuação natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clássica, embora interpretando-a diferentemente.
Enquanto no Renascimento o tratamento das temáticas enfatizava qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia, no barroco, temas idênticos mostravam maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância, realismo e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual.
Mas nem sempre essas características são bem evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo.
Houve uma grande variedade de abordagens que foram englobadas sob a denominação genérica de “arte barroca”, com certas escolas mais próximas do classicismo renascentista e outras mais afastadas dele, o que tem gerado muita polêmica e pouco consenso na conceituação e caracterização do estilo.
Para diversos pesquisadores o Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas todo um período histórico e um movimento sociocultural, onde se formularam novos modos de entender o mundo, o homem e Deus. As mudanças introduzidas pelo espírito barroco se originaram, pois, de um grande respeito pela autoridade da tradição clássica, e de um desejo de superá-la com a criação de obras originais, dentro de um contexto que já se havia modificado profundamente em relação ao período anterior.
Três tendências culturais e intelectuais mais amplas tiveram um impacto profundo na arte barroca e na música barroca.
O primeiro deles foi o surgimento da Contrarreforma e a expansão de seu domínio, tanto territorial quanto intelectualmente. Nas últimas décadas do século XVI, o estilo refinado e cortês conhecido como maneirismo havia deixado de ser um meio eficaz de expressão e sua inadequação à arte religiosa estava sendo cada vez mais sentida nos círculos artísticos.
Para combater as incursões feitas pela reforma, a igreja católica romana após o Concílio de Trento (1545 – 1563) adotou uma postura propagandística na qual a arte deveria servir como um meio de ampliar e estimular a fé do público na igreja. Para esse fim, a igreja adotou um programa artístico consciente, cujos produtos de arte fariam um apelo emocional e sensorial aos fiéis.
O estilo barroco que evoluiu deste programa foi paradoxalmente sensual e espiritual; enquanto um tratamento naturalista tornava a imagem religiosa mais acessível ao frequentador comum da igreja. Efeitos dramáticos e ilusórios eram usados para estimular a devoção e transmitiam uma impressão do esplendor do divino.
Os tetos barrocos da igreja se transformaram em cenas pintadas que direcionavam os sentidos dos expectadores para as preocupações celestes.
A segunda tendência foi a consolidação de monarquias absolutas, acompanhada da formação simultânea de uma proeminente e poderosa classe média, que passou a desempenhar um papel no patronato da arte.
Palácios barrocos foram construídos em uma escala ampliada e monumental de modo a mostrar o poder e a grandeza do estado centralizado, um fenômeno melhor exibido no palácio real e jardins de Versalhes.
No entanto, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de um mercado de pinturas para a classe média e seu gosto pelo realismo pode ser visto nas obras dos irmãos Le Nain e Georges de La Tour na França e nas variadas escolas da pintura holandesa do século XVII.
A terceira tendência foi um novo interesse pela natureza e uma ampliação geral dos horizontes intelectuais humanos, estimulados pelos desenvolvimentos da ciência e pelas explorações do globo.
Estes produziram simultaneamente um novo sentido tanto da insignificância humana (particularmente encorajado pelo deslocamento copernicano da Terra do centro do universo) quanto da complexidade e infinitude insuspeitadas do mundo natural.
O desenvolvimento da pintura de paisagem do século XVII, em que os humanos são frequentemente retratados como figuras diminutas em um vasto cenário natural, é indicativo dessa mudança de consciência da condição humana.
Em 1640, Portugal inicia a empreitada na reconquista da posição no cenário europeu, libertando-se do domínio espanhol, após D. João IV, da dinastia de Bragança, subir ao trono. Até 1668, muitas lutas ocorreram, contra a Espanha, na defesa da independência e contra os holandeses, em busca de recuperar as colônias da África Ocidental e parte do Brasil.
Este foi um período de intensa agitação social, com esforços permanentes em busca do restabelecimento da vida econômica, política e cultural. Publicaram-se várias obras panfletárias clandestinas, que denotavam posição contrária a corrupção do Estado e a exploração do povo. A mais famosa e significativa é a Arte de Furtar, cuja autoria está atribuída desde 1941 ao Padre Manuel da Costa e é hoje praticamente incontestada (vide a indispensável edição crítica da obra por Roger Bismut, Imprensa Nacional, 1991).
