SP–Arte aponta 10 artistas para ficar de olho em 2024
A SP–Arte apresenta dez artistas para ficar de olho, indicados pelos curadores Ariana Nuala, Daniela Avellar, Julia Cavazzini, Lorraine Mendes e Lucas Albuquerque. Cada um selecionou dois artistas que, além de serem suas apostas para 2024, fazem parte de suas pesquisas.
Os dez artistas indicados são promessas para o ano que começa e vêm chamando atenção de curadores e colecionadores. São as práticas artísticas e as sutilezas reunidas que chamam atenção: a variedade de técnicas experimentadas, o cuidado com a origem (e o destino) das matérias utilizadas, as distintas temporalidades que atravessam os trabalhos e a importância dos afetos que envolvem tudo aquilo que é corriqueiro e cotidiano.
O que esperar de 2024, de acordo com a SP-Arte?
2024 promete ser um ano fervilhante para a arte brasileira. Após a retomada do setor cultural como um todo no ano passado, é provável que neste novo ciclo acompanhemos uma consolidação e expansão de políticas públicas e maior interesse de iniciativas privadas no setor da cultura.
O primeiro semestre de 2024, por exemplo, reserva alguns acontecimentos de enorme repercussão para o circuito de artes visuais: a SP–Arte chega à sua 20ª edição como a principal feira de arte e design da América Latina. O marco comemorativo reflete o papel que o evento desempenhou nas últimas décadas para o desenvolvimento e a profissionalização do mercado de arte no Brasil. Além disso, a Bienal de Veneza, a mais tradicional mostra de arte do mundo, será curada por um brasileiro. Adriano Pedrosa está à frente da 60ª edição da exposição, batizada de “Foreigners Everywhere [Estrangeiros em todos os lugares]”.
Como é de praxe, a SP–Arte abre o ano apresentando dez artistas para ficar de olho. Desta vez, cinco jovens pesquisadores de olhar aguçado indicam dois artistas que fazem parte de suas pesquisas curatoriais. Mais do que destacar figuras individuais, o que se deve prestar atenção nesta lista são as práticas artísticas e as sutilezas aqui reunidas, como a variedade de técnicas experimentadas, a intimidade com a origem (e o destino) de matérias distintas, as temporalidades que atravessam os trabalhos e a importância dos afetos no que é corriqueiro e cotidiano. Confira!
Obras em Destaque
Indicações de Ariana Nuala
Combinando estratégias iniciadas no corpo e condensadas na escrita, propõe tornar seu exercício na curadoria um ato poético. Atualmente, ela é Gerente de Educação e Pesquisa na Oficina Francisco Brennand e mestranda em História da Arte na UFPB. @arianaynuala
Iah bahia
Iah bahia (São Gonçalo, RJ, 1993) conduz uma rica investigação de materialidades em sua expressão artística. Sua prática-pesquisa, centrada na relação linha-costura, transcende o convencional ao observar o espaço habitado. Envolvendo-se de forma transdisciplinar com matéria-tecido, matéria-lixo e papel, ela cria esculturas que ultrapassam o tangível. Sua abordagem escultórica preenche o espaço com uma ligação entre pontos e linhas abstratas, delineando silhuetas e demarcando lugares.
Rafaela Kennedy
Artista visual amazônica, Rafaela Kennedy (Manaus, AM, 1994) destaca-se por sua abordagem na fotografia. Seu processo poético floresce na observação atenta de seus pares e nas ancestralidades travestis que a precederam. Sua fotografia convida à imersão, onde corpo, vestimenta e entorno se entrelaçam, cultivando uma vida não normativa e abundante. À frente do Ateliê TRANSmoras, ela promove o reconhecimento das pessoas trans, explorando fragmentos de memórias como alicerces para construir suas presenças de forma significativa.
Galeria: HOA
Indicações de Daniela Avellar
Curadora da Galeria Refresco, é pesquisadora e professora. Graduada em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, Mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela UFF e Doutoranda em Comunicação e Estética pela UFRJ com pesquisa voltada para práticas curatoriais. @daniela_avellar
Juan Casemiro
Juan Casemiro (Conceição das Pedras – Itajubá, MG, 1993) incorpora em sua prática um pensamento ligado à arquitetura, especialmente no que diz respeito ao uso de diversas materialidades, muitas delas encontradas em situações urbanas ordinárias, como caçambas e calçadas. Aqui também importa a arquitetura do sujeito e das relações, na medida em que os vetores principais de sua obra se voltam às experiências de intimidade, memória e encontros afetivos.
