Um tema tomou conta da redação do Arteref e dividiu opiniões. O debate é longo, portanto, nos limitaremos a questões mais abrangentes e correlacionadas: do que se trata a pichação? Quais são seus prós e contras?
A definição de pichação é “o ato de escrever ou rabiscar sobre muros, fachadas de edificações, asfalto de ruas ou monumentos, usando tinta em spray aerossol, estêncil ou rolo de tinta”.
No meio artístico este é um debate muito acalorado e dificilmente chega-se a um consenso. O próprio significado do termo é complicado porque se fragmenta entre dois tipos: as pichações que são entendidas pelo público geral e os rabiscos que apenas as gangues ou pessoas do meio entendem.
Tanto o grafite quanto a pichação se caracterizam como formas de intervenção urbana ilegal. O grafiteiro e o pichador querem colocar seu nome, seu estilo, fazer valer a sua escrita; entretanto, as duas manifestações estéticas apresentam divergências em suas formas e significados. Veremos abaixo suas diferenças.
Muitos consideram a pichação outra forma de manifestação artística. A arte, em si, não depende da beleza, pois, esta é subjetiva e muda seus critérios de análise à medida que o tempo passa. Vimos nas vanguardas que a arte pode extrapolar o campo da fruição estética.
“Sim, pixo é arte. Acho a questão estética e expressiva da pixação sensacional”, diz o grafiteiro Ramon Phanton. Ele também afirma que o fato da pichação ser vandalismo não a exclui do escopo das artes. Ramon foi indicado ao Meeting Styles da Dinamarca deste ano e alerta sobre a influência geográfica nos tipos de pichação existentes. Ele, que é de Brasília, nota características bem diferentes entre as feitas em São Paulo com as de sua cidade.
Os diretores do filme/documentário “Pixo” (ver no final da matéria), comentam que o ato de pichar é um protesto instintivo, feito para aparecer, fruto de uma vida mergulhada na desigualdade social vivida por jovens de periferias e favelas. Assim, pichar um prédio ou uma parede no centro da cidade é a forma de colocarem sua marca em um local onde eles não têm acesso, tornando-se, de certa forma, pessoas menos esquecidas, mais importantes. Essa manifestação dá voz a essas pessoas marginalizadas.
Banksy, no começo de sua carreira, não pedia autorização para pintar os muros que escolhia. “A expressão não autorizada transforma a prática numa forma de mobilização poderosa”, diz o internauta Alex Sampaio.
Por ser entendida como um ataque contra o patrimônio público ou privado, a pichação é crime de acordo com o artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98). A pena varia de 3 meses a 1 ano de detenção, assim como a multa, pois, a gravidade é maior nos casos em que o crime é cometido em monumentos tombados, devido ao seu valor histórico ou arqueológico.
Predominantemente caracterizada por letras e símbolos incompreensíveis para a população que não faz parte do meio, a pichação seria apenas uma disputa de territórios entre gangues e competição entre os próprios praticantes do ato nos locais mais altos e perigosos de se realizar.
Não apresenta uma preocupação estética ou que visa transmitir uma mensagem engajada socialmente. O grafite, por se preocupar mais com o local e apresentar uma arte mais elaborada tecnicamente (sombreamento, cores, preenchimento de imagens), tem uma aceitação estética maior para população, desde que feito com a permissão do proprietário ou governo.
Os traços em forma de rabisco somadas a relatos de agressão verbal de cunho racista e xenofóbico, intolerância religiosa, ameças e até mesmo declarações de amor, encontradas em diversas pichações, também são um dos fortes motivos de repressão por parte da opinião pública.
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