A arte contemporânea junto a outros setores da cultura – e da economia – vem recebendo um crescimento exponencial no Brasil e no mundo. Nos últimos anos surgiram novas galerias, proliferaram-se os cursos de formação de artistas e profissionais da área, além dos novos prêmios da iniciativa pública e privada. Mas como se dá a inserção do artista nesse contexto? Qual a sua formação e que tipo de inclusão e profissionalização ele experimenta no mercado de arte? Como se dá o intercâmbio entre os diferentes circuitos de arte num país em que 80% do mercado está concentrado no eixo Rio-São Paulo?
Questões como essas serão debatidas ao longo de dois dias (29 e 30 de março), em São Paulo, por artistas e pesquisadores das cinco regiões do país, no seminário Longitudes: a formação do artista contemporâneo no Brasil. O seminário acontece na Casa do Povo e tem concepção e organização da pesquisadora Mariana Fernandes, que desenvolve um mestrado em políticas culturais e formação do artista.
Voltado para estudantes de artes visuais, artistas, profissionais e pesquisadores do setor, as seis mesas do seminário discutirão um tema pouco abordado, tanto na meio universitário quanto também entre os próprios profissionais do meio, conforme observa Mariana. “Esse crescimento do mercado de arte tem gerado muito dinheiro, mas eu não vejo isso ser revertido na vida dos artistas e na cultura do país. O que está sendo trazido para a sociedade? Os artistas estão em uma situação cada vez mais frágil e precarizada.”, questiona a idealizadora do seminário.
O Seminário
Produzido pela Anamauê, Longitudes é um dos projetos aprovados pelo 10º Edital Redes Nacional da FUNARTE (Fundação Nacional de Artes). Ele se fundamenta na reflexão do porquê existirem hoje políticas públicas que buscam financiar e facilitar a ida de galerias brasileiras para o exterior, exemplo disso é o Projeto Latitude, enquanto a regulamentação do mercado de trabalho no setor de artes visuais no país é assunto de pouco interesse público e privado. Buscando inverter a lógica da produção com vistas para o mercado externo, sentido latitudinal, o seminário propõe uma linha longitudinal que foque nas questões nacionais e na construção de bases sólidas para nossa cultura.
Casa do Povo
Inaugurado em 1953 em memória aos que sucumbiram nos campos nazistas, o ICIB, conhecido como Casa do Povo, nasceu para ser um monumento vivo, em que a memória serve como base para construção do futuro. Acolheu o jornal Nossa Voz,
a escola Scholem Aleichem, e o teatro TAIB.
Por meio de iniciativas ligadas à cultura contemporânea, se afirma como lugar de memória e espaço de experimentação em diálogo constante com o seu bairro, visando alcançar relevância local e internacional.
Como participar
O seminário tem entrada gratuita, por ordem de chegada, sem necessidade de inscrição prévia. O limite é de 100 vagas.
Programação
Sábado, 29 de março
13h30 -14h00
Abertura – Como mapear os espaços de formação?
Com Mariana Fernandes
14h00 -15h30
Mesa 1 – A profissionalização do artista ou o que torna o artista um profissional.
Com Mario Ramiro, Carla Zaccagnini e TRAPLEV
15h45 -17h30
Mesa 2 – O artista e seu âmbito de atuação.
Com Ricardo Basbaum, Armando Queiroz e Clarissa Diniz
18h00 – 19h30
Mesa 3 – O artista e a ampliação do circuito.
Com Glória Ferreira, Guilherme Dable e Ana Luisa Lima
Domingo, 30 de março
14h00 -15h30
Mesa 4 – A arte na universidade.
Com José Spaniol, Felipe Sconivo e Luciana Paiva
15h45 -17h30
Mesa 5 – O artista enquanto produtor de si.
Com Divino Sobral, Amilcar Parker e Pedro França
18h00 – 19h45
Mesa 6 – Disparidades regionais.
Com Ueliton Santana dos Santos, Kamilla Nunes e Júlio Martins
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