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O incrível mundo de Ozi

Um gesto corriqueiro na vida de crianças foi responsável por uma trajetória de mais de 30 anos no mundo das artes. O simples contato de OZI com as HQs despertaram tamanho fascínio que, quando a vida permitiu, matriculou-se em seu primeiro curso de artes. Pensava em ser pintor. Queria ter contato com os mestres da pintura – Michelangelo, Rembrandt, Vemmeer. Era o final da década de 1970 e a efervescência cultural dava seus primeiros sinais. O privilégio de contato direto com grandes nomes do momento na cena artística local – Rubem Valentin, Plinio Marcos, entre tantos – confirmaram a sua capacidade e vontade de criar arte. O momento seguinte, consolidou o desejo: o curso de modelo vivo na Pinacoteca do Estado, onde as oficinas eram orientadas pelo mestre Marcelo Nitsche que presenteou OZI com a amplidão e as diversas possibilidades do criar artístico.

A base acadêmica estava sendo absorvida mas a cidade começou a encantar com sua arte urbana ainda em gestação e os grandes painéis públicos que mostravam-se disponíveis a quem quisesse dedicar a eles alguns minutos de seu tempo.
O processo havia começado e não havia modo de parar. A possibilidade de convívio com Alex Vallauri e Mauricio Villaça, conduziram OZI ao Street Art, segmento onde é referencia nos dias atuais.
Sua primeira mostra em espaço público, foi uma coletiva de ocupação na passagem subterrânea da Avenida da Consolação onde seu trabalho recebeu um “bilhete” de Mauricio Villaça convidando-o para conhecer a galeria. No espaço, o contato também com Vallauri, incentivou OZI a “ir” para a rua mostrar seus trabalhos e o “momento rebeldia” tornou as coisas mais interessantes e desafiadoras.


Levar aos muros da cidade reproduções dos grandes mestres foram as primeiras criações. Aqui nasce o ‘Museu e Rua’. O uso da cor e dos traços que havia aprendido em sala de aula davam prazer e o convívio com os outros artistas, durante o ato de criar, tornavam seus trabalhos intensos e questionadores; fez com que seus traços, cores e temas buscassem uma ousadia que antes não achava ser possível!


A amizade que se formou entre eles permaneceu até o falecimento de Vallauri em 1987 e Villaça em 1993. Essas perdas para OZI tiveram efeitos muito profundos onde questionou seu envolvimento com a arte e o levou a se afastar das ruas por quase uma década. Durante esse período, levando vida aparentemente normal nos departamentos de arte de agencias de publicidade, fica atento ao progresso da street art paulistana. Os novos nomes, as novas formas de arte nas ruas….
Em 2005, decide voltar. A reconquista das ruas, a inserção nos novos movimentos e grupos se deu de forma gradativa e espontânea. OZI não impôs sua presença. Com ações inteligentes de ocupação do espaço público, apenas mostrou que estava de volta.


De forma natural, também conquista o ‘cubo branco’ – espaço sagrado da arte no circuito cultural. Seus personagens nascem e conquistam. Todos pensados para despertar questionamentos ou apresentar “denúncias” bem humoradas.
Vale ressaltar que suas obras transitando pacificamente nesses dois territórios complementares mas diferentes, são pensadas em primeiro lugar com extremo respeito ao público ao qual elas se destinam. O cuidado de OZI na elaboração do conceito e mensagem a serem transmitidos são extremos. O artista se impõe os limites que acha pertinentes para que a mensagem não seja deturpada. Ele alcança sua meta com maestria, divertindo e fazendo pensar.
Seus personagens já pertencem ao imaginário de São Paulo e do mundo. “Alice” é ‘Vandalice’ em posturas e ações nunca pensadas pelo seus criadores (Al Perkins e David S. Hall).
A street art de OZI cruzou fronteiras e levaram o artista a ações e espaços distantes mesmo em seus sonhos de criança. Hoje os desafios são maiores e as metas também. Manter-se informado e atualizado com a vida de sua cidade e do mundo são compromissos assumidos e levados a sério pelo artista que hoje é referencia para os que estão chegando às ruas com sua vontade de liberar expressão e arte.
OZI não parou de estudar. Hoje, pós graduado em História da Arte pela FAAP, tem consciência que seu trajeto influencia os mais jovens de quem se torna responsável.
A consciência do coletivo, o amor pela cidade e a extrema habilidade criativa fazem de OZI um nome com posição consolidada no cenário artístico do século XXI.

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Silvia Balady

Silvia Balady é assessora de imprensa e produtora cultural a mais de uma década. Em sua coluna ela vai falar de pessoas e personalidades da cultura, desde as grandes notícias até os assuntos de bastidores.

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