Movimentos

O que foi o neoconcretismo?

O neoconcretismo (1959-61) foi um movimento artístico e cultural que surgiu no Brasil na década de 1950. Ele representou uma reação ao concretismo, um movimento anterior que enfatizava a racionalidade e a objetividade na arte. Os neoconcretistas acreditavam que a arte deveria se concentrar nas experiências subjetivas e sensoriais do espectador, em vez de apenas seguir princípios racionais.

Os neoconcretistas buscavam uma abordagem mais orgânica e subjetiva para a arte, valorizando a participação do espectador e a expressão individual dos artistas. Eles exploraram formas mais fluidas e expressivas, muitas vezes utilizando materiais não convencionais e técnicas que permitiam maior liberdade de expressão.

Entre os principais artistas associados ao neoconcretismo estão Lygia Clark, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Amilcar de Castro e Franz Weissmann. Eles produziram uma variedade de obras, incluindo esculturas, instalações, pinturas e performances, que desafiaram as convenções artísticas da época e influenciaram significativamente o desenvolvimento da arte brasileira e internacional.

Ferreira Gullar(crédito: fronteiras do pensamento)

Os principais artistas do Neoconcretismo

Claro, aqui está um resumo dos principais artistas do neoconcretismo com suas datas de nascimento e morte:

  1. Lygia Clark (1920-1988): Nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais, Lygia Clark foi uma das figuras mais proeminentes do neoconcretismo. Ela começou sua carreira como pintora, mas logo expandiu seu trabalho para incluir esculturas e instalações interativas. Clark buscava uma conexão mais direta entre sua arte e o público, muitas vezes encorajando a participação física e sensorial dos espectadores em suas obras.
Lygia Clark
Lygia Clark, Bicho Linear

Hélio Oiticica

Hélio Oiticica (1937-1980): Nascido no Rio de Janeiro, Hélio Oiticica foi um artista multidisciplinar conhecido por suas contribuições para o movimento neoconcretista e seu engajamento com a arte experimental. Ele explorou uma variedade de mídias, incluindo pintura, escultura, instalação e performance. Oiticica é famoso por suas “Parangolés”, capas coloridas e interativas que convidavam o público a participar ativamente de suas obras.

Hélio Oiticica

Lygia Pape

Lygia Pape (1927-2004): Nascida em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Lygia Pape foi uma artista visual e cineasta que desempenhou um papel significativo no movimento neoconcretista. Ela era conhecida por suas experimentações com luz, forma e espaço, criando obras que desafiavam a percepção do espectador e promoviam uma experiência sensorial única.

Lygia Pape. Língua esfaqueada
Lygia Pape: Livro do tempo (Book of Time), 1961-1963 | Projeto Lygia. foto: Paula Pape

Amilcar de Castro

Amilcar de Castro (1920-2002): Nascido em Pará de Minas, Minas Gerais, Amilcar de Castro foi um escultor conhecido por suas obras abstratas e minimalistas. Influenciado pelo neoconcretismo, ele explorou formas geométricas simples e materiais como o ferro, criando esculturas que transmitiam um senso de leveza e movimento.

Amilcar de Castro

Franz Weissmann

Franz Weissmann (1911-2005): Nascido em Viena, Áustria, Franz Weissmann foi um escultor que se estabeleceu no Brasil e se tornou uma figura proeminente no movimento neoconcretista. Sua obra era caracterizada por formas abstratas e geométricas, muitas vezes feitas de metal, que exploravam a interação entre espaço negativo e positivo.

Esses artistas foram essenciais para o desenvolvimento e difusão do neoconcretismo, deixando um legado duradouro na arte brasileira e internacional.

Franz_Weissmann

O Manifesto Neoconcreto

No dia 23 de março de 1959, o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil , dirigido por Reynaldo Jardim , participante do movimento, publicou o ‘Manifesto Neoconcreto’, assinado por ele mesmo, além de Ferreira Gullar, Theon Spanudis, Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark e Lygia Pape.

O Manifesto Neoconcreto foi um documento fundamental para o movimento neoconcretista no Brasil. O manifesto representou uma ruptura com os princípios do concretismo, defendendo uma abordagem mais subjetiva e participativa na arte.

No Manifesto Neoconcreto, os artistas rejeitaram a ênfase exclusiva na racionalidade e na objetividade presentes no movimento concretista. Em vez disso, eles propuseram uma arte mais orgânica, subjetiva e voltada para a experiência individual do espectador. O texto enfatizava a importância da sensibilidade, da intuição e da expressão pessoal na criação artística.

Além disso, o manifesto defendia a ideia de que a arte não deveria ser apenas contemplada passivamente, mas sim vivenciada de forma ativa e participativa pelo público. Os neoconcretistas buscavam uma relação mais íntima entre a obra de arte e o espectador, incentivando a interação física e sensorial com as obras.

O Manifesto Neoconcreto teve um impacto significativo no cenário artístico brasileiro, influenciando não apenas as práticas artísticas dos próprios neoconcretistas, mas também o desenvolvimento da arte contemporânea no Brasil. Ele marcou uma nova fase na história da arte brasileira, caracterizada pela busca de uma expressão mais pessoal, experimental e participativa.

As primeiras exposições de arte neoconcreta

As primeiras exposições de arte neoconcreta foram eventos cruciais para a introdução e disseminação desse movimento no cenário artístico brasileiro. Algumas das exposições mais importantes incluem:

“Salão Nacional de Arte Moderna” (1959, Rio de Janeiro): O Manifesto Neoconcreto foi lançado durante este evento, onde artistas como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Amilcar de Castro exibiram suas obras neoconcretas pela primeira vez. A apresentação das ideias neoconcretistas neste salão marcou um ponto de virada na história da arte brasileira.

“Exposição Nacional de Arte Concreta” (1956, São Paulo): Embora não seja exclusivamente neoconcreta, esta exposição foi um marco importante para o movimento, pois reuniu artistas que mais tarde se tornariam figuras-chave do neoconcretismo. O evento apresentou obras de artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, que posteriormente desenvolveriam suas práticas artísticas dentro dos princípios neoconcretos.

“Opinião 65” (1965, Rio de Janeiro): Esta exposição foi significativa por proporcionar um espaço para o diálogo e a interação entre artistas neoconcretos e outros grupos de vanguarda no Brasil. Foi uma oportunidade para os neoconcretistas apresentarem suas ideias em um contexto mais amplo, contribuindo para a consolidação e reconhecimento do movimento.

Essas exposições foram cruciais para estabelecer o neoconcretismo como um movimento distinto e influente na arte brasileira, além de proporcionar visibilidade e reconhecimento aos artistas associados a ele.

Quer se aprofundar no movimento Neoconcreto?

Aqui vão dois textos aprofundados sobre o movimento que pode interessar a você:

  1. SUPLEMENTO DOMINICAL DO JORNAL DO BRASIL E NEOCONCRETISMO: relações e manifestações

http://livros01.livrosgratis.com.br/cp090384.pdf

2. MANIFESTO NEOCONCRETO: Dissertação de mestrado

https://arteref.com/wp-content/uploads/2018/12/MANIFESTO-NEOCONCRETO.pdf

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Paulo Varella

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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