Georgina de Albuquerque foi a primeira pintora brasileira a entrar na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, e a primeira mulher a ocupar a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, além de ser uma das primeiras artistas a conquistar carreira internacional.
De fato, toda a biografia dessa artista esbanja a palavra “pioneira”, colocando Georgina de Albuquerque entre as mais relevantes artistas da história brasileira.
Georgina Moura Andrade de Albuquerque nasceu em Taubaté-SP em 1885 e iniciou seus estudos na pintura aos 15 anos de idade. Seu primeiro professor foi o pintor italiano Rosalbino Santoro, com quem aprendeu os princípios básicos da pintura, como perspectiva e teorias de cor, e logo aos 18 anos, ela expõe suas obras pela primeira vez, na X Exposição Geral de Belas Artes.
Um ano depois, Georgina muda-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna do pintor Henrique Bernardelli, que era irmão do escultor Rodolfo Bernardelli e do pintor Félix Bernardelli. Com apenas um ano de estudo, participa da XII Exposição Geral da instituição. É também nessa escola que Georgina conhece Lucílio de Albuquerque, com quem ela se casa.
Lucílio, que também era pintor, recebe um prêmio artístico que o leva à França e Georgina acompanha o marido e estuda junto com ele. É na Europa que Georgina completa sua formação artística, sendo a primeira brasileira a passar no rigoroso teste de aptidão da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris, classificada em quarto lugar na seleção. A artista estudou também na Academia Julian.
Georgina foi aluna de Paul Gervais e Decheneau, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Já na Academia Julian, foi aluna de Henry Royer.
Georgina e Lucílio passaram cinco anos estudando na França e foi nesse período que a artista recebeu toda a influência das técnicas impressionistas que vão permear toda a sua produção ao longo do tempo. Neste período, Georgina teve dois filhos e produzia diariamente, dividindo seu tempo entre a maternidade e a pintura.
Em 1911, Georgina e sua família retornaram ao Brasil. Pelos próximos anos, ela produz diversas obras e participa regularmente de exposições.
Em 1919, Georgina recebeu uma medalha de ouro na Exposição Geral de Belas-Artes, o que lhe deu uma posição bem sucedida dentro da Academia e no ano seguinte ela se torna a primeira mulher brasileira a participar de um júri de pintura.
Um dos anos mais emblemáticos da sua carreira foi 1922, quando a artista criou a obra “Sessão do Conselho de Estado”, a versão de Georgina para o ato da proclamação da independência do Brasil. Essa é considerada sua principal obra, primeiramente por se tratar de uma pintura histórica. Nessa época, esse gênero de pintura era restrito aos artistas homens e Georgina foi a primeira mulher a executar este tipo de pintura.
Outra razão que eleva a importância da obra “Sessão do Conselho de Estado” é o fato de, ao contrário de outros pintores que retratam a cena da independência do Brasil como um ato heroico, na versão da Georgina, o momento ocorre durante uma reunião dentro de um gabinete e tem como figura central uma mulher: a Imperatriz Maria Leopoldina.
Além de Maria Leopoldina, também estão representados na obra: José Bonifácio de Andrada e Silva (em pé e diante da Princesa), Martim Francisco de Andrada e Silva (sentado no lado contíguo da mesa em que Maria Leopoldina se encontra), José Clemente Pereira (atrás de Martim Francisco), Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Antonio Farinha, Lucas José Obes (o Conselheiro Obes) e Luiz Pereira da Nóbrega.
“Sessão do Conselho de Estado” tem um claro um viés feminista, porque foi também em 1922 que aconteceu no Brasil o primeiro Congresso Feminista e o nascimento da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, quando começava a luta pelo direito das mulheres ao voto.
A pintura surge em um momento histórico-social de luta pela equidade de gênero. A obra pode ser interpretada como um pedido pelo reconhecimento do direito à cidadania da mulher, dando a ela o poder de opinar e decidir os rumos da política do Brasil.
Em 1927, ela passa a dar aulas de desenho na Escola Nacional de Belas Artes.
Em 1938, o marido da Georgina, Lucílio de Albuquerque, morre. Em 1943, ela fundou, no Rio de Janeiro, o Museu Lucílio de Albuquerque.
Em 1952, Georgina atinge o auge da representatividade feminina na arte brasileira, quando passa ocupar a cadeira da diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Ela foi a primeira mulher a conquistar esse cargo.
Georgina de Albuquerque morreu aos 77 anos no Rio de Janeiro, em agosto de 1962.
As pinturas de Georgina de Albuquerque trazem as técnicas Impressionistas aprendidas durante seus estudos na Europa.
Sua obra traz naturezas-mortas, nus artísticos, retratos, cenas cotidianas, além de paisagens urbanas, provincianas e marinhas. É possível observar, também, a predominância da figura feminina em seus quadros.
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