Mona Caron, uma artista de origem suiça, que desenvolve um trabalho que chama muita atenção por suas técnicas de muralismo, ilustração e fotografia em sua arte e artivismo.
Mas antes de mergulharmos sobre os trabalhos de Mona Caron é fundamental entendermos a definição de Artivismo.
Artivismo é uma prática político estética sustentada por um coletivo de indivíduos que utilizam de suas atividades artísticas para requererem políticas ou intervenções políticas pelo bem estar social.
Seu diferencial está no uso de métodos colaborativos de execução do trabalho e de disseminação dos resultados obtidos. Desta forma, é característico desse tipo de arte política a participação direta, configurando formatos de situações que vai do artista crítico até o engajado ou militante. O artista artivista situa-se no interior de uma relação social, isto é, engendra uma esfera relacional fundada no desejo de luta, na responsabilidade ou na vocação social que reconhece a existência de conflitos a serem enfrentados de imediato. Portanto, torna-se fundamental no artivismo o reconhecimento do outro e também a crítica das condições que produzem a contemporaneidade. Neste forte envolvimento social, tem-se, assim, reduzida a autonomia da arte e, em contrapartida, amplia-se a relação entre ética e estética.
MINHOCÃO – SÃO PAULO
Em 2015, a semente de uma erva comum brotou no meio da selva de concreto do centro de São Paulo, afirmando a força e a resiliência da natureza e celebrando as novas idéias no urbanismo que germinam lentamente nesta região.
Caros, se vocês já deram aquela passadinha de domingo no Minhocão, certamente tiveram tempo suficiente para contemplar uma das obras de Mona Caron.
A desproporção em escala de recurso versus a forma de vida que é retratada pode fazer eco da crise da água de São Paulo, que se tornou latente durante este período, e buscou aludir a quantidade notável de vida que está sendo sustentada na diminuição de recursos, tanto ambiental como figurativamente, dentro do nosso imaginário à medida que lutamos por alternativas ao nosso sistema destrutivo atual.
Mona Caron, como artivista, articula em comícios e ações diretas políticas com a contribuição de sua arte. Em coletivo ela faz e facilita a criação colaborativa de imagens portáteis que são usadas para amplificar o impacto visual dos comícios, ao mesmo tempo em que adiciona a experiência de trazer arte e a linguagem do teatro às ações e lutas.
MULHERES PROTETORAS DE AMEAÇAS AO MEIO AMBIENTE – EQUADOR
Um mural no centro de Quito, no Equador, criado para homenagear 6 povos indígenas amazônicos e 3 andinos e as mulheres que articularam liderando em defesa de extração de combustíveis fósseis, projetos de mineração e leis agrícolas que ameaçam a restauração de alimentos e eliminar a cultura local.
Através de uma liderança inicial da Terra, a artista Mona Caron e a Acción Ecologica, realizaram um projeto que incluiu a participação da Saramanta Warmucuna, membros da Minka Urbana, além de uma assembléia principalmente feminina de protetores ativos de comunidades indígenas de primeira linha.
A criação de conceitos do mural foi guiada por mulheres líderes indígenas, durante reuniões realizadas em seus territórios, e pesquisas de imagens realizadas em explorações e entrevistas.
Sendo que as próprias lideranças indígenas também adicionaram suas próprias marcas de rosto tradicionais em seus retratos no mural.
O processo resultante veio da participação de artistas de círculos concêntricos de proximidade com as ameaças enfrentadas pelo indígena equatoriano, para representar na fabricação do mural todo o espectro de preocupação local, nacional e internacional dessas questões.
PRAÇA DE BOLSO DO CICLISTA – CURITIBA
Este mural no centro de Curitiba, anunciou o início de uma série de intervenções de base para recuperar e transformar fisicamente esta longa esquina negligenciada, para refletir o desejo da comunidade por uma cidade mais habitável.
Os ativistas locais para andar de bicicleta como o transporte diário, lideraram a aquisição da comunidade neste local, como parte de sua ampliação de defesa do desenvolvimento urbano sustentável.
Mona Caron foi convidada para criar um mural lá, em conjunto com o terceiro Fórum Mundial de Bicicletas, onde também foi convidada a falar sobre o seu trabalho, que compartilha sua defesa para um uso mais sociável do espaço público, muitas vezes retratando alternativas ao trânsito de carros como meio de ajuda e orientação.
