Os Sapos é um poema escrito por Manuel Bandeira, à moda da poesia de Jules Laforgue, lido entre vaias e gritos da plateia na Semana de Arte Moderna de 1922, tendo se convertido em um clássico da poesia moderna brasileira, citado em todos os livros didáticos sobre Literatura Brasileira do século XX.
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
– “Meu pai foi à guerra!”
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: – “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Urra o sapo-boi:
– “Meu pai foi rei!”- “Foi!”
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
– A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo”.
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
– “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”.
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…
As férias estão chegando, e São Paulo está cheia de opções culturais imperdíveis! Com uma…
Fizemos um guia prático com dicas para te ajudar a ganhar dinheiro sendo artista. Hoje,…
Da segunda metade do século XVIII ao início do século XIX ocorreram inúmeras discussões no…
A Capela Sistina iniciada no século XV, deve seu nome ao Papa Sixto IV della…
Muitos séculos e fases caracterizaram o período de produção da arte grega. Embora se sobreponham,…
O termo “arte ultracontemporânea” foi adotado pela plataforma Artnet para designar trabalhos feitos por artistas…