Alfredo Volpi nasceu em Lucca na Itália 1896. Ele se mudou com os pais para São Paulo em 1897 e, ainda criança, estudou na Escola Profissional Masculina do Brás.
Mais tarde Volpi trabalhou como marceneiro, entalhador e encadernador. Em 1911, tornou-se pintor, decorador e começou a pintar sobre madeiras e telas. Na década de 1930, ele começou a fazer parte do Grupo Santa Helena com vários artistas, como Mário Zanini e Francisco Rebolo.
Em 1936, ele participou da formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo e integra, em 1937, a Família Artística Paulista (FAP). Sua produção inicial era figurativa, destacando-se marinhas executadas em Itanhaém, São Paulo. No fim dos anos de 1930, manteve contato com o pintor Emídio de Souza (1868-1949).
Em 1940, Alfredo Volpi ganhou o concurso promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a partir de trabalhos realizados com base nos monumentos das cidades de São Miguel e Embu ele ficou encantado com a arte colonial, voltando-se para temas populares e religiosos.
Sua primeira exposição individual ocorre em São Paulo, na Galeria Itá, em 1944. Em 1950, viajou para a Europa acompanhado de Rossi Osir e Mario Zanini, onde ficou impressionado com as obras pré-renascentistas. Passou a executar, a partir da década de 1950, composições que gradativamente caminham para a abstração.
Ele foi convidado a participar, em 1956 e 1957, das Exposições Nacionais de Arte Concreta e mantém contato com artistas e poetas do grupo concreto. Recebeu, em 1953, o prêmio de Melhor Pintor Nacional da Bienal Internacional de São Paulo, dividido com Di Cavalcanti (1897-1976); em 1958, o Prêmio Guggenheim; em 1962 e 1966, o de melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro.
Em 1911, aos 16 anos, Alfredo Volpi iniciou sua carreira como aprendiz de decorador de parede, pintando frisos, florões e painéis de residências, na mesma época, começou a pintar sobre madeira e telas. Volpi frequentava mostras no centro antigo de São Paulo, entre elas a polêmica exposição de pintura moderna Anita Malfatti (1917), que se tornaria um marco do modernismo no Brasil.
Sua primeira exposição coletiva ocorreu no Palácio das Indústrias de São Paulo, em 1925 quando ele tinha 28 anos, neste período ele deu destaques a retratos e paisagens. A pintura de Volpi possui grande sensibilidade para a luz e sutileza no uso das cores, por isso chegou a ser comparado aos impressionistas.
Apesar da comparação, algumas obras da década de 1920, como Paisagem com Carro de Boi, pertencentes à Pinacoteca do Estado de São Paulo, pela movimentação curva da estrada e a árvore retorcida, remetem a composições românticas, o que indica conhecimento da tradição e sua recusa à pintura de observação.
Em meados dos anos 1930, Alfredo Volpi se aproximou do Grupo Santa Helena. Formado por Francisco Rebolo, Mário Zanini, Fulvio Pennacchi e Bonadei, entre outros, o grupo foi dominado pelo crítico Sérgio Milliet (1898-1966), pois alugavam salas para escritórios de pintura e decoração no edifício Santa Helena, na Praça da Sé.
Volpi não chegou a se instalar no local, mas participava de excursões para pintar os subúrbios e de sessões de desenho com modelo vivo junto ao grupo. Em 1936, tomou parte na formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo.
No mesmo ano, expôs com o Grupo Santa Helena. Em 1937,Volpi conheceu o pintor Ernesto de Fiori (1884-1945), recém-chegado da Itália, que foi muito importante no desenvolvimento de sua pintura.
Com De Fiori ele aprendeu que o assunto da pintura e suas possibilidades narrativas não eram tão importantes quanto seus elementos plásticos e formais. Certas soluções, como o uso de cores vivas, foscas e um tratamento mais intenso da matéria pictórica, foram temas de diálogos com o artista ítalo-alemão.
A partir de 1937, o artista começou a participar dos Salões da Família Artística Paulista (FAP), organizado por Rossi Osir, pintor que reunia um grupo heterogêneo de artistas e intelectuais para conversar sobre arte.
Sem abandonar o trabalho de decoração de paredes, Volpi iniciou em 1939 a série de marinhas e paisagens urbanas realizadas em Itanhaém, litoral de São Paulo. Nessa época conheceu o pintor naïf Emídio de Souza, de quem adquiriu algumas telas.
No início da década de 1940, seu trabalho passou por uma rigorosa simplificação formal, mas a perspectiva sugerida no quadro não chegou a representar a recusa da planaridade da tela.
Em 1942 Alfredo Volpi se casou com Benedita da Conceição (Judith), e dois anos após essa data o pintor realizou sua a primeira exposição individual, na Galeria Itá, em São Paulo, e participou de uma coletiva organizada por Guignard, em Belo Horizonte.
Na passagem da década de 1940 para os anos 1950, o artista inseriu à suas pintura uma textura rala, feitas a têmpera, como em Casa na Praia (Itanhaém), pertencente ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP).
Nesse período, o caráter construtivo de sua pintura se afirmou entre os planos das fachadas, telhados e paisagem. Em 1950, Alfredo viajou para a Europa com Zanini e Rossi Osir. Ao passar por Paris, se instalou em Veneza e fez visitas a Pádua para ver o afresco de Giotto (ca.1266 – 1337) na capela dos Scrovegni.
