Arte de Rua

Pichação: você é contra ou a favor? Veja o que as pessoas pensam aqui

Um tema tomou conta da redação do Arteref e dividiu opiniões. O debate é longo, portanto, nos limitaremos a questões mais abrangentes e correlacionadas: do que se trata a pichação? Quais são seus prós e contras?

A definição de pichação é “o ato de escrever ou rabiscar sobre muros, fachadas de edificações, asfalto de ruas ou monumentos, usando tinta em spray aerossol, estêncil ou rolo de tinta”.

Momento da ação no Terminal Bandeira Foto de Fábio Vieira (Foto Rua)

No meio artístico este é um debate muito acalorado e dificilmente chega-se a um consenso. O próprio significado do termo é complicado porque se fragmenta entre dois tipos: as pichações que são entendidas pelo público geral e os rabiscos que apenas as gangues ou pessoas do meio entendem.

Tanto o grafite quanto a pichação se caracterizam como formas de intervenção urbana ilegal. O grafiteiro e o pichador querem colocar seu nome, seu estilo, fazer valer a sua escrita; entretanto, as duas manifestações estéticas apresentam divergências em suas formas e significados. Veremos abaixo suas diferenças.


Argumentos pró

1) É uma arte

Muitos consideram a pichação outra forma de manifestação artística. A arte, em si, não depende da beleza, pois, esta é subjetiva e muda seus critérios de análise à medida que o tempo passa. Vimos nas vanguardas que a arte pode extrapolar o campo da fruição estética.

“Sim, pixo é arte. Acho a questão estética e expressiva da pixação sensacional”, diz o grafiteiro Ramon Phanton. Ele também afirma que o fato da pichação ser vandalismo não a exclui do escopo das artes. Ramon foi indicado ao Meeting Styles da Dinamarca deste ano e alerta sobre a influência geográfica nos tipos de pichação existentes. Ele, que é de Brasília, nota características bem diferentes entre as feitas em São Paulo com as de sua cidade.


2) Dá voz aos marginalizados, frutos de uma forte desigualdade social

Os diretores do filme/documentário “Pixo” (ver no final da matéria), comentam que o ato de pichar é um protesto instintivo, feito para aparecer, fruto de uma vida mergulhada na desigualdade social vivida por jovens de periferias e favelas. Assim, pichar um prédio ou uma parede no centro da cidade é a forma de colocarem sua marca em um local onde eles não têm acesso, tornando-se, de certa forma, pessoas menos esquecidas, mais importantes. Essa manifestação dá voz a essas pessoas marginalizadas.

Grafite de Banksy em Paris

Banksy, no começo de sua carreira, não pedia autorização para pintar os muros que escolhia. “A expressão não autorizada transforma a prática numa forma de mobilização poderosa”, diz o internauta Alex Sampaio.


Argumentos contra

Crime

Por ser entendida como um ataque contra o patrimônio público ou privado, a pichação é crime de acordo com o artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98). A pena varia de 3 meses a 1 ano de detenção, assim como a multa, pois, a gravidade é maior nos casos em que o crime é cometido em monumentos tombados, devido ao seu valor histórico ou arqueológico.


Sem valor estético

Predominantemente caracterizada por letras e símbolos incompreensíveis para a população que não faz parte do meio, a pichação seria apenas uma disputa de territórios entre gangues e competição entre os próprios praticantes do ato nos locais mais altos e perigosos de se realizar.

Não apresenta uma preocupação estética ou que visa transmitir uma mensagem engajada socialmente. O grafite, por se preocupar mais com o local e apresentar uma arte mais elaborada tecnicamente (sombreamento, cores, preenchimento de imagens), tem uma aceitação estética maior para população, desde que feito com a permissão do proprietário ou governo.

Agressividade

Os traços em forma de rabisco somadas a relatos de agressão verbal de cunho racista e xenofóbico, intolerância religiosa, ameças e até mesmo declarações de amor, encontradas em diversas pichações, também são um dos fortes motivos de repressão por parte da opinião pública.


Para um melhor aprofundamento, separamos um importante um filme/documentário sobre pichação, dirigido por João Wainer e Roberto Oliveira


E para você, pichação é arte, vandalismo, ambas as coisas? Você é a favor ou contra? Compartilhe sua opinião conosco nos comentários ou pelas redes sociais do Arteref.

Fontes

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