Guy Debord (Paris, 28 de dezembro de 1931 — 30 de novembro de 1994) foi um escritor francês e um dos pensadores que formaram a base dos textos das manifestações do Maio de 68 na França.
Um dos textos mais importantes de Debord é A Sociedade do Espetáculo (Baixe o livro em PDF aqui). Em termos gerais, as teorias de Debord atribuem a debilidade espiritual, tanto das esferas públicas quanto da privadas, a forças econômicas que dominaram a Europa após a modernização decorrente do final da segunda grande guerra.
Ele faz a crítica, como duas faces da mesma problemática, tanto ao espetáculo de mercado do ocidente capitalista (o espetacular difuso) quanto o espetáculo de estado do bloco socialista (o espetacular concentrado).
O ponto central de sua teoria é que a alienação é mais do que uma descrição de emoções ou um aspecto psicológico individual. É a conseqüência do modo capitalista de organização social que assume novas formas e conteúdos em seu processo de separação e reificação da vida humana.
Guy Debord não é apenas um competente leitor de Marx. Em sua obra podemos encontrar também referências outras como Mikhail Bakunin ou Sigmund Freud.
Sua obra A sociedade do Espetáculo é o resultado de uma série de debates e leituras acerca dos conceitos desenvolvidos por Marx. Debate este que tem recebido contribuições enriquecedoras de diversas pessoas e de diversas ações. Pessoas como Anselm Jappe e Robert Kurz.
Ao desenvolver sua ideia da sociedade do espetáculo, retoma e aprofunda o conceito de Marx do fetiche de mercadorias que é a a relação econômica entre o dinheiro e as commodities. Sendo assim, o fetichismo da mercadoria transforma os aspectos subjetivos (abstração de valor econômico) em objetivos (coisas reais que as pessoas acreditam ter valor intrínseco).
Debord mostra algumas estratégias que buscam resistir à alienação tal como a submissão ao mundo do trabalho.
No capitalismo industrial inicial mudou o foco da existência do ser para o ter a cultura pós-industrial, mudou esse foco de ter que aparecer.”
O status de celebridade oferece a promessa de ser regado com ‘todas as coisas boas’ que o capitalismo tem a oferecer.
A exibição grotesca de vidas(e mortes) de celebridades é a forma contemporânea do culto da personalidade; aqueles “famosos por serem famosos” apresentam a promessa espetacular da completa erosão de uma vida vivida autonomamente em troca de uma apoteose como imagem.
A função ideológica da celebridade (e dos sistemas de loteria) é clara – como uma “roda da fortuna” moderna, a mensagem é “tudo é sorte”; alguns são ricos, alguns são pobres, é assim que o mundo é … pode ser você! ”
O livro “A Sociedade Do Espetáculo” é crítica à sociedade contemporânea e à sociedade do consumo, à cultura da imagem e à invasão da economia em todas as esferas da vida. É sua obra principal e fundadora de uma corrente de crítica renovada que não estava satisfeita com o capitalismo ocidental e nem com o socialismo bolchevique russo.
O filme, dirigido por Debord e lançado em 73, é uma versão audiovisual do livro, onde, ao expor seus conceitos, ele utiliza um recorte de imagens incessante e, a primeiro momento, aleatório, mas que dá suporte à teoria apresentada no livro. É, na verdade, um anti-filme. Uma forma de desvio: a utilização da cultura para fins subversivos. Nele, a imagem não obedece ao narrador, não o segue.
O filme é meio chatinho, mas tem um conceito muito profundo e que nos provoca a reflexão.
É importante dizer que a França da década de 60 e 70 respirava o cinema – os cineclubes, antros de estudantes e amantes da arte, sempre iniciavam bons debates sobre os filmes apresentados. Utilizar o cinema como meio para sua obra não era, então, uma questão de “facilitar” a assimilação do conteúdo do livro (coisa que, realmente, não acontece), mas de utilizar de uma nova forma de arte. De explorar o visual. No fundo, parte do ápice de um cinema político.
É uma maneira completamente diferente de se fazer cinema: não-acadêmica e não-comercial. Não se trata de uma tentativa de vender uma história, mas de apresentar uma crítica à sociedade em que vivemos.
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