As intensas chuvas e enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024 causaram a morte de quase 200 pessoas e geraram um prejuízo estimado em US$ 15,4 bilhões. Considerado um dos piores desastres naturais do país em quase um século, o episódio teve efeitos devastadores também no setor cultural: museus, centros de arte e eventos foram severamente impactados, registrando queda expressiva no número de visitantes. Ainda assim, as instituições mantêm o otimismo com uma possível recuperação ao longo de 2025.
A Bienal do Mercosul, um dos maiores eventos de arte da América do Sul, com sede em Porto Alegre, teve sua 14ª edição adiada devido à catástrofe. Inicialmente prevista para setembro de 2024, a mostra foi remarcada para o período entre março e junho de 2025. Para Carmen Ferrão, presidente da bienal, o retorno do evento “faz parte da reconstrução do setor artístico do estado”, e deve atrair novamente o público à capital gaúcha. Em 2022, a bienal recebeu cerca de 800 mil visitantes. A expectativa para este ano ultrapassa a marca de um milhão de pessoas, com programação distribuída em 18 espaços e 50 atividades públicas pela cidade. “Apesar das dificuldades, a exposição alcançará ainda mais regiões, inclusive áreas periféricas”, afirma Ferrão, que espera também um estímulo à economia local.
O Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, dedicado à imigração alemã, foi um dos mais afetados. Com seu térreo submerso em mais de 1,5 metro de água, o acervo sofreu perdas irreversíveis: fotografias históricas, livros, quadros e até um piano Schiedmayer de 120 anos foram destruídos. “Foi um evento rápido e inimaginável”, declarou um representante do museu. “Não houve tempo para realocar as peças para o andar superior.” Reaberto em julho de 2024, o museu enfrenta queda acentuada de público, com cancelamento de visitas escolares — muitas delas inviabilizadas porque as próprias escolas também foram afetadas. Para reverter o cenário, foi criado um projeto que cobre os custos de transporte de estudantes até o local.
Outro importante espaço cultural, a Casa de Cultura Mario Quintana, que abriga o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, reabriu suas portas em agosto após quatro meses de obras e reparos na infraestrutura externa, danificada pelas enchentes. Antes da tragédia, o museu recebia cerca de 30 mil visitantes por mês — número que caiu devido às dificuldades de mobilidade e à lenta recuperação da região ao redor.
A Fundação Iberê Camargo, também em Porto Alegre, registrou queda considerável no público: de cerca de 59 mil visitantes em 2022 para 32,500 em 2024. Apesar de não ter sido diretamente atingida pelas enchentes, graças à sua localização elevada e a um muro de contenção, a fundação pretende transferir parte de seu acervo permanente para outro espaço como medida preventiva.
Segundo a presidência da instituição, essa decisão está alinhada ao pensamento do artista que dá nome ao espaço: “Iberê Camargo sempre defendeu a necessidade de uma consciência ecológica no processo criativo”, afirmou um representante, citando seus escritos e obras. A fundação, uma das primeiras a reabrir após o desastre (em junho de 2024), também lançou campanhas de auxílio, como a venda de obras de artistas residentes, com renda destinada às famílias atingidas.
O Centro Cultural Correios Rio de Janeiro convida para a inauguração da exposição individual Denso…
A Zipper Galeria inaugura no dia 8 de maio de 2025 a exposição “Tantos museus…
A técnica de assemblage, caracterizada pela junção de objetos diversos para formar composições tridimensionais, emergiu…
Paulo Nazareth (1977, Governador Valadares, MG) ocupa hoje uma posição singular no campo da arte…
Lygia Clark (1920–1988) é uma das artistas mais decisivas na reformulação dos paradigmas da arte…
De 14 de maio a 8 de junho de 2025, a cidade de Paris recebe…