Marina Abramović, artista performática conhecida por seus trabalhos que testaram drasticamente a resistência da sua mente e de seu corpo, nasceu em Belgrado, Iugoslávia [agora na Sérvia], no dia 30 de novembro de 1946,
Em 1965, ela se matriculou na Academia de Belas Artes de Belgrado para estudar pintura. No entanto, ela se interessou pelas possibilidades da arte performática, especificamente a capacidade de usar seu corpo como um local de exploração artística e espiritual.
Depois de concluir os estudos de pós-graduação na Academia de Belas Artes de Zagreb, Croácia, em 1972, Abramović foi protagonista de uma série de peças de performance que envolviam seu corpo como sujeito e meio.
Marina colocou 72 objetos (que podiam gerar prazer ou dor) sobre uma mesa. Desde um batom, penas, uvas, até uma tesoura, faca, chicote e uma arma carregada com uma bala.
Durante 6 horas, o público poderia fazer o que quisesse com a artista com aquela lista de objetos. No começo, agiram com cautela e pudor; depois, os espectadores começaram ser mais violentos e agressivos, deixando a artista com as roupas rasgadas, tratando ela como uma boneca. Chegaram a furar ela com espinhos e apontar a arma para seu pescoço.
Ela usou uma série de 20 facas para esfaquear rapidamente os espaços entre os dedos da mão que estavam estendidos sobre um papel branco no chão. Toda vez que ela “errava” e perfurava sua pele, pegava outra faca e continuava o processo. Tudo isso estava sendo gravado por ela mesma.
Depois de se cortar vinte vezes, ela reproduziu a fita que estava gravando o processo e tentou repetir os mesmos movimentos, sincronizando os erros, “fundindo” passado e presente.
Em 1975, Marina Abramović se mudou para Amsterdã e, um ano depois, começou a colaborar com Frank Uwe Laysiepen (apelido Ulay), um artista alemão cuja forma de pensamento com relação à arte era semelhante a de Abramović.
Grande parte de seu trabalho em conjunto dizia respeito à identidade de gênero, mais notoriamente a performance Imponderabilia (1977), na qual ficavam nus enquanto se encaravam na entrada estreita de um museu, forçando os visitantes a se espremerem entre eles e, a medida em que fossem passar, teriam que escolher se iriam encarar Marina ou Ulay.
O casal também viajou bastante e em Nightsea Crossing (1981–87), um ato prolongado de meditação e concentração mútuas, foi realizado em mais de uma dúzia de locais ao redor do mundo.
Quando decidiram encerrar o relacionamento em 1988, marcaram o termino com um ato simbólico, fizeram uma peça na qual cada um iria sair caminhando de uma ponta da Grande Muralha da China e se encontrariam no meio para se despedir.
A artista já tinha feito várias performances, mas o reconhecimento e a valorização da sua arte se deu em 1997, quando ela ganhou o Leão de Ouro de melhor artista na Bienal de Veneza.
Ela também chamou a atenção do público por The House with the Ocean View (2002), uma instalação de galeria na qual ela viveu por 12 dias em três cubos expostos montados em uma parede, abrindo mão de todos seus prazeres físicos e psicológicos.
Em 2005, ela começou a refletir sobre o legado da arte performática, um gênero em que as obras individuais geralmente não tinham vida além de sua encenação original, além de sua preservação ocasional no cinema.
Naquele ano, em uma tentativa de neutralizar essa tradição, Abramović apresentou o Seven Easy Pieces, uma série de reconstituições, ou “reproduções”, de obras influentes – duas próprias e cinco de outros artistas performáticos, incluindo Bruce Nauman e Joseph Beuys – no Museu Guggenheim em Nova York.
Em 2010, o Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, realizou uma ampla retrospectiva da obra de Abramović, chamada The Artist Is Present.
Para a exposição, Abramović estreou a peça na qual ela se sentou em silêncio enquanto os visitantes do museu se revezavam sentados de frente e olhando para ela. A oportunidade de participar do trabalho ajudou a atrair longas filas de visitantes.
A performance também contou com uma companhia de artistas que reencenaram o trabalho anterior ao de Abramović. Embora as repercussões tenham sido frequentemente criticadas por erradicar a energia e a imprevisibilidade das apresentações originais, elas e a nova peça de performance trouxeram Abramović a um maior reconhecimento – assim como o documentário da HBO em 2012, The Artist Is Present.
Essa prática feita pela artista também documentou o teste de resistência física de Abramović, enquanto ela permanecia imóvel sete horas por dia durante os três meses de exibição.
Após a retrospectiva do MoMA, Abramović se tornou uma espécie de celebridade, colaborando com ícones pop como Jay Z, Lady Gaga e James Franco. Ela continuou a explorar o legado da arte performática, ensinando seus princípios por meio de oficinas em galerias de arte e posteriormente por suas organizações, principalmente o Instituto Marina Abramović, no estado de Nova York. Em 2016, Abramović publicou o livro Walk Through Walls.
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