Seu interesse por pintores pré-renascentistas confirmou algumas soluções pictóricas que havia alcançado em seu trabalho. Volpi encontrou na obra de Paolo Uccello (1397 – 1475) jogos de ilusão em que ora o fundo se opunha à figura e a projeta para a frente, ora ambos se entrelaçavam na superfície da tela. Volpi construiu assim um espaço indeterminado que permitiu o surgimento de uma estrutura fluida, ressaltada pela têmpera, e uma forte vontade de ordenação.
Ao participar das três primeiras Bienais Internacionais de São Paulo e, em 1953 dividir com Di Cavalcanti o prêmio de Melhor Pintor Nacional, Volpi criou a série das fachadas com bandeirinhas de festa junina, que, mais que um motivo popular, se tornaram elementos compositivos autônomos.
Participou, em 1957, da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, mas nunca se prendeu ao rigor formal do movimento. Em 1958 realizou, no Rio de Janeiro, uma retrospectiva em que foi aclamado por Mário Pedrosa como “o mestre brasileiro de sua época”. No mesmo ano, pintou afrescos para a Capela da Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, e telas com temas religiosos.
Nos anos 1960 e 1970 as composições de bandeirinhas foram intercaladas a mastros com grandes variações de cores e ritmos, a técnica da têmpera lhe permitiu renunciar à impessoalidade do uso de tintas industriais e do trabalho automatizado e mecânico, do qual os artistas concretistas se aproximavam.
A prática artesanal se tornou para Volpi uma resistência à automatização e, simultaneamente, era uma afirmação de seu lirismo ao invés de reiteração ingênua do gesto. A trajetória original e isolada de Volpi foi dos anos 1910 até meados dos anos 1980.
Em 1898, Alfredo Volpi chegou em São Paulo, vindo de Lucca, na Itália. Tinha apenas um ano e meio de idade. Nunca se naturalizou, jamais procurou mestres ou instituições de ensino e até o fim da vida não conseguiu dominar o português, falando com bastante sotaque e trocando palavras da língua portuguesa pela italiana.
Embora fosse da mesma geração dos modernistas, Volpi não participou da Semana de Arte Moderna de 1922. Dela estava separado, em primeiro lugar, por uma questão de classe social.
Imigrante humilde, lutava arduamente pela vida no momento em que os intelectuais e os patronos da “Semana” a realizaram. Era um simples operário, um pintor/decorador de paredes, que pintava os ornamentos murais, frisos e florões usados nos salões dos palacetes da época.
Acima de tudo, esse dado tem uma importância simbólica. Mostra que a trajetória de Volpi foi desde sempre independente de qualquer movimento, tendência ou ideologia.
De família simples, era o terceiro de cinco filhos de Giusepina e Ludovico, que montaram um pequeno empório de queijos e vinhos perto de onde moravam, no bairro do Cambuci, Zona Sul de São Paulo. Começou a trabalhar cedo, aos 12 anos, numa gráfica. Com o primeiro salário, comprou uma caixa de aquarelas.
Antes de se tornar artista, exerceu as mais vários ofícios para se manter: foi marceneiro, encadernador, tipógrafo e decorador de fachadas.
Auto-didata, Volpi começou, na juventude, fazendo pequenas e tímidas telas do natural, nas quais às vezes se nota um toque impressionista. Na década de 30, sua pintura adquiriu um sabor claramente popular – embora tenha permanecido, ao mesmo tempo, paradoxalmente, sempre concisa, sem a menor prolixidade nem retórica.
Foi a década de 40 que marcou sua decisiva evolução em direção a uma arte não representativa, não mimética, independente da realidade contemplada.
Na década de 30, Volpi integrou o círculo de artistas do Grupo Santa Helena, que reunia artistas descendentes de italianos, como Mario Zanini, Bonadei e Humberto Rosa.
Todos eram de origem social modesta e tratavam a arte quase como hobby, além de apresentar uma perspectiva diferente para os rumos da pintura pós-Semana de 22. Os encontros aconteciam no Palacete Santa Helena, antigo edifício localizado na Praça da Sé, onde invariavelmente pintavam modelos vivos.
Dos anos 60 em diante, Volpi fez uma síntese única entre arte figurativa e abstrata. Seus quadros admitiam uma leitura figurativa (nas “fachadas”, nas famosas “bandeirinhas”), mas eram, essencialmente, apenas estruturas de “linha, forma e cor” – como ele mesmo insistia em dizer.
No início da década de 40, viajou com frequência para Itanhaém, litoral sul de São Paulo, para realizar uma série de pinturas de paisagens marinhas.
Sua primeira exposição individual foi acontecer somente em 1944, quando tinha 48 anos. A galeria que a abrigou foi a extinta Itá, que se localizava na então glamurosa Rua Barão de Itapetininga, no Centro de São Paulo. Todas as suas obras foram vendidas – uma delas, de tema marítimo, foi comprada por outro ilustre, o escritor e historiador Mário de Andrade.
Em 1950, Alfredo Volpi foi convidado a participar da 25ª Bienal de Veneza. Era a primeira e única vez que voltava ao país natal, a Itália. Encantou-se com os afrescos em têmpera de Giotto, realizados em 1305 na capela de Scrovegni, em Pádua. Voltou cerca de dezesseis vezes para apreciar as obras de arte de seu conterrâneo, morto no século XIV.
Morou com os pais até se casar em 1942 com Benedita da Conceição, uma garçonete cujo apelido era Judite, seu amor da vida inteira. Foi ela a inspiração da tela Mulata, de 1927. Viveram juntos até a morte dela, em 1972, e tiveram uma filha, Eugênia Maria — e adotaram outros dezenove.
Em 1988, dois anos antes de morrer aos 92 anos, Volpi ganhou uma retrospectiva de sua obra (contabilizada em cerca de 3 000 telas) no MAM, em São Paulo.
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