A imagem do mural em curitiba simboliza um florescimento do ambiente urbano, que dá origem a formas mais leves de pisar o solo urbano. A flor dramaticamente grande deveria sentir-se como um grande tambor que revela, de forma anticlimática, apenas uma pequena bicicleta. A idéia é que apenas uma coisa simples e modesta, como promover o uso diário de bicicletas, pode, em última análise, ter um grande impacto no meio ambiente urbano.
Em suas ações artivistas Mona cria arte para ações de rua e gráficos em acompanhamento de movimentos de justiça social e ambiental, locais e internacionais.
Sua arte tem sido usada em movimentos de justiça climática, direitos hídricos e grupos de direitos trabalhistas com organizações como 350.org, a Coalizão de Trabalhadores da Imigração, Zero-Waste Detroit, o Fórum Social dos EUA, a Coordenadora da Água e da Vida e a Fundação Abril de Cochabamba Bolívia, Acção Ecologica (Equador), Terra é Vida, entre outros.
Ela também colaborou com grupos urbanos comuns e grupos de defesa de bicicleta em 3 continentes, incluindo vários Fóruns mundiais de bicicleta.
Certamente que o trabalho de Mona Coran não se limita ao Artivismo, ela criou murais em grande escala nos EUA, Europa, América do Sul e Ásia, mergulhou em animação stop-motion como parte de seu projeto “WEEDS” e cria imagens para ações de rua e divulgação com movimentos sociais e ambientais usando as narrativas da pintura para provocar conversas e consciência crítica do espaço que compartilhamos.
O trabalho mural de Mona é agrupado vagamente nas seguintes categorias às vezes sobrepostas:
MURAIS NARRATIVOS
A primeira década do muralismo de Mona foi definida por murais narrativos extremamente específicos do local, detalhados e imersivos na comunidade, refletindo os imaginários passados, presentes e futuros de seus bairros através de um processo participativo unicamente permeável, considerado parte da obra de arte. Este processo foi apresentado em um filme documentário premiado com o Emmy, “A Brush With the Tenderloin“,e tem sido a práxis subjacente para a maioria do trabalho de Mona em sua cidade natal de San Francisco.
WEEDS – “ ERVAS DANINHAS”
Nos últimos anos, a animação de stop-motion de Mona e a série mural botânica intitulada “WEEDS”, uma metáfora sobre resiliência e resistência, tem crescido em números e alcance geográfico, bem como na escala das peças. Esta série se comunica em uma poética nível, através do contraste de escala de cada planta de erva daninha pintada com seu ambiente, e encontrou recepção entre culturas e idiomas.
TRABALHOS RECENTES
Atualmente, Mona está voltando a incluir elementos narrativos em suas metáforas poéticas botânicas, em visões surrealistas emotivas / oníricas, como pode ser visto em trabalhos recentes como “Outgrowing” em Taiwan ou suas colaborações “Emergentes” e “Mujeres Custodias“.
ILUSTRAÇÃO
Mona também ilustrou livros, cartazes para música ou eventos políticos, editoriais de notícias e mais, usando vários estilos de aquarela, técnicas de impressão em bloco e muito mais.
As ilustrações do livro de Mona incluíram colaborações com a autora Rebecca Solnit e um livro para crianças baseado em um conto Sufi afegão que foi traduzido para espanhol, Dari e Pashto. Ela também criou uma série de pôsteres para eventos musicais e culturais em sua cidade natal de San Francisco, algumas obras de música e arte editorial.
Nascida e criada na região de Centovalli, no Ticino, na Suíça, Mona deve seu amor à botânica e a forma natural ao meio ambiente desde sua infância e com os ensinamentos de sua mãe.
Seu pai, o designer de teatro Peter Bissegger, também influenciou sua preocupação com a influência de um ambiente visual sobre emoções e vitalidade humanas.
Mona estudou brevemente a literatura inglesa na Universidade de Zurique antes de se mudar para São Francisco, onde frequentou a Academia de Arte da Universidade, formando-se com honra da BFA em ilustração.
Nos últimos anos, através de seus projetos de Weeds, ela mergulhou mais intensamente em obras de arte que combinam pintura com fotografia e criação de animações mural e vídeos curtos.
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Leia também:
FONTE DE CONSULTA
https://monacaron.com/about/about
https://revistas.pucsp.br/index.php/aurora/article/viewFile/6335/4643
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