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Alexandre Magno, helenismo e a influência artística grega


Período Helenístico ou Helenismo (c.323 – 27 a.C.)

O Helenismo começa com a morte de Alexandre, o Grande (ou Alexandre Magno, 356 – 323 a.C.) e a incorporação do Império Persa no mundo grego. Nesse momento, o helenístico grego tinha se espalhado por praticamente todo o mundo, incluindo cidades como Alexandria, Antioquia, Pérgamo, Mileto, territórios na Ásia Menor, Anatólia, Egito, Itália, Creta, Chipre e outras ilhas do mar Egeu. A cultura grega era, assim, totalmente dominante.

A morte de Alexandre desencadeou um rápido declínio do poder imperial grego, pois, seu imenso império foi dividido entre três de seus generais — Antígono I, que recebeu a Grécia e a Macedônia; Seleuco I, que assumiu o controle da Anatólia, da Mesopotâmia e da Pérsia; e Ptolomeu I, que governou o Egito.

É interessante ressaltar que, ao mesmo tempo em que este período é marcado por influências culturais massivas em diversos territórios, temos o enfraquecimento do poder grego. Em 27 a.C., a Grécia e seu império seriam dominados por Roma; entretanto, os romanos continuariam a reverenciar e se inspirar na arte grega por séculos.


Artes

Arquitetura

A divisão do Império grego em entidades separadas, cada qual com seu próprio governante e dinastia, criou enormes variedades artísticas, com influências culturais mescladas.

Na Ásia Menor, uma nova capital foi construída em Pergamon pelos Attalids; na Pérsia, os selêucidas desenvolveram uma forma de construção de estilo barroco; no Egito, a dinastia ptolomaica construiu o farol e a biblioteca em Alexandria. A arquitetura palaciana foi revitalizada e numerosas estruturas municipais foram construídas para aumentar a influência dos governantes locais.

Após um declínio no século III a.C., a arquitetura do templo foi revivida no século seguinte. Um grande número de templos gregos — bem como estruturas de pequena escala e santuários (naiskoi) — foram erguidos no sul da Ásia Menor, Egito e norte da África.

No que se refere aos estilos, o helenismo exigia as formas mais extravagantes das Ordens Iônicas e Coríntias. Admirados pelo arquiteto romano Vitruvius (c.78 – 10 a.C.), exemplos famosos da arquitetura helenística incluem: o Teatro de Éfeso (século III-I); a Stoa de Attalus (c.159 – 138 a.C.); e a Torre dos Ventos em Atenas (c. 50 a.C.)

Teatro de Éfeso, na Turquia
Torre dos ventos, em Atenas

Escultura

Escultura grega helenística continuou a tendência clássica de retratar um naturalismo cada vez maior. Entretanto, os artistas não se sentiam mais obrigados a retratar pessoas como ideais de beleza; a serenidade clássica, idealizada dos séculos quinto e quarto, deu lugar a um emocionalismo maior, a um realismo intenso e a uma dramatização quase barroca do assunto.

Como resultado da difusão da cultura helenística, houve também uma demanda muito maior dos recém-estabelecidos centros culturais gregos ultramarinos no Egito, Síria e Turquia por estátuas e relevos de deuses gregos, figuras heroicas para seus templos e áreas públicas.

Esculturas gregas famosas do período incluem: Touro Farnésio (c.150 a.C.); O Gaulês Moribundo (c.230 – 220 a.C.); a Vitória Alada da Samotrácia (c.190 a.C.); O Altar de Pérgamo (c.180 – 150 a.C.) e Vênus de Milo (c.100 a.C.).

O Gaulês Moribundo (c.230 – 220 a.C.)
Representação da vitória dos gregos contra os gauleses
Altar de Pérgamo (c.180 – 150 a.C.)
Construída durante o reinado do rei Eumenes II em um dos terraços da acrópole da antiga cidade grega de Pérgamo na Ásia Menor (atual Bergama, na Turquia).

Pintura

A crescente demanda pela escultura em estilo grego nos territórios conquistados por Alexandre foi espelhada por um aumento similar na popularidade da pintura grega, que foi ensinada e propagada em várias escolas separadas, tanto no continente quanto nas ilhas.

Nesse período, favoritos clássicos como mitologia e eventos contemporâneos foram substituídos por pinturas de gênero, animais, naturezas-mortas, paisagens e outros assuntos semelhantes, grande parte em consonância com os estilos decorativos descobertos em Herculano e Pompeia (século I a.C. e depois), muitos dos quais se acredita serem cópias de originais gregos.

Talvez a maior contribuição dos pintores helenistas tenha sido na arte de retratos, conhecidos como “Retratos de Faium”, que datam do século I a.C. em diante.

Essas pinturas, cerca de 900, são o único segmento de arte significativo que sobreviveu intacto desde a antiguidade grega. Encontrados principalmente ao redor da Bacia Fayum no Egito, esses retratos faciais realistas foram anexados ao próprio tecido fúnebre, de modo a cobrir os rostos de corpos mumificados no Egito romano. Artisticamente falando, as imagens pertencem ao estilo grego de retratos, ao invés de qualquer tradição egípcia.

Retrato de uma menina (século II a.C.), Louvre


A influência grega séculos depois

Na época em que a Grécia foi dominada por Roma, durante o século I aC, um grande número de talentosos escultores e pintores gregos já estava trabalhando na Itália, atraídos pela quantidade de comissões lucrativas. Esses artistas e seus descendentes prosperaram em Roma por séculos antes de fugirem da cidade devido às invasões bárbaras, no século IV d.C., para criar outras formas de arte em Constantinopla, a capital do cristianismo oriental.

Assim, na sede da arte bizantina, por quase mil anos antes de deixar a cidade (que em breve seria capturada pelos turcos) para Veneza, ajudando a iniciar o Renascimento italiano, tivemos uma enorme influência da cultura grega em variados territórios mesmo após o fim de seu império.

Durante todo esse período, esses artistas migratórios mantiveram suas tradições (embora adaptadas ao longo do caminho), que influenciaram as eras Renascentista, Barroca, Neoclássica e Moderna.


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Fonte

Ancient Greek Art

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