Galeria: Marli Matsumoto
Siwaju Lima
Siwaju Lima (São Paulo, SP, 1997) possui uma produção baseada em esculturas de ferro feitas com materiais doados ou encontrados, onde ela incita processos intencionais de oxidação. A incorporação das transformações nos elementos, bem como a implicação entre as vibrações corporais durante o ato de esculpir e fundir, colocam o tempo e a memória como centralidades importantes em sua prática.
Galeria: Nonada
Indicações de Julia Cavazzini
Curadora no Instituto Tomie Ohtake, também é artista e educadora. Cavazzini produz pesquisas e trabalhos que abordam temáticas relacionadas à pedagogia na arte contemporânea e estudos em culturas alimentares. @jucavazzini
Renan Teles
Em uma investigação singular da imagem e da representação de pessoas negras, o artista paulistano Renan Teles (São Paulo, SP, 1986) transita entre diferentes linguagens artísticas com a intimidade de alguém que medita sobre o mundo através da fotografia. Seja no esmero dos retratos dos moradores do condomínio Esmeralda no bairro de Itaquera (SP) ou nas vibrantes e robustas pinturas que tem feito ultimamente, o artista disseca suas imagens em pixels e pinceladas, em busca de investigar a beleza delas.
Roxinha Lisboa
Aos 59 anos de idade e vivendo no quilombo da Lagoa da Pedra, Roxinha Lisboa (Água Branca, AL, 1956) iniciou sua produção artística após a saída de seus filhos de casa. Hoje, aos 66, a alagoana desenvolve uma linguagem própria narrando histórias de casais, famílias, afetos e desafetos. Em pinturas que emolduram cores vibrantes em suportes despretensiosos, Roxinha, com uma sabedoria exímia de síntese, retrata sua vida através da potência do cotidiano.
Indicações de Lorraine Mendes
Curadora na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Professora e pesquisadora, é doutoranda em História e Crítica da Arte no PPGAV-UFRJ, onde desenvolve sua pesquisa sobre a história da arte brasileira e os projetos de nação. @vidamaiorqueolattes
Diego Mouro
É pintor e muralista. Observador do cotidiano, Diego Mouro (São Bernardo do Campo, SP, 1988) evidencia as camadas que nos constituem enquanto indivíduos que compartilham histórias e territórios. Em Povoada, exposição individual no Museu Afro Brasil, percebe-se como, para além da técnica, o artista localiza-se na história da pintura brasileira em relação, por exemplo, com Arthur Timótheo da Costa (1882-1922) e Benedito José Tobias (1894-1963).
Juliana dos Santos
Artista visual, mestre em arte/educação e doutoranda em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP. Em sua investigação visual, Juliana dos Santos (São Paulo, SP, 1987) desenvolve uma pesquisa sobre o tempo. A cor, o pigmento e a matéria, em contato com o papel, navegam em sulcos, traçando caminhos da pintura e uma grafia da água.
Indicações de Lucas Albuquerque
Bacharel em História da Arte e mestre em Processos Artísticos pela UERJ, Albuquerque é curador da Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro), produzindo diálogos entre seu acervo e arte contemporânea. @lu.casalbuquerque
Arthur Palhano
Pintor de formação, Arthur Palhano (Rio de Janeiro, RJ, 1996) faz das camadas de tinta a tábula rasa em que opera com sua técnica de escavação — método que, recentemente, se espalha também em desenho e escultura. Nesta empreitada, ele pinça imagens, símbolos e textos como um verdadeiro analista, ou apenas como um amante da imagem que desconfia de sua sedução. Como resultado, grossas faixas de tinta dão a ver, nos estratos de seus sulcos, cenas lacunares de um passado tão ficcional quanto autêntico.
Galerias: Alban e Portas Vilaseca
Ayla Tavares
Explora a intrincada relação entre a manufatura e as camadas de tempo que a prática evoca. Fazendo uso da escultura em cerâmica e do desenho em grafite, Ayla Tavares (Rio de Janeiro, RJ, 1990) investiga artefatos arqueológicos, arquitetura e objetos que manuseamos no dia a dia para pensar a memória e a vida comum. Atualiza, assim, a ideia de “objeto eterno”, tão cara ao campo da arqueologia, propondo uma dança orgânica.
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