Marquês de Pombal, ministro do rei Dom José, subiu ao poder em 1750, com propostas renovadoras, que inauguraram uma fase na história cultural portuguesa. Em 1756, a Arcádia Lusitana demarcou o início de novas concepções literárias.
As artes apresentam uma diversidade inusitada no período barroco, principalmente porque as correntes do naturalismo e do classicismo coexistiram e entremearam-se com o típico estilo barroco.
Os artistas Annibale Carracci e Caravaggio, ambos italianos, foram os que decididamente romperam com o maneirismo na década de 1590 e, assim, ajudaram a introduzir o estilo barroco, pintados, respectivamente, nos modos classicista e realista.
Um estilo de pintura especificamente barroco surgiu em Roma na década de 1620 e culminou nos monumentais tetos pintados e outras decorações da igreja de Pietro da Cortona, Guido Reni, Il Guercino, Domenichino e inúmeros artistas menores.
O maior dos arquitetos-escultores barrocos foi Gian Lorenzo Bernini, que projetou tanto o baldaquino com colunas espirais sobre o altar de São Pedro em Roma quanto a vasta colunata que dá frente a essa igreja.
A arquitetura barroca desenvolvida por Bernini, Carlo Maderno, Francesco Borromini e Guarino Guarini enfatizou solidez e monumentalidade, movimento, sequências espaciais e iluminação dramática e uma rica decoração interior utilizando texturas contrastantes na superfície, cores vivas e materiais luxuosos para aumentar a estrutura da física, imediatismo e evocar deleite sensual.
No Brasil, o período foi marcado por novas diretrizes na política de colonização, e estabeleceram-se engenhos de cana-de-açúcar na Bahia.
Salvador, era a capital do Brasil, transformou-se em um núcleo populacional importante, e como consequência, um centro cultural que, mesmo timidamente, fez surgir grandes figuras, como Gregório de Matos.
O Barroco Brasileiro teve início em 1601, tendo como obra significativa, Prosopopéia (um poema épico), de Bento Teixeira, terminando com as obras de Cláudio Manuel da Costa, em 1768, uma introdução ao Neoclassicismo.
O barroco esteve mais presente no século XVII. Nesse período, o terror provocado pela inquisição tentava limitar pensamentos, manifestações culturais e impor a austeridade.
Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo da história, o surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma.
A arte barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cênico, num teatro sacrum onde são encenados os dramas.
O Concílio de Trento determinou que a arte encabeçaria a Contrarreforma Católica. O novo estilo seria impressionante e persuasivo para mover os fiéis e falar com os analfabetos.
O barroco também é chamado de “estilo jesuíta”. A ordem pretendia combinar diferentes formas de arte para criar uma experiência mais rica para o espectador.
Elas incluíam enormes pinturas nas paredes e afrescos para os tetos das igrejas. Essas obras-primas compartilhavam espaço com o espectador para criar um efeito imersivo.
Os movimentos, o drama e a emoção das peças também eram grandes. Elas apresentavam figuras expressivas capturadas no meio do movimento exagerado e lançadas em iluminação teatral.
A maioria das pinturas parece pouco iluminada para enfatizar os efeitos do claro-escuro e do tenebrismo.
Caravaggio usou composições firmes para melhorar a intimidade e o imediatismo de uma cena.
Giovanni Battista Gaulli usou o estilo jesuíta para combinar pintura, escultura e arquitetura. Ele criou ilusões que obscureceram a linha entre suas obras e o mundo real. Essas impressionantes obras-primas fizeram o divino parecer presente e mais próximo do espectador.
Os monarcas adotaram o barroco para reforçar seu próprio status político. Luís XIV usou o Palácio de Versalhes de proclamar seu direito de governar como divino.
A crescente classe média da Holanda recentemente Protestante patrocinou pinturas não católicas. Isso criou categorias como natureza morta, paisagem e pintura de gênero.
Suas muitas adaptações mudaram o significado do termo usual. O barroco agora descreve qualquer trabalho ornamentado, altamente detalhado e extravagante.
Uma versão mais elaborada do barroco tornou-se um desdobramento do movimento conhecido como Rococó. Ele se desvia descrevendo cenas lúdicas, alegres e caprichosas.
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