Anita Malfatti nasceu filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e de mãe norte-americana Eleonora Elizabeth “Betty” Krug, Anita Malfatti, segunda filha do casal, nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de dezembro de 1889.
Anita Malfatti inicia, bem jovem, o aprendizado em artes com a mãe. Aos 20 anos, procura aperfeiçoar seus estudos na Europa. Graças à ajuda financeira de seu tio o engenheiro-arquiteto George Krug (1869 – 1919), consegue mudar-se para a Alemanha e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. Nessa cidade a artista ganha familiaridade com as coleções dos museus e das galerias. A Alemanha, em 1910, vive uma efervescência do expressionismo.
Veja abaixo as curiosidades sobre a artista e como ela foi a peça principal para o que se tornou a semana de arte moderna de 1922.
Anita Malfatti é considerada a primeira representante do modernismo no Brasil. Aos 19 anos se formou em professora pela escola normal.
Sua pintura foi o estopim da vanguarda do modernismo brasileiro. Já em 1917, cinco anos antes da Semana de Arte Moderna, uma mostra com 53 de seus mais arrojados trabalhos chocaram a provinciana e acadêmica São Paulo.
Bengaladas, risos, devoluções de obras e bilhetinhos ofensivos. A causa? Um cruel artigo de Monteiro Lobato comparava o trabalho de Anita “aos desenhos dos internos dos manicômios”. Em torno dela, começa então a arregimentação de jovens poetas e artistas inconformados com a forma como estavam as coisas, culminando com a Semana de Arte Moderna de 1922 — na qual a participação de Anita volta a escandalizar.
Ela nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos foi levada pelos pais a Lucca (Itália), na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da sua vida. Voltando ao Brasil, teve a sua disposição Miss Browne, uma governanta inglesa, que a ajudou no desenvolvimento do uso da mão esquerda, no aprendizado da arte e da escrita.
Ainda na infância, falece seu pai Samuel Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos para o sustento dos filhos, D. Betty passa a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a submeter-se à orientação do pintor Carlo de Servi para, com mais segurança, ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas e nelas tomava parte. Foi, portanto, sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.
Seus planos incluíam estudos em Paris, mas a situação financeira lastimável da família não permitiu. Foi então financiada pelo tio para acompanhar suas primas à Alemanha, em 1910. Lá entrou em contato com o grupo de vanguarda Die Brucke. Teve como mestres os impressionistas Fritz Burger, e posteriormente Lovis Corinth.
Em 1914, Anita montou sua primeira exposição individual, aos 24 anos. Seu objetivo era conseguir uma bolsa e voltar a viajar, mas por causa da guerra não pôde. Então seu tio financiou sua viagem para os Estados Unidos onde ela terminou passando 2 anos.
Anita montou outra exposição individual em 1917. No primeiro dia ela vendeu 8 quadros. Monteiro Lobato publicou uma crítica no jornal O Estado de S. Paulo, criticando Anita, dizendo que ela tinha se deixado influenciar por Picasso e sua turma. No dia seguinte as telas compradas foram devolvidas e todos passaram a atacá-la nos jornais. O primeiro a defendê-la foi o Oswald de Andrade, seguido depois pelo Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida.
Em 1923, ganha o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e vai para Paris, onde encontra com Tarsila e Oswald, Victor Brecheret, Paulo Prado e Di Cavalcanti. Anita vive então uma transformação profunda, perde o impulso marcante do expressionismo, deixa de lado o uso de cores fortes e artificiais e começa a representar o mundo de forma simplificada.
Volta para São Paulo em 1928, reencontra os modernistas e participa das últimas manifestações do grupo. Nos anos 30, grandes dificuldades econômicas a obrigam a dedicar-se cada vez mais ao ensino da pintura e do desenho, e à pintura decorativa.
Nos anos 40, depois da morte de sua mãe e de seu grande e amado amigo, Mário de Andrade, Anita se recolhe em sua chácara em Diadema, onde viverá reclusa até sua morte, em 1964.
Feita durante sua estada nos Estados Unidos, A Boba é um dos pontos mais altos da pintura de Anita. É fruto de uma fase em que a sua pintura expressionista absorve elementos cubo-futuristas.
A Boba faz parte de um momento de “busca ativa”; a tela é construída com a cor, numa orquestração de laranjas, amarelos, azuis e verdes, realçando as zonas cromáticas delineadas pelas linhas negras, na maioria, diagonais — ordenação cubista.
No primeiro plano, uma angulosa e assimétrica figura recebe aplicação irregular da cor. Na fisionomia, a expressão anormal e vaga é ressaltada por traços negros, segundo a estética expressionista do irracional e desarmônico. O fundo, elaborado com rápidas pinceladas, serve de contraponto.
Este desenho de um ginasta masculino, possivelmente foi feito no final de sua estada nos Estados Unidos. Anita se ocupa com o movimento dos músculos, a anatomia e a construção geométrica. Compõe a figura na diagonal, a musculatura distorcida parece saltar do papel. Cabeça e pés não cabem na folha, as mãos estão “ausentes e presentes”. O uso do pastel demonstra a valorização das cores no desenho.
Pintura a óleo sobre tela de Anita Malfatti (São Paulo, 1896 — São Paulo 1964), executada entre 1915 e 1916. Dimensão: 76 cm de altura por 61 cm de largura. Pertence ao acervo do Museu de Arte de São Paulo. A obra foi doada ao museu pela autora.
Alfredo Volpi nasceu em Lucca na Itália 1896. Ele se mudou com os pais para…
Rosana Paulino apresenta um trabalho centrado em torno de questões sociais, étnicas e de gênero,…
Na arte, o belo é um saber inventado pelo artista para se defrontar com o…
SPPARIS, grife de moda coletiva fundada pelo artista Nobru CZ e pela terapeuta ocupacional Dani…
A galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea - que completa 15 anos - apresentará, entre os…
Nesta matéria enumeramos algumas tendências de arte mais estranhas da história que você já viu.…
View Comments
Adorei!! Muito bom texto!!!!